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O pobre sabe que Lula é um dos seus!

"Judiciário é cruel e antiético na difamação e destruição de imagens"
publicado 08/09/2017
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Créditos: Ricardo Stuckert

O Conversa Afiada reproduz texto de Dom Orvandil Moreira Barbosa, arcebispo da Igreja Católica Anglicana:

Enfrentar o fenômeno Lula não é questão partidária, mas de honestidade


É possível “ver” Luis Inácio Lula da Silva a partir de três bases: dos pobres, da elite e dele mesmo.

Não é que eu despreze os partidos, de modo algum. Quem minimiza a militância partidária e a luta política só favorece este Estado golpista e o caos, que nos empurra rapidamente ao abismo.

Mas Lula, como evento social, político e cultural de amor ao povo, nacional e internacionalmente, transcende os limites dos partidos.

Honestamente não dá por enfiar o ex presidente e ex torneiro mecânico no mesmo balaio do “todos são iguais”.

Insistir no balaio geral é ser ignorante ou movido por má fé.

A comparação entre Lula nas ruas e estradas, acolhido apaixonadamente pelo povo, pelos artistas, intelectuais, ocupantes de cargos públicos eletivos e lideranças regionais, com outros como Michel Temer, que se refugia no Palácio do Planalto ocupado no planejamento de compra de deputados e de golpes sobre golpes, ou do trânsfuga “prefeito” de São Paulo, João Dória Jr, visado por ovos e outros que vagueiam pelo submundo das pesquisas de opinião, não tem sentido.

Para enxergar melhor esse evento estrondoso e, de certa forma, surpreendente, que repercute no mundo inteiro, é preciso puxarmos um banco para vermos Lula, aliás com orgulho por tratar-se de um irmão brasileiro. Olhá-lo a partir daquelas bases indicadas acima.

A partir do povo que abraça, beija, faz self e grita pelo nome dele com intimidade, para seu ônibus na estrada e exige que desça para com ele ser fotografado é algo que beira quase o mistério.

Em Lula o povo encontra simplicidade no homem mais famoso do mundo, que não se encolhe ao distribuir atos de afeto e carinho com seus irmãos mais humildes e desprezados pela elite cheirosa.

Essa humildade é valor de nossa tradição indígena-afro.brasileira, prenhe de bondade, que se aprende nas religiões que ensinam a amar o próximo e a servi-lo. Esse valor é dominante no inconsciente coletivo e o povo o vê ativo em Lula. Sim, o povo se sente bem com Lula e por ele atendido.

Os humildes sabem que os governos do ex presidente os acolheu com programas sociais inclusivos, coisa que os governantes da elite nunca fizeram. Lula lhes rememora sempre desse projeto.

Sobretudo, o povo mais pisado e desprezado pela elite neoliberal sente Lula como um dos seus, de sua classe. Esse dado é fundamental na identificação classista, que dá esperança de avanços.

Nos seus discursos, Lula se refere ao contraste com a elite cheia de “doutores” e “doutos”, mas que nunca governaram com agenda de interesse do povo. Isso faz muito diferença e na atração que o povo sente pelo seu líder.

Olhar para Lula a partir das elites, então, é que concebe o quanto ele se mistura com o povo e é matéria do mesmo produto.

Enquanto as elites gostam do luxo, do poder para usar o Estado a favor de seus interesses mesquinhos e não sabem se dirigir ao povo, os pobres ouvem seu líder narrar que ele sofreu com enchentes, que muitas vezes acordou com os gatos subindo sobre a cama para se esconder das águas das chuvas.

Os mundos entre os pobres e as elites dominantes e desumanas não são somente diferentes, mas opostas e se negam gritantemente.

O judiciário da elite age seletivamente com os pobres e os seus defensores para condenar, mesmo sem provas. O povo sabe disso. Sabe e não dá ouvidos para os vereditos satânicos do judiciário da elite.

Esse judiciário é cruel e antiético na difamação e destruição de imagens. Quando julga os seus os faz em segredos de justiça. Com o povo e seus aliados, qualquer coisa que sirva de convicção para juízes, promotores, procuradores e policiais da elite é usada como meio de calúnia, chegando ao ponto de elevar as tensões até matar pessoas como aconteceu com Marisa Letícia Lula da Silva.

Os da elite quando olham para Lula o fazem com desprezo, com medo e com ódio. Como não odiariam um presidente cercado por pobres, negros, indígenas, trabalhadores soados e pensadores inteligentes?

Já olhar Lula a partir dele mesmo é compreender um homem que tem a consciência clara de que escapou pessoalmente da morte pela fome, pelo desemprego, pela ditadura, pelas perseguições do judiciário dos poderosos, que matou sua esposa.

Lula sabe-se detentor da compreensão da alma de seu povo.

Se a elite jacta-se de contar com todos os poderes à sua disposição sabe-se incapaz de reunir mais do que uma dúzia em seus auditórios.

Para eles sobram ovos, escrachos e desprezo popular.

Lula sabe-se mobilizador desde suas primeiras experiências sindicais.

Com sua caravana Lula retoma as esperanças e conhecimento do Brasil, feitas pela Coluna Prestes, com conteúdo revolucionário, de repercussão mundial.

Atualiza também as viagens de Getúlio Vargas quando se candidatou a presidente e foi ameaçado pela elite branca e escravocrata de São Paulo. Viajando pelo Brasil no contato com o povo se descontaminou-se do fascismo e se incorporou das grandes aspirações da classe trabalhadora e do espírito nacionalista.

Enfim, a caravana de “Lula, filho do Brasil”, pode se constituir no fator mobilizador de nosso povo diante da elite golpista e seu agachamento para os males sempre repetidos pelo imperialismo americano.

Não tomar conhecimento do que representa Lula nessa marcha e juntá-lo na mesma panela dos golpistas, reacionários e inimigos do povo, é fazer o jogo deles.

Numa conjuntura de imobilidade, desconhecer o fator que une e que faz o povo olhar para si e para o Brasil seria tremenda traição à Pátria.

Abraços críticos aos olhares da elite para Lula e para o povo e abraços fraternos para a marcha com sinais revolucionários.

Dom Orvandil
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