Dilma pode recriar a Comissão da ½ Verdade
O “republicanismo” do PT é uma variante da política do “tiro no pé”.
É como se explicam algumas nomeações para o Supremo Tribunal Federal – instituição que o Fernando Henrique povoou de aliados fidelíssimos e com a qual os presidentes americanos são tão “republicanos” quanto Putin.
Foi o que a Presidenta Dilma fez com a Comissão da ½ Verdade.
Republicanizou-a.
Paulo Sergio Pinheiro é um notável candidato tucano a Secretário-geral da ONU.
Hábil, competente, mas que aparenta ter um objetivo: não permitir que a Comissão da ½ Verdade comprometa sua carreira no curso internacional, nem se confronte com os diplomatas americanos que frequentavam o DOPS.
José Paulo Cavalcanti Filho é um ausente.
Vai de vez em quando.
E ainda bem.
Porque suas posições se rivalizam com as Paulo Sergio Pinheiro e de José Carlos Dias, outro membro notoriamente tucano da Comissão.
Dias foi quem, na inauguração dos trabalhos da Comissão, disse que a Comissão tinha que contemplar os dois lados.
Ou seja, a Dilma e o Albernaz.
A esses três se opunham Rosa Cardoso, Gilson Dipp e Claudio Fonteles.
Fonteles foi embora.
Dipp ficou doente.
E agora, sobrou Rosa Cardoso, a quem, em rodizio, cabe dirigir os trabalhos da Comissão.
Ela tentou nomear um secretario geral de confiança.
O que pode parecer óbvio ao amigo navegante.
Foi um Deus nos acuda.
Paulo Sérgio quer manter o Secretario Geral que é da confiança dele – e, não, dela.
O que os divide, os 3 “tucanos” e Rosa Cardoso, a solitária combatente?
Os três “tucanos” são a favor da Verdade.
Da Verdade Absoluta.
Eles, sozinhos, celebrarão a Verdade !
Para cumprir essa sacrossanta - e inofensiva - tarefa, trabalham em silêncio, misteriosamente, que ninguém os veja, para não chamar a atenção.
E, aí, um dia sobem ao Sinai e de lá tiram as Tábuas.
Que não terá sido escrita por Ele.
Mas, por Paulo Sergio, Dias e Cavalcanti.
E estamos conversados.
Conhecida a Verdade, ela será depositada na Biblioteca do Vaticano, aberta a consultas nos dias 29 e 30 de fevereiro, das 23 às 23h30.
Dipp, Fonteles e Rosa queriam abrir a janela.
Acreditam que a Comissão seja um instrumento em busca da verdade.
E cada cidadão, cada familiar pudesse participar dessa busca, num ambiente arejado pelo sol.
E que esse movimento solar se tornasse uma “rede” permanente de busca – para usar uma expressão que Fonteles sempre usou.
E que, em ultima analise, a Comissão seja poderoso instrumento para rever a decisão que envergonha o Brasil: a anistia à Lei da Anistia, promulgada pelo Supremo com a ajuda de um relator “republicano”, Eros Grau.
A presidenta Dilma pode recriar a Comissão da ½ Verdade.
“Desrepublicanizá-la”.
Retomar a verdade do oligopólio ali instalado.
Paulo Henrique Amorim