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Ferrajoli: juízes da Mãos Limpas deviam processar o Moro por difamação!

Moro condenou o Lula na Globo!
publicado 21/05/2019
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Ferraiolo: o juiz atacava os seus réus em entrevistas na televisão, antecipando o julgamento (Reprodução/YouTube/Comitato Italiano Lula Livre)

Na terça-feira 14/V, Luigi Ferrajoli, um dos mais renomados juristas do mundo, ex-Ministro da Corte de Justiça da Itália e professor emérito de filosofia do direito da Universidade Roma Tre participou do seminário "Brasil: democracia em crise", em Roma.

Em vinte minutos, Ferrajoli desmascarou o Conge - então Judge Murrow - e mostrou como ele usou o PiG para condenar o Lula.

Expôs, também, o papel do Moro no Golpe dos canalhas e canalhas.

Participaram do seminário também Jessé Souza, Frei Beto, Marcia Tiburi e Rafael Valim (no final deste post, o amigo navegante encontrará um link para assistir às intervenções de todos eles).

O Conversa Afiada oferece uma apresentação não-literal dos principais pontos abordados por Ferrajoli:

- a Constituição brasileira trouxe grandes inovações garantistas de extraordinária importância

- também graças a isso, o Brasil, com Lula e Dilma, conheceu o maior crescimento econômico e, principalmente, a redução drástica da pobreza

- esse sistema constitucional mostrou, porém, uma grande fragilidade: estamos diante de um golpe de Estado institucional e de um processo político contra Lula

- o impeachment contra Dilma, a campanha da imprensa contra ela e Lula, as ameaças dos militares e, por fim, a promoção do juiz Sergio Moro como uma espécie de colaboração premiada, finalizando com sucesso esse golpe de Estado

- o Brasil é um dos países mais caracterizados por uma desigualdade gigantesca

- nos últimos 30 anos essa desigualdade foi reduzida, mas se produziu sobretudo um deslocamento de poder, ou talvez um deslocamento de poder foi ameaçado

- era intolerável que o PT tivesse vencido eleições, que um operário como Lula se tornasse presidente

- essa reação colocou em evidência uma ausência de garantias de primeira geração [na Constituição], as velhas garantias liberais.

- não obstante a fragilidade institucional desse terreno da Constituição, de maneira absolutamente desenvolta violaram as regras também pelo impeachment sem fundamento de Dilma Rousseff

- foi um voto de desconfiança de caráter parlamentar, sem processo, sem prova

- um impeachment infundado

- o processo contra Lula nem é digno de ser chamado de processo. Foi uma violação ainda mais radical da cultura penal do Brasil

- o juiz que iniciou o processo penal foi o protagonista absoluto do assunto

- Moro não só instruiu o processo, mas também promulgou a sentença de primeiro grau. 9 anos! É um modelo totalmente inquisitório. Monólogo. Privado totalmente dos requisitos de imparcialidade e neutralidade

- um juiz que emite um mandado de condução coercitiva, que coleta as provas, que remete a julgamento. Como pode se considerar imparcial?

- não é possível chamar de "processo" aquilo em que um juiz é simultaneamente "tutto uno"

- a ação desse juiz instrutor e julgador foi acompanhada por uma campanha na imprensa, promovida pelo mesmo juiz, que enviava notícias à mídia

- ele disse que tinha como modelo o processo "Mãos Limpas"... Eu acho que os juízes da "Mãos Limpas" deveriam processá-lo por difamação!

- a Mãos Limpas não foi um modelo de garantismo, mas seguramente não é comparável com o que aconteceu no Brasil

- o juiz atacava os seus réus em entrevistas na televisão, antecipando o julgamento

- isso inaceitável! Também o seria se ele simplesmente manifestasse sua própria opinião em privado

- houve um modelo de processo inquisitório também na formulação das provas.

- delatores são mantidos em prisão até que falem contra o Lula. Aí são liberados

- a antecipação do julgamento prossegue inclusive na apelação: o presidente do TRF-4 elogiou o juiz Moro, dizendo que a sentença e o processo eram irretocáveis

- estamos diante de algo que Beccaria chamava de "o processo ofensivo". Ele distinguia o processo propriamente informativo, no qual o juiz era um indiferente pesquisador da verdade, e o processo ofensivo, no qual o juiz "torna-se inimigo do réu e considera o processo um confronto que ele vence se consegue acumular provas, não importa se incorretamente, para obter a condenação do réu"

- não era possível, ou talvez não fosse conveniente, um Golpe de Estado militar. Lula era muito popular e o objetivo era primeiro jogar sua imagem na lama. Era necessária uma campanha direta para transformá-lo numa pessoa corrupta, para difamá-lo.

- Vivemos uma crise na qual a Democracia não é ameaçada por um Golpe militar, mas por uma aliança perversa entre o populismo e o liberalismo

- nos encontramos diante da autocracia elegível. À autocracia elegível se pede somente uma coisa: o "mercado". Esse verdadeiro soberano, invisível, irresponsável. E a autocracia elegível pede, na política, a sua onipotência na relação com a sociedade. Disciplinar a sociedade. Uma onipotência que é a condição de sua impotência na relação com o mercado. Essa é uma perversa aliança.

- é nosso dever chamar as coisas pelo nome. Isso significa chamar de crime a omissão de socorro no confronto com milhares de imigrantes, crime de sistema. Chamar pelo seu nome a violação radical do Estado de Direito, o que está acontecendo e aconteceu no Brasil.

- o exemplo das armas: a Itália é um dos países mais seguros do mundo, porque ninguém anda armado. Incentivar a compra de armas é fazer explodir a violência. No Brasil são 66 mil mortes por ano, e o mesmo acontece nos EUA.

Em tempo: clique aqui e acesse a lista com os vídeos dos demais participantes do seminário

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