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Uma missão urgente para Jaques Wagner: salvar a Avibrás

O Brasil não pode perder alta tecnologia militar.
publicado 13/02/2015
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O Conversa Afiada reproduz dois artigos de Fernando Brito, extraídos do Tijolaço:


O Brasil não pode perder alta tecnologia militar



Ontem, escrevi aqui sobre a necessidade de não se permitir que feche a Avibras, a mais importante indústria de equipamentos militares de alta tecnologia.

Coincidentemente, o Ministério da Defesa publicou os resultados do teste do míssil A-Darter, realizado na segunda-feira. O foguete é  desenvolvido em parceria entre o Brasil e a África do Sul. Aqui, pela  Avibras , pela Mectron e pela Optoeletrônica

Disparado de um caça Grippen – igual aos comprados pelo Brasil – o resultado foi este da imagem acima: atingir um um alvo em alta velocidade, em altitude maior e a incríveis 90 graus da trajetória da aeronave lançadora.

O detalhe na imagem são as fotografias do impacto.

O o gerente do projeto pelo Brasil, Coronel Júlio  Tavares, da Força Aérea Brasileira, resume muito bem o que significa ter esta tecnologia: “Ninguém ensina isso”.

É obvio que não se defende que o Brasil se lance a uma corrida armamentista.

Ao contrário, nossa concepção é defensiva e baseada em equipamento de altíssima tecnologia que, mesmo em pequena quantidade, desestimule  aventuras bélicas em relação ao nosso país.

Em tecnologia militar, caro é o que é ruim, como por muitos anos se manteve como prática aqui.

PS. Um comentarista publicou aqui que isso é problema de se conseguir um acordo entre os acionistas minoritários. Não é. Indústria militar não é fábrica de biscoito, que se pode abrir, fechar, vender ou desmontar só de acordo com a vontade dos acionistas. Tem contratos quase que só com o Governo e pertencem ao sistema da Defesa Nacional.



Agora, o post de ontem (12/02) de Fernando Brito no Tijolaço:


Uma missão urgente para Jaques Wagner: salvar a Avibrás



O Brasil possui, desde 1961, uma indústria de aviônicos e defesa por mísseis, a Avibras.

É dela que saem os foguetes Astros II, usados tanto pelo Iraque de Saddam Hussein quanto pela Arábia Saudita na Guerra do Golfo. E pelas forças armadas da Malásia, Indonésia, Catar, Angola e Bahrein.

E, é claro, pelo Exército Brasileiro.

Assim como a nova versão, o Astros 2020, com alcance de até 200 milhas (320 km), que tem também uma versão naval.

Além disso produz ou desenvolve mísseis (ar-ar, ar-terra, terra-ar e terra-terra), equipamento de direção de tiro para artilharia antiaérea, veículos aéreos não-tripulados e outros equipamentos estratégicos de defesa.

A empresa está em mais um dos grandes impasses de sua história de 54 anos. Está parada desde dezembro, com os 1.500 funcionários da unidade de Jacareí (SP) com seus pagamentos em atraso.

Ia ser parcialmente vendida à divisão de Defesa e Tecnologia da Odebrecht, mas o negócio parece ter gorado. A Odebrecht está, como as outras grandes empreiteiras, com a língua de fora pelos problemas que todos sabem.

Certamente não há “santinhos” da indústria bélica, como de resto não os há em quase todo o empresariado.

Mas a Avibras é uma empresa estratégica não apenas para a nossa defesa como, também, para nosso comércio exterior, com uma carteira de encomendas que corre o risco de se desmanchar.

Já que o ex-governador Jaques Wagner não pode fazer o que mais dele era necessário neste momento – a articulação política do Governo – bem poderia se dedicar a encontrar uma saída que preservasse o interesse nacional numa empresa classificada por seu próprio Ministério como “estratégica para a defesa nacional”.

Se necessário, até mesmo uma intervenção através do Exército Brasileiro para sanear sua situação – há uma briga entre o controlador e acionistas minoritários da empresa –  até que se consiga uma solução privada para sua continuidade operacional.

O que não pode acontecer é jogar no lixo o conhecimento tecnológico acumulado em mais de 50 anos, numa área que só as grandes potências mundiais detém tecnologia.

No caso de mísseis, não mais que meia-dúzia de países.

O ministro Jaques Wagner tem de chamar a si o problema e encontrar uma solução que preserve a Avibras, porque tecnologia bélica neste nível não tem para vender no mercadinho da esquina.