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Moro mandou Dallagnol apurar só 30% da lista da Odebrecht

"Muitos inimigos", disse o Judge...
publicado 15/06/2019
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Do UOL:

Moro orientou Deltan a "ficar com 30%" de delação; juristas veem fato grave


Em conversas divulgadas pelo site "The Intercept Brasil", o ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, orientou o coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol a "ficar com 30%" da delação da empreiteira Odebrecht (veja a transcrição da conversa mais abaixo). Juristas ouvidos pelo UOL consideram o fato grave e defendem investigação das mensagens.

Num diálogo de 15 de dezembro de 2016, quando faltava um dia para serem concluídos os depoimentos de executivos da empreiteira, Deltan Dallagnol, procurador do MP (Ministério Público), listou o cargo de 372 políticos brasileiros na delação. Ele informou para o então juiz Moro que cerca de 30% dos casos eram de crimes de corrupção, 30% de caixa dois e 40%, de uma "zona cinzenta" a ser apurada.

Em resposta, o então magistrado afirmou ser "melhor ficar com os 30 por cento iniciais". E justificou: "Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do MP e Judiciário".

A assessoria do ministro Sergio Moro disse ao UOL que "os acordos com os executivos da Odebrecht foram homologados pelo Supremo Tribunal Federal e a 13ª Vara Federal de Curitiba só recebeu depois do desmembramento dos termos promovido pelo STF.". E acrescentou que "o ministro não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas criminosamente por hackers, que podem ter sido manipuladas, sendo necessário que o site divulgador apresente o material original para análise de sua integralidade".

A reportagem perguntou se o ministro negava especificamente o diálogo abaixo, mas foi informada de que Moro não tem cópia das mensagens e não se recordava, pois as conversas teriam acontecido há mais de dois anos.

O presidente regional da Anacrim (Associação Nacional de Advocacia Criminal), Bruno Espiñera, disse que, mesmo para o Ministério Público, a lei não permite selecionar o que investigar e o que não investigar.

"Com relação ao Ministério Público, se há 100 envolvidos nos fatos, ele tem que investigar os 100. Não pode dizer que 70% tem político ou tem gente com poder grande e não deveria ter investigação." (...)

O diálogo
Quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Deltan - 16:01:03* - Caro, favor não passar pra frente:
Deltan - 16:01:03* - Odebrecht (favor manter aqui): 9 presidentes (1 em exercício), 29 ministros (8 em exercício), 3 secretários federais, 34 senadores (21 em exercício), 82 deputados (41 em exercício), 63 governadores (11 em exercício), 17 deputados estaduais, 88 prefeitos e 15 vereadores
Deltan - 16:01:03* - 62 deputados/senadores em exercício. Com governadores dá 73
Deltan - 16:01:03* - 301 políticos na relação
Deltan - 16:01:03* - Mais 72 políticos estrangeiros
Deltan - 16:04:40 - brasileiros são políticos por cargo que OCUPA, OCUPOU oOU [sic] PARA O QUAL SE CANDIDATOU
Deltan - 16:04:45 - por isso os 9 presidentes

Moro - 17:22:10 - Tudo isso corrupção e lavagem ou muitos casos de cx2?
Deltan - 17:25:21 - Para dizer, teria que olhar um a um. Não temos esse levantamento ainda. Intuitivamente, com base nas leituras e análises: 30% claramente propina: eles e nós reconhecemos 40% zona cinzenta: depende de diligências ou análises 30% claramente caixa 2 e nós concordamos
Deltan - 17:51:34 - As doações via caixa 1 sem indícios de contrapartida não entram nisso. Ficam fora.
Moro - 18:32:37 - Opinião: melhor ficar com os 30 por cento iniciais. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do mp e judiciário.
Moro - 18:32:46 - Reservado obviamente
Deltan- 19:00:34 - [sinal de positivo com as mãos] (...)

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