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Facebook exclui rede pró-Bolsonaro

E desmonta um império apoiado... pelo Frota
publicado 22/10/2018
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O império bolsonário no Facebook (com o apoio do Frota, à E) superava até o Neymarketing em alcance (Reprodução/YouTube)

Por Luiz Fernando Toledo, no Estadão:

Facebook removeu nesta segunda-feira, 22, um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a maior rede pró-Bolsonaro da internet. Segundo a empresa, os donos dessas páginas, controladores de um grupo chamado Raposo Fernandes Associados (RFA), violaram as políticas de autenticidade e spam ao criar contas falsas e múltiplas contas com os mesmos nomes para administrar os grupos. O conteúdo compartilhado pelas páginas não teve influência sobre a decisão do Facebook.

Juntas, essas páginas tinham mais engajamento na internet do que jogadores e artistas mundialmente famosos, como Neymar, Anitta e Madonna.

O caso veio à tona após o Estado publicar reportagem revelando uma investigação sobre a RFA em parceria com a ONG internacional Avaaz. A matéria mostrou como um casal - o advogado formado pela USP Ernani Fernandes e sua mulher, Thais Raposo - montou um “império” de páginas e sites com apoio de conhecidas figuras conservadoras no País, como Alexandre Frota e Marcello Reis, do Revoltados Online. O Facebook investigava a rede há meses em sigilo.

No dia 12 deste mês, o Estado revelou que, somente nos últimos 30 dias, os endereços dessa rede pró-Bolsonaro alcançaram 12,6 milhões de interações no Facebook – ou seja, o total de reações a postagens, comentários e compartilhamentos. Mais de 16 milhões de usuários seguem essas páginas. Nos mesmos 30 dias, o jogador Neymar acumulou 1,1 milhão de interações, a cantora Anitta conseguiu 574,8 mil e Madonna, 442,5 mil.

“Autenticidade é algo fundamental para o Facebook, porque acreditamos que as pessoas agem com mais responsabilidade quando usam suas identidades reais no mundo online. Por isso, exigimos que as pessoas usem seus nomes reais  e também proibimos spam, uma tática geralmente usada por pessoas mal intencionadas para aumentar de maneira artificial a distribuição de conteúdo com o objetivo de conseguir ganhos financeiros”, diz a nota do Facebook.

A empresa que administra o grupo é a Novo Brasil Empreendimentos Digitais Ltda, de propriedade do advogado Ernani Fernandes Barbosa Neto e de Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves. As páginas da rede são sempre identificadas com a sigla RFA na descrição.

Embora se declarasse como independente, a rede administrava endereços como 'Apoio a Jair Bolsonaro' e, durante a divulgação dos resultados do primeiro turno, comemorou nas páginas vitórias como as dos candidatos Eduardo Bolsonaro e Janaina Paschoal, ambos do PSL.

"Este é um grande alerta para as plataformas de rede social, para o Tribunal Superior Eleitoral e para o Congresso. A rede  RFA era mais do que o dobro do que pensávamos, e as evidências sugerem que há muitos outros atores maliciosos inundando as mídias sociais com mentiras para influenciar as eleições. Essa enorme ameaça à nossa democracia exige uma resposta massiva. O Facebook deve alertar todos que tiveram contato com essa teia de mentiras e emitir correções imediatamente ”, disse o coordenador da Avaaz, Diego Casaes.

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