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Fortel foi anistiado. Genoino, não !

Ustra vai ao shopping com o netinho. Genoino, Dirceu e Delúbio estão presos - PHA
publicado 01/04/2014
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O Conversa Afiada reproduz texto enviado por Miruna Genoino:


“Para todas as perguntas, a resposta de Genoino era sempre a mesma: "Não sei". Para o delegado, torturar o preso pareceu a melhor maneira de fazê-lo falar. Começaram a espancá-lo, desferindo chutes e murros por todo o corpo. Genoino sentia uma dor aguda no estômago e um amargo gosto de sangue na boca. Permanecia com as mãos amarradas para trás.

Não demorou até Marra ter uma ideia que Júlio achou ainda mais cruel do que já tinha visto até aquele momento. Seguindo ordens do delegado, Ricardo pegou duas latas de sardinha vazias e colocou-as no chão, com a parte que tinha sido aberta à faca para cima. Tonho, Emanuel e Fortel forçaram o jovem comunista a ficar de pé sobre as latas. Genoino sentia as bordas pontiagudas das latas rasgarem a sola dos seus pés. Trincava os dentes e apertava os olhos de dor. Fortel segurava o guerrilheiro pelos cabelos.

José Genoino abriu os olhos e viu os seis homens de pé à sua volta. Pensou que fosse apanhar novamente. Ao ver, nas mãos deles, os gravetos acesos iluminando a escuridão da mata, pressentiu que iria sofrer ainda mais do que se levasse outra surra.

- Três seguram o cabra e dois queimam as pernas dele - ordenou Marra.”

(Klester Cavalcanti, em “O nome da morte”)

Preciso dizer algo mais ou está claro a importância de hoje relembrar os 50 anos do golpe militar? Existem cicatrizes que nunca se curam, e que ninguém deveria esquecer que existem, pois um dia um regime, uma parte da sociedade, gente, muita gente, foi conivente com cada gesto do que meu pai e muitos outros sofreram. Não esqueçamos destas lutas. Nunca.