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Ainda bem que o Boechat não aprendeu nada com o Ibrahim

Gaspari não perde a oportunidade de bajular um patrão
publicado 17/02/2019
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Nota fúnebre de Ibrahim Sued, o chamado "Turco", por Elio Gaspari - Época - 18/02/19

A revista Época ofereceu ao historialista dos múltiplos chapéus a oportunidade de elogiar o magnífico repórter, apresentador de tevê e radialista Ricardo Boechat.

Coitado do Boechat...

Gaspari aproveitou para elogiar um patrão.

E escondeu o Boechat.

O pai de todos os colonistas, o Ibrahim Sued.

Que foi patrão do Gaspari e do Boechat.

E lambia os pés do patrão, o Roberto Marinho, a quem chamava de "Marechal de Comunicação" (naquele regime que, segundo o Gaspari, salvou o Brasil do comunismo e reconstruiu a Democracia, pelas sabias mãos do Feiticeiro, o Golbery, e o Sacerdote, o Geisel, aquele que escolhia quem o Figueiredo mandava matar.

Recentemente, Gaspari publicou uma breve nota fúnebre para esculhambar o lobista cearense Jorge Serpa e omitiu - claro! - que, no fim da vida, Serpa dedicou ao Roberto Marinho, com exclusividade, suas habilidades para manobrar sombras e cifras!

Serpa era safado... para os outros!

Como Jango!

Agora, na Época, Gaspari omite os múltiplos talentos do Boechat para ressaltar os mínimos do Ibrahim - a generosidade, por exemplo!

Uma verdadeira Irmã Dulce de peito aberto!

Quá, quá, quá!

Num post (abaixo reproduzido), o ansioso blogueiro trata do Ibrahim e se refere à incorrigível patrolatria do Gaspari.

Na revista Época, ele diz que, com o Ibrahim, "se aprendia tudo".

Não foi o caso do Boechat.

Boechat não devia nada ao Ibrahim.

E muito mais à mãe maravilhosa, D Mercedes Carrascal, que Dorrit Harazim reconstitui no Globo com comovente benevolência.

(O Ibrahim, com certeza, não daria emprego à Dorrit...).

De volta ao Ibrahim do Gaspari:

Colonismo: sólido, líquido e gasoso


Oh, Ibrahim, Ibrahim, não fosse você, o que seria de mim?

ansioso blogueiro se diverte, no momento, com as bem-humoradas e irresistíveis memórias do Ruy Castro em “A Noite do Meu Bem”, Companhia das Letras,  São Paulo, 2015.

“A história e as histórias do samba-canção” da eterna Dolores Duran.

E da noite carioca desde que Dutra fechou os cassinos e a boemia foi para os restaurantes e boates que exigiam menos barulho: pediam sambas canções com Elizeth, Caymmi, Lupicinio, Doris Monteiro, Maysa, Nora Ney, Sylvinha Telles …

Vogue, Beco das Garrafas, Jirau, Fred's, Arpège,  Au Bon Gourmet,  Bottles, Golden Room e outras catedrais.

(O ansioso blogueiro entra em cena, modestamente, no Le Bateau e Sucata já na fase mais dos disk-jockeys…

Mas, viu Jorge Ben e Nara no Bottles, no Beco.)

Ruy trata também dos colunistas sociais que davam ribalta e projeção aos granfinos que frequentavam e faziam a noite.

Primeiro, Maneco Muller, o “Jacinto de Thormes” do Eça.

Depois, o sucessor, o famoso Ibrahim Sued.

Maneco fez a distinção entre os dois, segundo Ruy: para ele, o colunismo era uma diversão.

Para o Ibrahim, uma questão de vida ou morte.

Ibrahim se tornou “Marechal” do colonismo social.

Dele todos descendem e nenhum se compara a ele em criatividade.

Ibrahim é o patriarca do que se pode chamar de “colonismo gasoso”. 

Porque existem os “líquidos” e os “sólidos”, também.

“Sólidos” são os que descendem de Roberto Campos, o pai de todos os colonistas pigais.

Conhecido como “Bob Fields”, como os pigais descendentes de hoje Campos foi incapaz de ter uma única ideia que não tivesse sido, antes, formulada em inglês.

Era o neolibeles antes da hora.

Campos conseguiu a proeza de escrever em TODOS os jornais do PiG.

(O livro “O Quarto Poder" mostra como Campos apresentava como seu projeto de lei que interessava à Globo no Senado.)

Ataulpho Merval e a Urubóloga – que acaba de receber singela homenagem da Nissan - tentam reviver o Campos, “sólido”, de antanho.

Faltam-lhe talento – e leitura.

Campos era culto – passou anos estudando para padre, trancado em seminários.

Depois, tornou-se um sibarita vulgar …

“Líquidos”, porque se adaptam aos vazos que os contêm são o Elio Gaspari, o dos chapéus e foi o Paulo Francis, que também merece no “Quarto Poder” capítulo discreto …

Francis e Gaspari são a perfeita reencarnação do Ibrahim: mezzo “sólidos” e mezzo “gasosos”.

Gaspari foi repórter da colona do Ibrahim. 

Ibrahim se referia ao patrão, Roberto Marinho, como o “Marechal da Comunicação”, no regime militar. 

O dos chapéus não chegou a tanto.

Mas, quando Roberto Marinho morreu dedicou-lhe gloriosa nota fúnebre.

