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Estudantes e professores vão às ruas contra Alckmin

Eles prometem barrar a 'desorganização' do governador
publicado 22/10/2015
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Na Rede Brasil Atual:

Estudantes e professores prometem barrar, nas ruas, a 'desorganização' de Alckmin

Ao classificar de 'criminosa' a ideia do governo tucano, comunidade escolar quer debater alternativas para melhorar o ensino. Nesta sexta, haverá nova passeata na Paulista

por Cida de Oliveira, da RBA

São Paulo – Reunidos em audiência pública na tarde de ontem (21), na Assembleia Legislativa de São Paulo, professores, estudantes, pais e parlamentares prometeram intensificar mobilização contra o projeto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de reestruturação das escolas por ciclo e fechamento de centenas de outras em todo o estado.

Desde que o projeto foi anunciado, em 23 de setembro, estudantes e professores começaram mobilizações nas escolas e nas ruas, movimento que vem crescendo com apoio de pais e da população em geral e levou a Defensoria Pública e o Ministério Público a exigirem esclarecimentos do governador e de seu secretário da Educação, Herman Voorwald. Os órgãos dependem de um fato concreto – a implementação da medida – para entrar com ação civil pública.

Deputados de oposição ao governo que compõem a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, entre eles Carlos Giannazi (Psol) e João Paulo Rillo (PT), estão realizando audiências públicas pelo interior, como Campinas, Araraquara e Sorocaba. A da capital será realizada no próximo dia 27, às 14h, no Legislativo paulista.

De acordo com Rillo, já foi protocolado requerimento para convocando o secretário Herman Voorwald à audiência.
Contramão

O estudante Vitor Cerqueira Santana, 16 anos, aluno do 1º colegial da Escola Estadual Padre Saboia de Medeiros, na Chácara Santo Antonio, mora na comunidade Real Parque, próximo ao Morumbi. Pega duas conduções para ir à escola e outras duas para voltar. Com o fechamento do Saboia, terá de ir estudar numa escola que nem sabe onde fica, na Vila Cordeiro. "No Saboia, a maioria dos alunos mora no Real Parque e vai precisar estudar longe, com mais condução para pegar. É grande a mobilização desde que disseram que a escola vai fechar", conta.

Os estudantes passaram a se organizar. "Criamos páginas e grupos nas redes sociais para discutir isso com mais gente, chamar mais pessoas para a nossa mobilização. Sexta-feira tem outro ato na Paulista. Vamos sair todos da escola pela manhã", diz.

O professor de Geografia Maurício Costa, da Escola Estadual Calhim Manoel Abud, na Vila California, na zona sul da capital, lembrou que o fechamento de escolas, que considera "criminoso", não entra na propaganda dos candidatos a um cargo público.

"Todos defendem a educação, que logo some do debate. Mas agora, com a ameaça de fechamento de escolas, principalmente nas periferias, onde são praticamente os únicos espaços públicos para cultura e esporte em muitos casos, é o momento para a educação voltar ao debate. E ver meus alunos mobilizados é o a maior presente que já ganhei", diz.

Costa, que leciona também na rede privada, diz que a discussão pedagógica ali é justamente a integração entre os professores e entre alunos de diversos níveis como caminho para aprimorar a educação.

"E o governo, ao querer separar, dá mais uma demonstração de estar na contramão.  Tenho certeza de que se intensificarmos a mobilização, vamos dar um passo adiante para debater a educação com a comunidade, a educação que precisamos e queremos. Esse é o momento".
Ajuste fiscal de Alckmin

Em sua crítica ao projeto do governador, o deputado Carlos Giannazi, que convocou a audiência, destacou o caráter econômico – e não pedagógico – da medida. "Essa 'reestruturação' sequer consta do Plano Estadual de Educação do governo que tramita na Assembleia. Imposta às pressas, sem ouvir ninguém, resulta do ajuste fiscal do governo, penalizando ainda mais a educação, que já sofre com tantos cortes."

Conforme o parlamentar, a atual medida é ainda mais grave do que a primeira, levada a cabo no governo Mário Covas – Alckmin era o vice-governador –, que fechou escolas, demitiu professores e levou à superlotação. Entre as escolas fechadas, segundo ele, há uma atrás do aeroporto de Congonhas, na capital, que deu lugar a uma companhia da Polícia Militar. "De tão mal-sucedida que foi essa 'reorganização' é que a população está assim mobilizada, surpreendendo o governo."

Para Giannazi, o governo também demonstra desprezo pelos laços que a população cria com a escola, que passa a fazer parte de sua vida. "Por isso a ameaça mexe com todos, com pais, alunos e professores. A pressão sobre o governo aumenta, que por sua vez pressiona os deputados da base a defender o projeto em suas cidades, reproduzindo o discurso da finalidade 'pedagógica' da medida."

O diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Pedro Paulo Vieira de Carvalho chamou de "nefasto" tanto os métodos do governo como o conteúdo da medida. "O governo fala apenas em números e cifras e não pensam nos alunos e professores. Esquecem que nos dois últimos anos vieram mais de 500 mil alunos da rede privada. Vão superlotar ainda mais as turmas com esse fechamento criminoso de salas, imposto sem ouvir a comunidade. Por isso vamos ocupar a Paulista novamente."
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