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Carta aos brasileiros, Eduardo Campriles

Entusiasmado com os resultados na Venezuela, o candidato da oposição brasileira lança um manifesto: "dá para fazer mais !"
publicado 16/04/2013
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Clique aqui para ler "Capriles: é bom a Dilma botar as barbas de molho".

Amigos e amigas,

Tomo a liberdade de apresentar meu nome como candidato do PSB à Presidência da República, em 2014.

Tomei essa decisão em nome de princípios.

O primeiro, é o principio da renovação.

A Democracia é o regime da renovação, da alternância, do regime em que a minoria de hoje é a maioria da amanhã.

As Democracias precisam abrir a janela de deixar o sol da renovação entrar.

Sou candidato em nome da coerência.

Sempre estive ao lado do Brasil e ao lado do homem e da mulher brasileira.

Do rico e do pobre, como meu avô e mestre, Miguel Arraes.

Em nome dessa coerência apoiei – e disso me orgulho – o grande brasileiro – e pernambucano – Luis Inácio Lula da Silva.

E, se, agora, decido tomar outro caminho é porque, civilizadamente, dentro dos mais transparentes princípios da Democracia, faço sérias restrições ao projeto que se instalou no Brasil, depois de dois notáveis Governos de Lula.

Dá para fazer mais, amigos e amigas.

Até Lula é capaz de concordar com isso.

Basta ele comparar o ritmo de crescimento dos Governos dele, com o que o sucedeu.

O Brasil parou, amigos e amigas.

E dá para fazer mais, muito mais.

A economia estagnou, o investimento em infra-estrutura estagnou.

As estradas de ferro não tem trilhos.

As rodovias são fábricas de morte.

Os portos serão destruídos.

A exuberância do Governo Lula foi sufocada pelo centralismo, pelo dirigismo, pelo mandonismo.

A centralização excessiva e o excesso de poder levam à arrogância, que se traduz em medidas sucessivas, contraditórias, em zig-zag, que confundem os empreendedores e frustram o consumidor.

O Brasil voltou ao pacote – agora é um pacote por dia.

E é preciso dividir o poder.

Mudar.

Porque dá para fazer mais.

A Presidenta Dilma, que tanto fez por Pernambuco e pelo Nordeste, poderia fazer mais.

E por que não faz ?

Porque a Presidenta Dilma é o que sempre foi.

Ela só acredita no Estado.

E nós, do Partido Socialista, acreditamos em parceria, em troca de experiencias, em movimentos coordenados e criativos do Estado e da livre iniciativa.

O que foi, também, o motor do crescimento nos dois mandatos do Presidente Lula.

Nós do PSB acreditamos que os Estados da Federação devem ter mais apoio, porque estão mais perto do cidadão.

O município deve ter mais apoio porque está ainda mais próximo do cidadão.

E o Brasil se trancou em Brasília.

E se perdeu.

Perdeu a política social, a política educacional, a política de saúde.

Dá para fazer mais !

Queremos um Lula novo, renovado, contemporâneo.

Os marcos da estabilidade econômica, sobre os quais Lula pôde construir, são intocáveis: as metas de inflação; a geração e o respeito inflexível ao superávit primário, sem truques; a independência – prevista em Lei, de preferencia – do Banco Central.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, uma jóia rara da construção da nossa Democracia.

A flexibilização desses princípios de estabilidade está na origem do PIB, que se chama de pibinho, e da inflação que bate no teto e não volta.

É uma ilusão imaginar que um pibinho e uma inflação a caminho do descontrole serão capazes de manter o emprego alto.

Essa mágica tem prazo de validade.

Dá para fazer mais !

Há outro principio em jogo, amigos e amigas.

De que adianta você fazer faxina, se os seus amigos, os que frequentam a sua casa não são de confiança ?

Como se apresentar como um padrão de virtude e moral, se não você pode exibir o aliados ?

Tem que escondê-los.

Um Governo é o Governo todo.

Não adianta o líder ser integro se o conjunto é suspeito.

O brasileiro parece cansado da leniência com a corrupção.

O que, por si só, explica o entusiasmo do povo com o Supremo Tribunal Federal, depois de condenar os mensaleiros do PT, com José Dirceu à frente.

Dá para fazer mais no combate à corrupção, a começar pela base aliada do Governo.

A sociedade brasileira não se vende por geladeira ou televisão de tela plana.

A sociedade quer se olhar no espelho e ver o Governo refletido nela.

E você, amigo, amiga está com medo.

As grandes cidades brasileiras, a qualquer hora do dia, foram ocupadas por marginais que operam com a garantia da impunidade.

Não há Lei.

Não há Ordem !

E onde está o Governo Federal ?

Quem é o xerife da segurança pública ?

Onde está o Ministro da Justiça – que justiça, que segurança ele oferece a você, amiga e amiga ?

Os Estados não resolvem tudo.

Porque, antes de mais nada, falta liderança !

Falta um rosto que a sociedade possa identificar: sim, este rosto zela por mim, por meu filho, quando volta da escola.

Dá ou não dá para fazer mais, amigo, amiga ?

Por que não ter um gerente da Segurança ?

Precisamos de uma politica externa que reflita os interesses do Brasil e, não, de um partido só.

O PSB quer ser amigo de todas as nações – e quer ser mais amigo de quem é mais nosso amigo.

Pais vizinho não significa melhor vizinho.

Não precisamos da claustrofobia dos acordos regionais, se o mundo é vasto e as oportunidades infinitas.

Essa mesma lógica se estende, por exemplo, à exploração da grande riqueza nacional, que são as jazidas de petróleo.

Não adianta ter e não ter.

É preciso agregar competência e, sobretudo, dinheiro para extrair essa riqueza em tempo hábil.

Por isso, por que discriminar os que sabem e tem dinheiro ?

Porque a Petrobrás é de um partido ?

Ou é do Brasil ?

Ou a Petrobrás manda no Brasil ?  

Como Lula, seremos rigorosos no respeito aos contratos.

Mesmo que seja para reduzir tarifas de energia, ou agregar competência ao sistema logístico, contratos são sagrados.

São a base da confiança que faz a economia funcionar.

A liberdade de imprensa é intocável.

A única forma possível de regulá-la é através do controle remoto.

Somos a favor de uma gestão profissional da política de publicidade do Governo Federal e suas empresas: o mais eficiente, o que dá mais retorno ao recurso público merece receber mais.

Precisamos construir amplas e rápidas estradas de banda larga para o povo receber informação, educação, ter entretenimento.

Se for preciso, por que não ceder bens obsoletos às empresas de telefonia, para que possam levar o progresso sob a forma de conexão digital ?

A lógica da ideologia ultrapassada não pode se transformar num obstáculo à chegada do mundo novo.

Ofereço meu nome a você, amigo amigo, nessa hora amarga que atravessamos.

O mundo lá fora está em crise.

É a crise que nos imobiliza, aqui.

E para essa crise não fomos capazes de encontrar saídas duradouras.

Construídas sob princípios da boa gestão.

Eu me proponho a buscar saídas.

E ofereço meu passado de gestor que o povo de Pernambuco elegeu duas vezes.

Humildemente.

Quero ouvir todos os brasileiros.

Sair do Palácio.

Não há SECOM que me esconda nas trevas palacianas !

Exercer a Democracia, com a ajuda de uma imprensa absolutamente livre !

Não tenho compromissos ideológicos.

Meu compromisso é com o Brasil. Com você !

Porque dá para fazer mais !

Ribeirão Preto, 15 de abril, 2002

Eduardo Campriles