Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / 2011 / 10 / 31 / Quero salvar a USP para a minha filha

Quero salvar a USP para a minha filha

Quero salvar a USP para a minha filha
publicado 31/10/2011
Comments

 



O Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu do amigo navegante Rodrigo:



 

Paulo, bom dia!


Cresci na USP, lá eu ia junto dos meus amigos ainda criança, de bicicleta, munido de varas de pescar para "atacar" o lago que fica na Biologia.


Nesses tempos, a USP era totalmente aberta, as pessoas jogavam bola nos espaços livres, andavam de bicicleta.


No bosque havia rampas de "cross", as pessoas faziam piquenique e a utilização do campus como parque era a apropriação de uma entidade pública pela sociedade.


Com lideranças de diversas tendências partidárias, a USP foi aos poucos sendo fechada e o campus foi suprimido da sociedade.


Os argumentos eram vários: desde a falta de verba para cuidar dos próprios públicos até a segurança (apesar de, na época, haver um número muito inferior de casos de criminalidade).


Escutei de pessoas muito próximas que a favela do entorno só causa problemas, que o aluno foi morto dentro da USP etc.


Aí perguntei por que o pessoal da favela sentiria raiva da USP.


A favela dali parece muito com a que vivia no Pelourinho, onde a população, quando houve a restauração, foi jogada atrás de um muro de contenção de seres humanos.


Também sinto raiva da USP.


Raiva por estar fechada.


Raiva da reitoria - a anterior - ao argumentar que as bicicletas atrapalhavam o trânsito, e, por isso, suprimiram um bem coletivo a que tinham acesso pessoas comuns.


Houve tentativas de privatização de vagas.


E houve o preencimento de vagas em grande parte pela elite de escolas particulares - o que também não me agrada.


Agora, e quem não foi estudante? Quem não conhece (de verdade) as drogas, as bebedeiras, etc, nem manteve contato com universitários ?


Me parece que, excluindo os mais grosseiros, que não merecem resposta, a sociedade não não quer uma sociedade pasteurizada, nem teme os questionamentos dos mais jovens.


Ainda mais que se trata de uma faculdade de ciências humanas.


A eles não caberia questionar ?


Quanto aos policiais envolvidos, também são vítimas das políticas de tras de mesa e não são o foco do problema.


O problema é a política que os colocou lá.


Tenho uma filha, muito nova ainda para estar na faculdade.


Espero e incentivo para que ela questione, que ela não seja pasteurizada.


Só assim acredito que ela poderá escapar, inclusive, das drogas.


Rodrigo Frateschi