Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / Durán: Lava Jato escondeu Messer e o Mainardi!

Durán: Lava Jato escondeu Messer e o Mainardi!

Moro protege o doleiro dos doleiros?
publicado 06/06/2018
Comments
M3.jpg

Do Viomundo:

Tacla Durán: Apesar de delações, Lava Jato do Paraná não investigou doleiro Dario Messer, nem ouviu jornalista Mainardi


O advogado Rodrigo Tacla Durán deu novo depoimento bombástico (...) no Congresso Nacional.

Começou denunciando procuradores e o juiz Sérgio Moro: “Esta é a segunda vez que eu sou chamado para falar no Congresso Nacional. Nunca tive a oportunidade de fazer isso perante a Força Tarefa da Lava Jato de Curitiba e do juiz Sérgio Moro, da 13a Vara Federal do Paraná. Eles nunca quiseram me ouvir sobre acusações que fazem contra mim. Me acusam de crimes que não cometi. Me ofendem publicamente e tentam me desqualificar o tempo todo. Dr. Moro tem ignorado solenemente a Constituição, a Lei Orgânica da Magistratura, o Código Penal, o Código de Processo Penal e o Estatuto de Direitos Humanos das Nações Unidas”.

Mais adiante, afirmou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados que “amordaçar testemunhas é um sinal claro que não está se fazendo justiça”.

(...) Autoridades da Justiça brasileira já se negaram cinco vezes a aceitar o depoimento de Tacla Durán, requisitado pela defesa do ex-presidente Lula.

Durán trabalhou como advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016.

No Brasil, responde a acusações de lavar dinheiro para a empresa no âmbito da Operação Lava Jato, mas não reconhece a jurisdição brasileira por viver na Espanha.

A Justiça espanhola negou a extradição do advogado.

Tacla Durán configura a maior ameaça ao acordo de delação de 77 executivos da Odebrecht, que sustenta a abertura de dezenas de inquéritos contra políticos, inclusive Michel Temer e o ex-presidente Lula.

Durán contou aos deputados que já respondeu a três oitivas do Equador, uma de Andorra, uma da Suiça, uma de Antigua e Barbuda, uma do México, uma do Peru, uma da Argentina e uma do Brasil.

No caso da oitiva solicitada pelo Ministério Público Federal, marcada para 4 de dezembro de 2017, na presença de um juiz e de um procurador espanhóis, Tacla Durán compareceu mas os procuradores brasileiros simplesmente não foram — dentre eles, Roberson Henrique Pozzobon e Orlando Martello Jr.

O MPF não explicou o motivo da desistência.

Àquela altura, Tacla Durán já havia feito as denúncias de corrupção na Lava Jato à CPMI da JBS.

Uma delas é de que o advogado Carlos Zucolotto Junior, compadre do juiz Sérgio Moro, queria tirar vantagem financeira de sua delação, que Zucolotto ajudava a negociar.

Como prova, além da troca de mensagens com Zucolotto, Durán mostrou à CPMI da JBS minuta do acordo que negociava com o MPF na qual a multa a ser paga por ele seria diminuída. Em troca, Zucolotto embolsaria R$ 5 milhões.

Tanto Moro quanto a esposa dele, Rosângela, que já trabalhou no escritório de Zucolotto, sairam publicamente em defesa do amigo.

(...) Tacla Durán voltou a denunciar que a delação premiada da Odebrecht foi organizada de forma a preservar a empresa, executivos da empresa e eventualmente autoridades que foram corrompidas pela empreiteira. (...)  também reafirmou suas denúncias contra a chamada “panela de Curitiba”, que envolveria escritórios de advocacia e procuradores da Lava Jato em acordos informais.

Seria a “indústria da delação premiada”, oferecendo vantagens em troca de denúncias específicas ou mesmo arquivando delações.

Durán deu como exemplos o doleiro Dario Messer e seus associados.

Embora delatados e alvos da Operação Câmbio, Desligo, da Polícia Federal, o chamado “doleiro dos doleiros” e seus sócios não são alvo de processos na Justiça Federal do Paraná.

Segundo Tacla Durán, Messer tinha acesso aos sistemas internos da Odebrecht e usava o codinome Flexão.

O doleiro está foragido.

Como lembrou o colunista Jeferson Miola, o “sumiço” de Messer é suspeito:

A fuga e o desaparecimento de Dario Messer adquire ainda maior relevância e valor investigativo depois da denúncia feita por doleiros acerca da existência de esquema mafioso mediante o qual o advogado Antônio Figueiredo Basto recebia US$ 50 mil dólares mensais como “taxa de proteção” para garantir que “eles [doleiros] seriam poupados nas delações decorrentes do caso Banestado, que correu na jurisdição de Sergio Moro”.

Em seu depoimento, Tacla Durán fez uma conta: considerando que Messer e quatro de seus associados teriam sido protegidos desde 1996 por Figueiredo Basto, o esquema poderia ter rendido ao advogado U$ 25 milhões.

Para Durán, a inexistência de ações contra Messer em Curitiba sugere que o suposto esquema do advogado Figueiredo Basto, originário do escândalo do Banestado, de fato funcionou.

Basto é um dos acusados por Durán de fazer parte da “panela de Curitiba”, de advogados que teriam ‘facilidades’ junto a integrantes da Lava Jato.

Tacla Durán também estranhou que, apesar de delações feitas pelos executivos Benedito Jr. e Henrique Valadares, da Odebrecht, não houve investigação sobre o jornalista Diogo Mainardi — que teria testemunhado um ato de corrupção — nem das empresas PVR Marketing e Propaganda e Empiricus, que teriam sido beneficiárias de dinheiro da empreiteira.

