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Lava Jato atacou filha de investigado para forçar pai a se entregar

"Intercepta ela", disse procurador no grupo do Telegram...
publicado 11/09/2019
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Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) solicitaram duas vezes a Sérgio Moro a abertura de operações contra Nathalie Schmidt Felippe, filha de Raul Schmidt, empresário investigado pela Lava Jato por suposto pagamento de propina a ex-diretores da Petrobras.

A revelação foi feita em novo capítulo da Vaza Jato do Intercept, divulgado nesta quarta-feira, 11/IX.

Raul tem cidadania brasileira e portuguesa. Ele foi detido pela polícia de Portugal pela primeira vez em março de 2016, na 25a fase da Lava Jato. Dias depois, foi liberado para responder ao processo em prisão domiciliar - enquanto isso, o governo brasileiro solicitou sua extradição, para responder às acusações no Brasil.

Em 24/I/2018, a justiça portuguesa emitiu um mandado de prisão contra Raul Schmidt, para que ele fosse entregue às autoridades brasileiras. Entretanto, o empresário não foi localizado: a polícia portuguesa passou a considerá-lo foragido.

Nathalie Schmidt, filha de Raul, era titular de contas no exterior que, segundo as investigações, receberam dinheiro de propina. Entretanto, ela não era suspeita de planejar ou executar qualquer atividade ilícita.

Mesmo assim, os procuradores da Lava Jato solicitaram medidas contra Nathalie em 1o/II/2018: a ideia era que o passaporte da filha do empresário fosse cassado e que ela fosse proibida de deixar o Brasil. Dessa forma, o MPF poderia fazer pressão contra Raul Schmidt, forçando o empresário a se entregar.

A ideia partiu do procurador Diogo Castor de Mattos: "Prezados, gostaria de submeter à analise de todos a questão da operação na filha do Raul Schmidt. (...) Pensamos em fazer uma operação nela para tentar localizá-lo. O que acham?", perguntou ele em um grupo do Telegram.

Outros procuradores concordam em rastrear as ligações do celular de Nathalie: "Intercepta ela", disse Atahyde Costa.

Moro vetou o pedido dos procuradores: "não há provas muito claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção", argumentou.

No dia 3/II, Raul foi encontrado e preso em Sardoal, próximo a Lisboa. Doze dias depois, ele foi novamente solto, para responder em liberdade.

Em 24/V do mesmo ano, os procuradores da Lava Jato apresentaram novo pedido a Moro. Dessa vez, o Judge Murrow topou: a Polícia Federal cumpriu mandato de busca e apreensão na casa de Nathalie, incluindo varredura na casa, nas comunicações e nas contas bancárias.

Os advogados de Nathalie alegam, também que a PF a coagiu a relatar onde o pai estava escondido.

No mesmo dia, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de extradição. A Lava Jato tenta, até hoje, trazê-lo para ser julgado no Brasil.

Leia a reportagem completa no Intercept Brasil.

Em tempo: assista também à entrevista exclusiva do editor-chefe do Intercept, Glenn Greenwald, à TV Afiada: a Lava Jato se perdeu quando Moro virou super-herói.

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