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As múltiplas togas do ministro Gaspari-Toffoli

Xavier: é bandido contra bandido. Não há mocinhos
publicado 17/03/2019
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Conversa Afiada publica sereno (sempre!) artigo de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:

Após “condenar Lula à morte”, Justiça quer posar de honesta

É bandido contra bandido. Não há mocinhos.

Romero Jucá, líder de qualquer e todos os governos, cantou a bola faz tempo. “Precisamos estancar a sangria, com o Supremo e tudo”. Referia-se à enxurrada de denúncias contra políticos promovida pela Lava Jato. Sobre o processo fraudulento, farsesco mesmo, contra o principal deles, Lula, nem um pio.

Dito e feito. Lula está encerrado numa solitária, tratado como um Marcola ou Fernandinho Beira-mar. Ele e sua família vêm sendo humilhados há anos sem dó nem piedade por togados de qualquer instância, mas sempre de quinta categoria. Tudo escumalha do mundo do Direito. Puseram até um de seus representantes em ministério, também chamado entre o povo de filial do “escritório do crime” miliciano. O silêncio sobre Lula continua igual

Procuradores e falsos Torquemadas gostaram da brincadeira e resolveram ir em frente com a “sangria”. Aí o pessoal da roubalheira grossa, da manipulação de sentenças e do favorecimento dos poderosos decidiu reclamar. Para o presidente do supreminho, José brilhantina Toffoli, está em curso “um assassinato de reputações [...] impulsionado por interesses escusos e financiado sabe-se lá por quem” (O Estado, 16/03).

Mesmo no Brasil, tudo pode ter limite algum dia. Menos a hipocrisia. No quesito, Toffoli já é candidato ao troféu “personalidade do ano” daquele jornal que todos conhecem.

Durante anos, a dita Lava-Jato promoveu uma operação arrasa-quarteirão no Brasil. Sempre com o apoio entusiasmado e cumplicidade do supreminho e do mundo da política bastarda.

Destruiu empresas, desempregou dezenas de milhares de trabalhadores e, sobretudo, cumpriu seu papel principal: eliminar da vida política o maior líder popular que o país já produziu, candidato imbatível em eleições e símbolo de mudanças sociais, mesmo tímidas, mas inéditas num país como o Brasil.

Foi esta manada de aprendizes de direito (com caixa baixa) que capinou o terreno para derrubar uma presidenta legítima, destruir direitos dos assalariados e fritar em fogo alto a soberania nacional. Foi ela também cabo eleitoral desta aberração com aparência de hominídeo chamada Jair Bolsonaro.

De repente, Toffoli descobre um "assassinato de reputações financiado não se sabe por quem". Aparentemente laborófobo, não deve ter lido as inúmeras reportagens dando conta da máquina de mentiras eletrônica montada pelo trio Bannon-Bolsonaro-Trump para tirar o candidato de Lula das eleições.

Nomes, situação, montantes de dinheiro –está tudo registrado em reportagens magistrais da jornalista Patrícia Campos Mello. Já no caso de Lula, bastou uma notícia mentirosa do jornal “O Globo” para disparar um processo monstruoso sobre um apartamento no Guarujá.

Agora não. Cheio de brios truculentos e oportunistas, o supreminho quer evitar que se investigue a podridão do judiciário e seus asseclas dentro e fora dos tribunais. Só que a manada se assanhou. Até tentou fundar um Brazil (com z mesmo) paralelo, com orçamento próprio em parceria com os americanos.

Não é uma briga entre bandidos e mocinhos. Trata-se de um combate entre bandidos, ressalvadas as exceções de praxe. De saída, alguns já se consideram poupados do tiroteio.

Por exemplo: cadê o supreminho diante do assassinato da vereadora Marielle e do motorista Andreson, das evidências de laços mais do que fraternais entre a famiglia no poder e a escória do crime organizado, de ministros alaranjados e tantos outros casos de malfeitos envolvendo o governo Bolsonaro? Registre-se a atuação de Serra, Aloysio e demais cardeais tucanos suplicando um lugar em um dos bondes da cegueira premeditada.

Durma-se com um barulho desses, talvez até maior do que o produzido numa rua do Rio de Janeiro ou numa escola pública de São Paulo.

Em tempo: para saber mais sobre o ministro Dias Gaspari Toffoli, consulte o trepidante ABC do C Af

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