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Médico vai ter que servir no SUS. (Aos pobres)

Os brasileiros contarão com médicos que, depois de formados, terão mais dois anos de treinamento no SUS
publicado 01/08/2013
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O Conversa Afiada entrevistou, na tarde desta quinta-feira (01), por telefone, o Dr. e professor Vardeli Alves de Moraes, diretor da Associação Brasileira de Educação Médica, a ABEM, e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.

O Dr. Vardeli participou da reunião conjunta, realizada ontem, pelos ministérios da Educação e da Saúde e esclarece quais foram as decisões tomadas na reunião, naquilo que diz respeito aos currículos dos cursos de medicina.

Acompanhe a íntegra da entrevista em áudio e texto:

1 - PHA: O senhor participou ontem da reunião com os ministros Padilha e Mercadante?

Dr. Vardeli: Sim, participei.

2 – PHA: E o que ficou decidido com relação à formação dos médicos?

Dr. Vardeli: Na verdade, essa reunião de ontem foi feita para aprovar um documento que já vinha sendo elaborado por um grupo de trabalho formado por um grupo de escolas médicas.

Em relação ao que foi aprovado, no sentido mais claro e objetivo, foi a manutenção do curso de medicina em seis anos.


3 – PHA: Ou seja, não haverá os dois anos a mais como primeiramente foi imaginado?

Dr. Vardeli: Não. Não haverá durante o período de graduação. Está se estudando uma proposta de incorporar esses dois anos, depois de formado, na residência médica, dentro da atenção básica de saúde.

4 – PHA: Se eu entendo bem, ficou encaminhada a proposta de: os médicos ficarem seis anos se graduando e existe a possibilidade de, depois de formados, eles ficarem mais dois anos na residência médica, no SUS?

Dr. Vardeli: Na residência médica, eles ficarão na atenção primária. Porque, na verdade, a maioria das residências já são realizadas no SUS.

O que é interessante nessa proposta é que, antes (na proposta anterior), o aluno não recebia o seu diploma da graduação com 6 anos. Ele ficava ainda dependendo de uma supervisão das universidades.


Agora, não. Agora, com seis anos, ele recebe o seu diploma. A parte de treinamento, de residência médica, será depois de formado.

5 – PHA: E a parte de treinamento é obrigatória ou é opcional?

Dr. Vardeli: A residência é opcional, ela sempre é opcional. Há uma proposta de que, até 2017, todos os médicos formados fariam, obrigatoriamente, residência médica.

Só que, atualmente, não há residência médica (vagas de residência) para todos os formandos. Então, esse é outro problema que terá de ser solucionado durante esse período.


6- PHA: Então, hoje, os dois anos de residência médica não são obrigatórios. Mas, a proposta aprovada ontem é que, até 2017 – com, se eu não me engano, mais 12 mil médicos formados – esses dois anos se tornariam obrigatórios?


Dr. Vardeli: Não. A proposta é de que o aluno se forma, então vai fazer uma residência. O primeiro, o segundo ano seriam realizados dentro do Sistema Único de Saúde, dentro da atenção primária.

Existem algumas residências, hoje, por exemplo, na nossa área de ginecologia e obstetrícia, em que o aluno entra direto na residência de ginecologia e obstetrícia.

A partir dessa proposta, o primeiro ano, talvez só o primeiro ano ou até o primeiro e o segundo serão feitos dentro da atenção primária, e não dentro da especialidade que o médico escolheu.


7 – PHA: Então, quer dizer que, se o Congresso aprovar essa ideia e se ela for incorporada na medida provisória, o governo não mais exigirá dois anos adicionais de formação, mas conseguirá fazer com que os novos médicos passem dois anos no SUS, é isso?

Dr. Vardeli: Sim, é isso. Esse é o cerne da questão. O mais importante é que não obriga as faculdades de medicina a acrescentarem mais dois anos na formação.

8 – PHA: Mas, de qualquer maneira, os brasileiros contarão com médicos que, depois de formados, terão mais dois anos de treinamento no SUS?

Dr. Vardeli: Sim. Isso ainda vai ser reestudado na Comissão Nacional de Residência Médica, algumas dessas residências não terão necessariamente os dois anos, mas pelo menos um ano, é o que se prevê.


9 – PHA: E essa proposta foi igualmente aceita pelos dois ministros ou houve divergência?


Dr. Vardeli: Essa proposta dos seis anos foi igualmente aceita.

O que houve divergência entre os ministros é o programa “Mais Médicos”, principalmente a importação de médicos sem o programa de revalidação.

A Associação Brasileira de Educação Médica já se posicionou contraria a isso.

Inclusive, nesse grupo de trabalho e no documento que foi discutido, ficou claro que a ABEM não é contra nenhuma importação médica desde que eles se submetam ao Revalida.

Agora, o Ministério da Saúde insiste em importar médicos sem a revalidação dos diplomas.

Nessa reunião ficou claro que o Ministério da Saúde ainda insiste nessa proposta de importar médicos sem revalidação, mas esse é um outro tema que foge ao tema da graduação.



Clique aqui para ouvir a entrevista.

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Doutor-Vardeli_editado.mp3 por redacao — última modificação 01/08/2013 16h49