Roberto Marinho morreu em 6 de agosto de 2003. 
Em 8 de agosto, Gaspari publicou no Globo:

No dia 27 de junho de 1979, O GLOBO deu um dos grandes furos da história de seu jornalismo político. Publicou a íntegra do projeto da lei de anistia que o governo estava pronto para remeter ao Congresso. Segundo o ministro da Justiça, Petrônio Portella, dois jornalistas (Etevaldo Dias e Orlando Britto), aproveitando-se de um descuido, o haviam furtado da mesa de seu gabinete.

Gaspari conta que Roberto Marinho, então, escreveu vigorosa carta ao Presidente Figueiredo, em defesa de seus destemidos repórteres:

Sua carta a Figueiredo relata uma situação implausível. Revela que antes de repreender um profissional que traz uma notícia para a redação, Roberto Marinho estava disposto a tudo, até a contar uma história sem pé nem cabeça ao presidente da República.

À segunda edição do livro “O Quarto Poder”, em elaboração, o ansioso blogueiro adicionará um capitulo especial: “A Patrolatria”.

A nota fúnebre de Gaspari merece um breve comentário:

É uma parábola fantástica. Parece aqueles filmes do diretor Frank Capra, em que todos são muito bonzinhos. Até mesmo o João, aquele que anistiou os brasileiros. Um leitor desavisado poderia pensar que se tratavam, cada um à sua maneira, de dois defensores da democracia e das instituições estabelecidas... Na parábola de Gaspari, é claro, o papel de Roberto Marinho seria desempenhado por James Stewart.

Os dois, Gaspari e Francis, comportam textos “sólidos” e “notinhas” “gasosas”: potins, mexericos, maledicência disfarçada de Sociologia weberiana, à moda FHC. 

“Gasosas” são também as colonistas sociais do Estadão e a ilustre colonista da Fe-lha, a quem o Ibrahim aplicaria o epiteto “shangay”.

Mas, o que a Dolores Duran e o Ruy Castro têm a ver com isso ?

Porque o Ruy Castro traça uma breve biografia do Ibrahim Sued.

E, com isso, mostra de que se nutre o colonismo do PiG.

O colonismo ocupou o PiG e se tornou a praga que não existe em nenhum outro jornalismo do mundo – civilizado ou não !

O Ibrahim do Ruy Castro trazia o DNA dos sólidos liquidos e gasosos de hoje.

- págs. 59 e 60

Ibrahim começou a carreira como “malógrafo”, “por carregar a mala de algum fotografo seu amigo, para conseguir penetrar numa casa mais fina”.

“Para conquistar a aceitaçao desse universo de homens e mulheres da haute gomme, Ibrahim sujeitava-se a humilhaçoes”.

Por exemplo, o playboy Mariozinho de Oliveira foi ao banheiro com o copo de uisque pela metade, urinou dentro e, quando Ibrahim se sentou na mesa, sem ser convidado, deu para Ibrahim tomar.

Ibrahim tomou, levantou-se e foi embora.

- pág. 157

Ibrahim tentou penetrar numa festa na boate Vogue.

“Não lhe conheço, não lhe convidei, pode ir embora”, disse Baby Pignatari.

Edu, como Baby e Mariozinho, do Clube dos Cafajestes, disse ao Baby: “Eu convidei. Ibrahim é nosso amigo”.

Ibrahim jurou que jamais voltaria a ser barrado.

- pág. 231 uma descrição irretocável da metodologia do colonismo, ainda em vigor:

“Em seus tratos com os figurões, sua tática era dar a entender que sabia mais do que iria publicar. Os interessados sabiam o que ele sabia, mas contavam com sua lealdade, e nisso residia parte de seu poder. Ibrahim aprendeu também que, ao publicar certas notas vindas de um informante, estava prestando um favor a este, que se tornava automaticamente seu devedor – um dia essa pequena divida poderia ser saldada. E nunca hesitou em usar em seu proveito as informações privilegiadas que captava no Vogue ou num jantar elegante.”

- pág. 411

Já no fim da era do samba-canção, em 1961, o advogado Walter Fonseca abriu no Lido o Top Club e trouxe para dirigi-lo o lendário “barão” austriaco Max Stuckart, que tinha dirigido o Golden Room do Copa, e a “boate como até entao ninguém no Brasil sonhara, o Vogue”.

“A volta do barão à noite sempre seria noticia, mas Ibrahim Sued parecia exagerar: começou a promover pesadamente o Top Club em sua coluna no Globo – só depois se soube que ele era um “silent partner” no negocio.”

- pág. 228

O radialista Nestor de Holanda inventou um epíteto para o Ibrahim: “mono mental”.

O genial Stanislaw Ponte Preta, que aparece numa foto dançando no Copa, num terno escuro do Sergio Porto, dizia:

“Oh, Ibrahim, Ibrahim, não fosse você o que seria de mim?”

Oh, Ibrahim, Ibrahim, não fosse você o que seriam o PiG e os tucanos?

Em tempo: ainda sobre o papel perverso do colonismo, vale a pena assistir a “Embriaguez do Sucesso”: http://www.interfilmes.com/filme_17958_A.Embriaguez.do.Sucesso-%28Sweet.Smell.of.Success%29.html

PHA, que assistiu a tantos shows do Carlos Machado quanto pode...


Boechat (E) e o "mono mental" de peito aberto (D)

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