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Bolsonaro pisa na memória de vítima da ditadura

"Se o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu, eu conto"
publicado 29/07/2019
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O cel. Brilhante Ustra, segundo Aroeira

O presidente Jair Messias atacou Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 29/VII.

"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse Bolsonaro a jornalistas.

Felipe Santa Cruz é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, militante da Ação Popular (AP), um grupo de oposição ao regime militar. Em 23 de fevereiro de 1974, Fernando foi levado por agentes do DOI-CODI e nunca mais foi visto.

Ele tinha 25 anos. Seu filho Felipe tinha apenas dois anos.

"Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro", completou Jair Messias.

Fernando não era ligado à luta armada.

Apesar de apelos da família, da Igreja Católica e de entidades como a Anistia Internacional e a Organização dos Estados Americanos (OEA), o governo militar não revelou o paradeiro de Fernando Santa Cruz.

Segundo Cláudio Guerra, ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em depoimento ao livro Memórias de uma Guerra Suja, o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de cana de açúcar em Campos, no norte do estado do Rio de Janeiro.

Em 2011, Bolsonaro afirmou em palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF) que Fernando teria morrido "bêbado". O militante desapereceu em um sábado de carnaval.

Felipe Santa Cruz é presidente da OAB desde janeiro de 2019. Entre 2013 e 2018, foi presidente da OAB-Rio. Em abril de 2016, a organização solicitou ao STF a cassação do mandato de Jair Bolsonaro por apologia à tortura.

Jair Messias, então deputado federal, dedicou ao torturador Brilhante Ustra seu voto pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

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