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Em nota, policiais antifascismo alvos do governo dizem que "não vão recuar"

"Nem um milímetro"
publicado 28/07/2020
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(Marcos Corrêa/PR)

Alvo de um dossiê sigiloso produzido pelo Ministério da Justiça, o grupo dos "Policiais Antifascismo", formado por cerca de 500 agentes, divulgou nota pública nesta terça-feira 28/VII na qual garante que não recuará "um só milímetro". O grupo comparou a perseguição por parte do governo a ações de repressão durante a ditadura militar.

"Nós, membros do Movimento Policiais Antifascismo, não recuaremos um só milímetro. E conclamamos os trabalhadores e as trabalhadoras e as entidades democráticas do país a repudiar qualquer forma de perseguição politico-ideológica!", diz a nota do grupo.

"Para nós, não é demais lembrar que a construção de um Estado Policial que persegue servidores públicos, trabalhadores e intelectuais sempre configurou, ao longo da história, um modelo político voltado para o terrorismo de Estado", prossegue o texto.

Os policiais dizem ainda que "enquanto trabalhadores que compreendem que liberdade de pensamento e de associação não são crimes, enxergamos como inadmissível o fato de ainda existirem, no seio do Estado democrático de direito, estruturas governamentais que se prestam a reeditar ações similares às dos não memoráveis DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna), se afigurando enquanto instrumentos de perseguição política a opositores, financiados com recursos do povo brasileiro".

Mais cedo nesta terça, o procurador regional dos Direitos do Cidadão Enrico Rodrigues de Freitas estabeleceu o prazo de 10 dias para que a Secretaria de Operações Integradas (Seopi), subordinada ao Ministério da Justiça, preste informações sobre a produção de relatórios sigilosos sobre opositores de Jair Bolsonaro.

Entre eles, está um dossiê contra 579 servidores federais e estaduais da área de segurança e professores identificados como integrantes do "movimento antifascismo".

A Seopi foi criada na gestão de Sergio Moro para, supostamente, integrar operações policiais contra o crime organizado, redes de pedofilia, homicidas e crimes cibernéticos. Com a substituição de Moro por André Mendonça, porém, a secretaria ganhou novas atribuições, segundo reportagem do Estadão.

Após tomar posse, Mendonça nomeou um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal para comandar a secretaria e, cerca de um mês depois, teria solicitado uma investigação completa de movimentos que poderiam colocar em risco a "estabilidade política do atual governo".