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Santayana: Diego Costa e a Espanha

Por ingenuidade ou interesse, o atacante foi usado como instrumento de uma briga que o Brasil não começou.
publicado 05/11/2013
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana:


DIEGO COSTA E A ESPANHA



“Cada uno es hijo de sus obras.” - a antiga advertência, de Don Quixote de La Mancha, que nos alerta para a consequência das más decisões, parece ter sido, nos últimos anos, totalmente esquecida pela Espanha.

Mesmo com uma dívida externa de quase 200%, 27% de desemprego, quase 100% de dívida interna líquida, e cerca de 20 bilhões de euros em reservas, Castela continua imprudente e arrogante.

E como não pode mais exibir duvidosos galardões econômicos, passou a exercitar sua proverbial petulância em outras áreas, como o futebol, por exemplo.

Antes da Copa das Confederações, os jornais espanhóis diziam que a “Roja” ia dar uma “lição” ao Brasil. Acabaram levando, de volta para casa, duas. Uma de futebol, e a outra de patriotismo, antes, durante e depois da final, no Maracanã, quando ouviram “olés” e aprenderam o hino nacional brasileiro e quando perderam de 3 x 0.

Sem entender que não estavam colhendo mais do que semearam antes – fora a antipatia futebolística, muitos torcedores não se esquecem das expulsões de brasileiros daquele país - os jornais espanhóis preferiram justificar as vaias recebidas por aqui com um suposto “apavoramento” do Brasil com a sua seleção.

E, como a Espanha não aceitou a derrota, continua o clima de confrontação. O último capítulo da picuinha foi o convite a Diego Costa para jogar pela seleção espanhola.

Convocado também pelo Brasil, ele optou pela Espanha e a CBF pediu a cassação de sua nacionalidade brasileira.

Envolvido com corrupção e com a ditadura, Marin não é – para dizer o mínimo – um exemplo de cidadão, mas, infelizmente, é preciso reconhecer que, hoje em dia, as pessoas trocam de passaporte como trocam de camisa.

A nacionalidade brasileira não é um direito, mas uma honra e um privilégio. Defender a bandeira de outra nação, em um campo de batalha ou de futebol, deveria determinar – para quem o faz - o irreversível direito de ser feliz em seu novo país e em sua nova condição.

Por ingenuidade ou interesse, Diego Costa foi usado como instrumento de uma briga que o Brasil não começou.  

A “Fúria”, para jogar a Copa, não precisava dele. E isso é reconhecido até por parte da opinião publica espanhola. Ao ver aceito seu convite, Del Bosque ficou em uma sinuca de bico. Se trouxer o jogador para o Brasil, depois de ter escolhido a Espanha, estará obrigado a colocá-lo em campo, aumentando a pressão da torcida brasileira contra o time espanhol.

No final do torneio, se Diego Costa jogar mal e a Espanha perder, Del Bosque será execrado em seu país. Se ele jogar bem, e marcar, a versão que vai ficar é a de que a Espanha não ganhou por seus próprios méritos, mais sim porque tinha um brasileiro jogando com a sua  seleção.

Dessa vez, os cartolas espanhóis quiseram crescer e aparecer, na mídia, criando nova polêmica com o Brasil, país anfitrião da Copa e Pentacampeão do mundo. Com essa jogada, o mais provável, é que eles, e seu treinador, acabem se dando mal.