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Dersa (do Santo!) tem R$ 15 bi em contratos suspeitos

Testemunha diz que presidente mandou triturar documentos
publicado 02/07/2018
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Do Globo Overseas:

Envolvida na Lava-Jato, Dersa tem R$ 15 bilhões em contratos suspeitos


Estatal responsável por grandes obras viárias em São Paulo, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário) tem pelo menos R$ 15 bilhões de contratos firmados nos últimos dez anos sob suspeita de corrupção, segundo investigações da Operação Lava-Jato. O valor é mais da metade dos investimentos coordenados pela empresa. Investigada nos últimos anos por questões menos barulhentas, como desapropriações, a Dersa agora é foco de denúncias de desvios praticados por ex-gestores.

Estão sob suspeita os quatro maiores projetos da empresa, entre eles o do Rodoanel Mário Covas. Iniciado há 20 anos com orçamento de R$ 9,9 bilhões e previsão de ficar pronto oito anos depois, o Rodoanel ainda não foi concluído e já custou R$ 19,7 bilhões. A prisão dos dois últimos diretores de engenharia da empresa — Paulo Vieira de Souza e Laurence Casagrande Lourenço — chama a atenção para apuração de desvios que alcançam os governo do PSDB em São Paulo, sob as gestões de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin.

Desde 2009, o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu 90 inquéritos para investigar contratos da Dersa. Os que chegaram à Justiça se limitam a discutir pequenos valores de desapropriações. Contudo, depoimentos de delatores da Lava-Jato, especialmente ex-executivos da Odebrecht, mostraram haver na Dersa cenário que lembra o que ocorreu na Petrobras: interferência política, doleiros, operadores financeiros para lavar dinheiro e agentes públicos suspeitos de gerenciar cartéis de empreiteiras.

O principal suspeito é Paulo Vieira de Souza, citado por pelo menos dez colaboradores da Lava-Jato. Ele é associado a pedidos de vantagens ilícitas e doações a campanhas tucanas atreladas às obras do Trecho Sul do Rodoanel, à ampliação da Marginal Tietê e à construção do complexo Jacu-Pêssego. Somadas, as obras custaram R$ 8,9 bilhões.

Souza é conhecido como operador do PSDB em campanhas eleitorais. Preso, mas solto duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele também é investigado por manter R$ 113 milhões em contas na Suíça. No último dia 21, o seu sucessor no cargo, Lourenço, foi detido, suspeito de desviar recursos nas obras no Trecho Norte do Rodoanel, orçado em R$ 9,8 bilhões. A suspeita é que os desvios ultrapassaram R$ 600 milhões. (...)

E do Jornal do Brasil:

Testemunha diz que ex-presidente da Dersa mandou 'triturar documentos'


Ao decretar a prisão preventiva do ex-secretário de Transportes e Logística, Laurence Casagrande Lourenço, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, citou o depoimento de uma testemunha que revelou supostas ordens para "triturar documentos". O ex-chefe da pasta, que chegou a presidir a Dersa, é alvo da Operação Pedra no Caminho, investigação sobre desvios de R$ 600 milhões do Rodoanel Norte. A magistrada ordenou também a custódia por tempo indeterminado do ex-diretor da Dersa Pedro da Silva.

Na decisão, a juíza cita o depoimento de uma testemunha "que trabalhou como secretária pessoal de Laurence Casagrande por sete anos até sua exoneração em 2018".

"Revelou que o investigado determinou que documentos fossem triturados ou o fez pessoalmente", relata Maria Isabel do Prado.

Segundo a juíza, Pedro da Silva "figurou como um dos principais e mais influentes integrantes da organização criminosa no cargo de diretor de Engenharia da Dersa, somente subordinado a Laurence Casagrande". (...)

Em tempo: Santo é o ex-governador Geraldo Alckmin na lista de alcunhas da Odebrecht. Saiba mais no afiadíssimo ABC do C Af.