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Vazamento: mancha na imagem de satélite não era petróleo...

IBAMA rejeitou o relatório que motivou ação da PF contra navio grego
publicado 18/12/2019
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Mancha de óleo recolhida no Cabo de São Agostinho, em Pernambuco, 20/X/2019 (Créditos: Salve Maracaípe/Fotos Públicas)

Já se passaram 111 dias desde o início dos vazamentos de petróleo no litoral brasileiro e, até agora, os detritos já atingiram 966 localidades.

As manchas se espalham por cerca de 3.600 quilômetros da costa, entre o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e a praia de Grussaí, no norte do Rio de Janeiro.

O Ibama, a Marinha do Brasil e outros órgãos públicos e privados que atuam na limpeza das praias afirmam que mais de cinco mil toneladas de petróleo já foram recolhidas.

Até agora, o Governo Federal não tem qualquer pista sobre o responsável pelo desastre ambiental.

E, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira 18/XII, a única pista que poderia apontar um culpado parece ter dado em... Nada!

Em 2/XI a Polícia Federal apontou o navio grego Bouboulina, de propriedade da empresa Delta Tankers, como possível causador do desastre. Segundo a PF, imagens de satélites obtidas por uma empresa privada chamada HEX Tecnologia mostravam, no dia 29/VII, o surgimento de uma grande mancha de petróleo a 733 quilômetros do litoral da Paraíba - justamente a região por onde o tal navio havia passado no dia anterior.

No mesmo dia, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos escritórios de duas representantes da Delta Tankers no Rio de Janeiro.

Apenas dois dias depois, em 4/XI, técnicos do Ibama duvidaram publicamente das suspeitas da PF.

Hoje, 18/XII, o coordenador-geral do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais - CENIMA, braço do Ibama que cuida do processamento de imagens de satélite -, Pedro Bignelli, afirmou que a HEX Tecnologia lhe apresentou, em outubro, o mesmo relatório que serviu de base para a operação da Polícia Federal. Entretanto, o Ibama rejeitou o parecer, alegando erros técnicos.

"Ao bater o olho, vi ali problemas. Remeti ao meu diretor a minha avaliação", conta Bignelli.

Ele continua: "expliquei para o meu diretor que eu não tinha sido convencido, pelo aspecto da mancha e pela falta de informação no relatório. Eu trato essas imagens há vinte e cinco anos, tenho dois doutores no assunto aqui que ajudaram a avaliar. Disse que não arriscaria meu currículo naquele relatório, que não acreditava naquele documento".

Mas que problemas seriam esses?

Segundo Bignelli, a mancha na imagem de satélite não era petróleo.

"Após a operação [da PF] eu tive acesso ao relatório completo e fiz o caminho inverso: fui buscar as imagens que eles haviam usado e comprovei que meu veredito estava certo. Não era óleo, era clorofila", disse o coordenador-geral do CENIMA.

Concentrações de clorofila são comuns em regiões do mar aberto onde duas correntes oceânicas se misturam...

Em tempo: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou novos estudos para identificar a origem do petróleo. Atualmente, a aposta é de que o óleo partiu do sul da África...

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