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Golbery, feiticeiro e malfeitor (no Brasil) - II

O Conversa Afiada recebeu os seguintes comentários ao post
publicado 08/09/2011
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O Conversa Afiada recebeu os seguintes comentários ao post:

Edson Lopes:


Companheir@s,


Queremos esclarecer a questão da votação do projeto que foi aprovado sobre a homenagem com um busto a Golbery. Quando o texto acima cita o seguinte: ”Até que, no Natal de 2009, o projeto do busto foi aprovado na Câmara local com um único voto contrário”. A verdade é que este projeto foi aprovado com DOIS VOTOS CONTRARIOS, a BANCADA DO PT era e é totalmente contra a qualquer tipo de homenagem ao Sr. Golbery. O vereador Luiz Francisco Spotorno (PT) votou contra juntamente o vereador Julio Martins (PCdo B). O outros dois vereadores do PT – Alexandre Lindenmeyer e Claudio Costa, estavam ausentes no dia desta votação por estarem representando a Câmara em compromisso na capital do estado.


Estamos enviando ao Sr. Paulo Henrique Amorim, através do seu e-mail, o referido Projeto com a votação do mesmo, para que se possível publique nesse espaço.


Estamos a disposição para qualquer esclarecimento.


Um grande abraço a todos e a todas.


Edson Gomes Lopes


Assessor Coordenador da Bancada do PT do Rio Grande

Resposta de Luiz Claudio Cunha, autor de “Benfeitor em Rio Grande e malfeitor no Brasil”:


Recebi esta mensagem do coordenador da bancada do PT na Câmara de Rio Grande e já agradeci. Devo esclarecer, porém, alguns pontos:

O PT da terra de Golbery levou exatamente 20 meses -- ou um ano, oito meses e seis dias -- para manifestar sua indignação com a homenagem ao general que inventou a ditadura de 1964.

A ideia indecente brotou da cabeça do vereador Renato Albuquerque, do PMDB, que deve ignorar a linha genética de seu partido, diretamente ligada ao MDB velho de guerra gaúcho, o mais perseguido pela ditadura, com prisões, torturas e cassações. Albuquerque apresentou o seu PLV (projeto de lei de vereador) nº 93/2009, no final daquele ano, num texto que "dispõe sobre o recebimento, em doação do busto do general Golbery do Couto e Silva".

A proposta foi votada e aprovada na sessão do 21 de dezembro de 2009 da Câmara Municipal, por seis votos a dois.

Os únicos votos contrários foram de Júlio Martins (PCdoB) e Luiz Francisco Spotorno (PT).

Cinco dos 13 vereadores estavam ausentes.

A inspirada decisão do Legislativo local virou a lei nº 6.835 pela mão cúmplice do prefeito Fábio Branco, também do PMDB bastardo que hoje releva o passado malfeitor do general que tramou o golpe contra o presidente João Goulart e legou ao país o SNI e sua tropa de arapongas.


A data da lei é outro primor de cinismo: 31 de dezembro de 2009, o último dia do ano, aquele dia especial em que ninguém presta atenção a nada, já que a cabeça de todos está voltada para o reveillon que se aproxima, com sua explosão de alegria e champanhe. O 31 de dezembro, como todos sabem, é o dia preferido de políticos e governantes que, à socapa e à sorrelfa, contrabandeiam naquelas horas derradeiras as suas leis, projetos, portarias e decisões inconvenientes, envergonhadas, imorais e indefensáveis. Como é o caso de um busto para alguém com o perfil do general Golbery.


O assessor da bancada do PT de Rio Grande informa ao país, só agora, que o PT local está indignado, 20 meses após esta indesculpável derrapada moral.


Explica que os outros dois vereadores petistas -- Alexandre Lindenmeyer e Cláudio Costa -- só não votaram contra porque estavam ausentes da cidade, cumprindo missão oficial em Porto Alegre.E acrescenta: "A bancada do PT era e é totalmente contra qualquer tipo de homenagem ao Sr. Golbery".


Não esclarece, no entanto, o que fizeram os dois vereadores ausentes ao retornar da capital do Estado, em dezembro de 2009. O que fizeram o PT e seus três vereadores, de lá para cá, para denunciar ao país o crime de lesa-memória praticado na cidade natal de Golbery com o aval do Legislativo local e o patrocínio do prefeito do PMDB?

É bom não esquecer que o PT só lembrou de sua santa ira agora, duas semanas após o constrangedor ato na praça principal de Rio Grande, lançando a pedra fundamental do busto imerecido ao inesquecível general. Não havia povo na praça, como seria de se prever. Nem mesmo o comandante do quartel local, o 6º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), dignou-se a comparecer. Mandou um major representá-lo.


Para coroar este festival de afrontas à memória nacional, o jovem prefeito Fábio Branco, de 39 anos, explicou dias atrás porque não faria um juízo sobre a ditadura pensada e gerenciada pelo general Golbery: "Eu ainda não era nascido", respondeu, com a candura de um jovem político  -- alienado e alienante -- que veio ao mundo nos idos de 1972, quando o golpe de Golbery tinha ainda oito tenros anos e já descambara para o abismo do Governo Médici, o auge de tortura e terror da ditadura.


Diante dessa brilhante confissão, Rio Grande e o Brasil podem imaginar que o precoce prefeito Fábio Branco também não faz nenhum juízo apressado sobre a escravidão do Século 19 ou sobre o nazi-fascismo de meados do Século 20, que ele teve a sorte de não ver em vida. Ao contrário da ditadura, que ele agora homenageia -- com o cúmplice silêncio do PMDB gaúcho e nacional e o tardio protesto do PT local.

Nos anexos, gentilmente enviados pelo assessor da bancada petista, as provas do crime.


um abraço,    LUIZ CLÁUDIO CUNHA

Em tempo – os anexos ficam arquivados neste blog, para economizar espaço com a já longa polêmica. O feiticeiro Golbery não merece tanto. – PHA)