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A morte de Élio Geisel

Os patrões sempre acharam ótima a "ditadura" dele !
publicado 13/05/2018
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Onde a ditadura não acaba... (Reprodução)

O Conversa Afiada publica sereno (sempre) artigo de seu colUnista exclusivo, Joaquim Xavier:

Escrevo antes de conhecer a versão fantasiosa que o dito colunista Élio Gaspari prepara aos seus cada vez mais raros leitores neste domingo, 13/05. Em poucas páginas, o documento trazido a público por Matias Spektor demoliu impiedosamente anos e anos de propaganda enganosa sobre o pretenso caráter “humanista” do ditador Ernesto Geisel e seus longa manus Golbery do Couto e Silva, João Figueiredo e que tais.

No documento, aparece de corpo inteiro um ditador à moda clássica, investido da palavra final sobre quem deveria morrer e ficar vivo durante o regime militar. Nenhuma emoção, nenhuma compaixão, nada. Apenas uma planilha listando os subversivos perigosos a serem eliminados a qualquer custo.

Nestes tempos em que virou chique falar em “fake news”, eis aí um exemplo pronto e acabado. Muito, muito antes de o termo ser disseminado por Trump e sua gente. Com consequências bem polpudas. A perfídia de que Ernesto Geisel era um “ditabrando” rendeu ao autor da velhacaria uma fortuna em livros destinados a “explicar” o período da ditadura. Hoje, com os fatos verdadeiros postos à mesa, os volumes lotarão as prateleiras de sebos. Quando não ajudarão a manter acesas as chamas daqueles obrigados a trocar o gás de cozinha pelo fogo a lenha graças aos golpistas e colunistas herdeiros de Geisel e sua turma de facínoras.

Jornalistas e fontes, sabe-se desde o primeiro panfleto, sempre mantiveram relações complicadas e submetidas ao limite entre a verdade e a mentira. Às fontes sempre interessam espalhar versões das quais tiram vantagen$. Já aos jornalistas sedentos de furos e notícias em primeira mão, a revelação de uma fonte pode ser o início do caminho para uma notícia sensacional. O início do caminho, não o fim. Eis a diferença entre jornalistas de verdade e mercadore$ de mentiras – a troco, como se sabe, de recheadas recompensas por parte dos patrões interessados no assunto e dos divulgadores de fantasias à la carte.

Élio Gaspari, ou Élio Geisel, ou Élio Golbery, é o exemplo acabado desta segunda criatura. É fato notório por gente que nem é do ramo que EG sempre foi municiado por telefonemas de Heitor de Aquino, porta-voz de fato do regime militar, Golbery do Couto e Silva, Ernesto Geisel, João Figueiredo e depois por José Serra, sua quadrilha de tucanos e até magnatas como Jorge Paulo Lehman. Graças a isso, aqui e acolá, seus escritos tiveram alguma serventia. Jornalistas responsáveis usaram certas informações de EG como pista para apurações rigorosas. Já muitos outros tomaram o divulgado como verdadeiro e se acomodaram em simplesmente difundir o palavrório. Farão o mesmo daqui pra frente?