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Bachelet: "às vezes, as pessoas elegem os não democratas"

Senador chileno quer dar título de "persona non grata" a Bolsonaro
publicado 05/09/2019
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A admiração de Bolsonaro por Pinochet vem de longa data... Em 2006, quando deputado federal, ele demonstrou seu luto pela morte do ditador chileno com uma faixa em seu gabinete (Reprodução: Limpinho e Cheiroso)

A ex-presidente do Chile a atual comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, respondeu, no fim da tarde de ontem (4/IX), às ofensas de Jair Bolsonaro.

Ontem, em Genebra, Suíça, Bachelet se mostrou preocupada com o aumento da violência policial no Brasil. "Nos últimos meses, temos visto um encolhimento do espaço cívico e democrático no Brasil", disse.

Logo em seguida, Jair Messias recorreu ao Facebook para atacar a ex-presidente chilena: "Diz que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época."

Alberto Bachelet, pai da ex-presidente, era general da Força Aérea Chilena.

Ele se opôs ao golpe militar dado por Augusto Pinochet (um ídolo bolsonário) em 11/IX/1973, contra o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende.

Por isso, o gal. Alberto Bachelet foi preso e torturado pelo regime de Pinochet. Morreu na prisão, em fevereiro de 1974, aos 50 anos de idade.

O ataque covarde gerou mais uma crise diplomática para o governo Bolsonaro.

O atual presidente do Chile, Sebastián Piñera - opositor a Bachelet e um dos principais aliados do Jair Messias na América Latina - repudiou as ofensas, assim como o presidente do Senado chileno, Jaime Quintana.

Outro senador, Alejandro Navarro, exigiu uma resposta mais enérgica do governo chileno: solicitou que Bolsonaro seja declarado persona non grata - portanto, que o Jair Messias não seja bem-vindo no território do Chile.

Bachelet, em um seminário em uma universidade em Genebra, foi questionada por um estudante sobre como lidar com chefes de estado que defendem ditaduras e violações de direitos humanos - o interlocutor citou, como exemplo, um certo presidente que a havia atacado nas redes sociais, sem mencionar o nome de Bolsonaro.

"A democracia não é perfeita. Mas é o melhor que temos", disse Michelle Bachelet.

Ela continuou:

"Sem mencionar ninguém, às vezes, em alguns países, por vias democráticas, as pessoas elegem pessoas que não são democratas, que não acreditam em direitos humanos, que são racistas. O fato é que isso não estava escondido. Durante a campanha eleitoral, eles disseram tudo aquilo e as pessoas o elegeram. Portanto, a democracia não é perfeita".

A ex-presidente afirmou, também, que não iria responder diretamente a Bolsonaro.

"Existem lideres que não acreditam em direitos humanos. Eles podem até vir na ONU e fazer um discurso maravilhoso. Existem pessoas que dizem que não houve ditadura, que não houve tortura, quando é claro que houve ditadura e tortura. Alguns países querem comemorar o golpe de estado...", disse Bachelet.

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