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Programa Nuclear entra em greve!

Quem destruirá os submarinos brasileiros?
publicado 15/03/2018
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Transferência de seção do futuro submarino Riachuelo, na base naval de Itaguaí-RJ, em 15/I/2018 (Divulgação: Marinha do Brasil)

O Conversa Afiada reproduz nota dos trabalhadores da Amazul:

Greve na Amazul entra no 2º dia e trabalhadores lançam manifesto

Os funcionários da Amazul iniciaram hoje seu segundo dia de greve. Na capital paulista, são 70 trabalhadores e trabalhadoras mobilizados na portaria da sede administrativa da empresa.

Em Iperó-SP, os empregados seguem concentrados na portaria do Centro Experimental Aramar (CEA). Durante assembleia nesta manhã, os 200 profissionais presentes deliberaram pela continuidade da greve e aprovaram um manifesto relatando o tratamento recebido pelo Governo Federal.

Confira abaixo a íntegra do manifesto.

O dia 13 de março de 2018 foi um dia de marco histórico na página da empresa Amazul. Cabe aqui fazer um breve histórico do porquê a Amazul foi criada.

Após a defasagem vergonhosa de salário que os trabalhadores da antiga Engeprom recebiam, o Governo Federal resolveu criar a Amazul e reenquadrar os antigos trabalhadores da Engeprom com salários mais dignos, tendo como um dos seus lemas a afirmação de que seu maior patrimônio são as pessoas, com promessas de que não mais seriam desvalorizadas como eram.

No entanto, a realidade se mostrou diferente. Hoje, após quatro anos da criação da Amazul, as perdas salariais já somam mais de 11% e somando-se a atual proposta da empresa, essa defasagem aumentará ainda mais.

É fato que todos que estão se manifestando em greve, direito legítimo garantido pela constituição, estão fazendo não por questões próprias, mas sim em virtude da empresa e do governo federal que insistem em desvalorizar os trabalhadores com mais uma proposta vergonhosa de retrocesso salarial.

Devemos lembrar que o Projeto Nuclear da Marinha (PNM), Projeto do Submarino de Propulsão Nuclear (Prosub) e Projeto Nuclear Brasileiro (PNB) têm impacto direto na política internacional brasileira, já que somente 12 países detém o ciclo completo do enriquecimento do urânio e o Brasil faz parte desse seleto grupo e tal posição passa por esses trabalhadores.

Os bilhões que já foram investidos no projeto tampouco representam a fatia que chega até a mão desses trabalhadores e trabalhadoras. É relevante aqui ressaltar que o projeto acontece simultaneamente em dois estados, São Paulo e Rio de Janeiro, e três cidades, São Paulo Capital, Iperó-SP e Itaguaí-RJ.

Muitos trabalhadores e trabalhadoras deixam suas famílias para colocarem-se em risco eminente em contato com material radioativo, manusear produtos e equipamentos de alta periculosidade e gerir um projeto de tamanha complexidade. Logo, sendo mão de obra cada vez mais específica e qualificada, para que projeto nuclear brasileiro tenha efetividade é, no mínimo, razoável que esses trabalhadores e trabalhadoras sejam valorizados.

Os trabalhadores da Amazul merecem respeito e não mais se calarão frente aos retrocessos que esse governo e a empresa insistem em oferecer.

Em tempo: a Amazul - Amazônia Azul Tecnologias de Defesa é uma empresa pública criada pelo governo brasileiro em agosto de 2012. Sua atribuição é desenvolver tecnologias para o programa nuclear brasileiro - como a construção de reatores - e, em especial, sua aplicação para o projeto de submarinos nucleares da Marinha no Brasil.

O Golpe, entretanto, irá entregar o que sobrou do programa nuclear brasileiro ao capital estrangeiro. Com a providencial ajuda do juiz Marcelo Bretas, que condenou o alte. Othon Silva, pai do projeto, ao 43 anos de cadeia.

Se o Brasil já tivesse um submarino nuclear pronto, o presidente ladrão daria um jeito de vendê-lo à General Electric.