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Chanceler Araújo ameaça deixar o Mercosul

E teme protestos contra Bolsonaro...
publicado 25/11/2019
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"O morcego voa, mas não é pássaro. A baleia nada, mas não é peixe", diz o chanceler Ernesto Araújo... (Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em entrevista ao repórter Daniel Rittner, do Valor - aqui no Conversa Afiada também conhecido pelo apelido "PiG cheiroso" - o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo - aquele que comparou Bolsonaro a Jesus Cristo e declarou guerra às estátuas do Itamaraty - admitiu que o governo Bolsonaro trabalha com a possibilidade de retirar o Brasil do Mercosul, a depender de como o novo governo de Alberto Fernández na Argentina irá tratar as questões de diplomacia e comércio exterior.

"Estamos nos preparando para diferentes cenários", diz o chanceler, antes de admitir a possibilidade de ruptura no bloco. "Aparentemente há na Argentina uma visão profunda que vai contra os postulados básicos do Mercosul".

O próprio presidente Jair Bolsonaro já havia feito a mesma ameaça em agosto.

"Na nossa transição, no fim do ano passado, houve dúvidas sobre a utilidade do bloco. Apostamos no Mercosul e isso vinha dando certo com a Argentina do Macri", diz Araújo, em referência a Maurício Macri, o presidente neoliberal derrotado pela chapa de esquerda nas eleições de outubro último.

Para Ernesto Araújo, a vitória de Alberto Fernández é parte do plano maléfico da esquerda para retornar ao poder na América do Sul!

Fazem parte do mesmo grande plano os protestos na Colômbia, no Chile e no Equador - e até mesmo as manifestações no Paraguai, no final de agosto, que quase derrubaram o presidente Mario Benítez, aliado de Bolsonaro.

Segundo o ministro Araújo, os protestos acontecem não porque o povo está cansado do neoliberalismo, das políticas de austeridade, dos tarifaços, da pobreza extrema - mas sim por obra dos comunistas bolivarianos malvados!

Ele também declarou ter medo, assim como o presidente Bolsonaro, de que a onda de insatisfação chegue também ao Brasil: "não podemos descansar um minuto diante dessa possibilidade", afirmou.

Mas... Se a América Latina inteira está sob influência da nefasta esquerda, como podemos explicar o Golpe e a matança na Bolívia, com a renúncia do presidente Evo Morales e a formação de um governo provisório fundamentalista?

Trata-se de uma exceção que confirma a regra, diz o chanceler: "nada é tão geométrico. O morcego voa, mas não é pássaro. A baleia nada, mas não é peixe", conclui.

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