“Não sei se é o caso de proteção ou não, mas trata-se de seletividade. Há o caso do jornalista Diogo Mainardi, do Antagonista, que foi delatado por um funcionário de alto escalão da Odebrecht que é o Henrique Valadares. Nós não vimos nenhuma investigação aberta contra o jornalista ou contra a PVR ou contra a Empiricus em Curitiba. Existem pagamentos mapeados por perícias da Polícia Federal e o próprio video do Henrique Valadares que envolve o jornalista e isso nunca foi investigado”, testemunhou o advogado.

Mais tarde, Tacla Durán escreveu, em mensagem no twitter: “Obrigado pela audiencia ininterupta desde Veneza. Para de xilique. Vc sabe que eu te vi no Gero @diogomainardi”.

Segundo o delator Henrique Valadares (ver abaixo), Gero foi o restaurante do Rio em que ele, delator, viu na mesma mesa o então governador Aécio Neves, o empresário Alexandre Accioly e Diogo Mainardi.

Depois, Valadares recebeu um papel com dados de uma conta bancária de Accioly em Cingapura, para a qual deveriam ser feitos os pagamentos da propina de Aécio.

Na mensagem do twitter, Tacla Durán parece dizer que também viu Mainardi no Gero, mas não especificou quando, nem em quais circunstâncias.


Antes, o Conversa Afiada publicou:

Duran: Zucolotto pediu US$ 5 milhões em troca de proteção!

"Lava Jato transforma em inimigo quem questiona a República de Curitiba!"


Tacla: "Será que teremos que ser coniventes com o atropelo das leis?" (Reprodução)

Via Rede Brasil Atual:

O advogado Rodrigo Tacla Duran, que atuou como consultor da Odebrecht, voltou a afirmar que os sistemas eletrônicos Drousys e MyWebDay, utilizado pela construtora para gerenciar o pagamento de propinas, teriam sido adulterados de modo a produzir provas para incriminar figuras que estariam no alvo de procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

Em audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (5), Tacla Duran também destacou as negativas da Lava Jato em ouvi-lo sobre esses indícios de fraude na produção de provas. Segundo ele, antes de servirem como provas em diversas condenações, as planilhas da Odebrecht deveria ter sido periciadas pela Justiça, que poderia comprovar assim as ditas manipulações. 

Tacla Duran, que foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas teve por cinco vezes o seu depoimento negado pelo juiz Sérgio Moro. Ele denunciou o "cerceamento" do direito de defesa no âmbito da Lava Jato: "Amordaçar testemunhas é sinal claro de que não está se fazendo Justiça".

A recusa de Moro e da força-tarefa de Curitiba em ouvir as explicações de Tacla Duran, se deve, segundo o advogado, ao fato de ele não ter assinado acordo de delação premiada com a Lava Jato, que teria condições "melhoradas" após negociação realizada pelo advogado Carlos Zucolotto, ex-sócio da esposa do magistrado, Rosângela Wolff Moro, e padrinho de casamento do casal.

"Zucollotto me propôs que lhe desse 5 milhões de dólares em troca de sua proteção na Lava Jato", afirmou Tacla Duran, que comentou ter conhecimento sobre outros advogados que também "venderam proteção" contra acusados, o que configuraria um modus operandi da força-tarefa.

Perguntado pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ) se as manipulações nas planilhas extraídas dos sistemas eletrônicos teriam sido adulteradas em outros inquéritos, Tacla Duran afirmou tem conhecimento de outras manipulações similares que são tidos como "extratos bancários". 

"Hoje quem questiona o modus operandi da República de Curitiba é considerado inimigo da Lava Jato. Será que teremos que ser coniventes com o atropelo das leis?", questionou o advogado, ouvido como testemunha em outros sete países para dar explicações sobre o sistema de pagamentos de propina da Odebrecht. 

Tacla Duran confirmou que tinha acesso ao sistema Drousys, que servia para fazer a comunicação interna entre os envolvidos nos esquemas da Odebrecht. Ele contou que recebeu e-mails da direção da construtora alertando para que as informações necessárias fossem copiadas e depois destruídas, pois receavam que os sistemas poderiam ser apreendidos pela Justiça. "O sistema foi adulterado diversas vezes, foi montado para caso viesse a ser apreendido. Minha surpresa são as alterações posteriores ao bloqueio." 

De acordo com Tacla Duran, Zucolotto atuaria junto à força-tarefa com o intuito de reduzir penas e muitas que recairiam sobre ele, em troca do pagamento de US$ 5 milhões "por fora". Ele classificou a prática como "extorsão" e que, desde tal oferta, recusou o acordo, e então passou a ser perseguido por Moro e os procuradores de Curitiba. "Desde 2016, quando decidi procurar espontaneamente a Lava Jato, sou tratado como criminoso, alvo de ofensas. Mas, em momento algum, apresentaram qualquer prova contra mim?"

Após o caso vir à tona, em agosto de 2017, Tacla Duran detalhou a sua versão em outro depoimento prestado em dezembro do mesmo ano, em sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS. No mesmo mês, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) sob acusação de lavar dinheiro de propina da Odebrechet. "Essa é a segunda vez que sou chamado no Congresso Nacional. Nunca tive oportunidade de fazer isso perante a Lava Jato. Nunca quiseram me ouvir sobre as acusações que fazem contra mim."

Moro afirma que Tacla Duran, que tem dupla cidadania e vive na Espanha, é foragido da Justiça. O advogado contestou, afirmando que os procuradores é que não estiveram presentes em audiência marcada em colaboração com a Justiça espanhola, também em dezembro passado. "Os procuradores que solicitaram para vir, não vieram. A minha colaboração com Peru, Equador e Andorra, por exemplo, se mostrou extremamente eficaz. Resultou em diversas prisões e até em renúncias de presidentes."

Há seis meses, os deputados Paulo Pimenta, Wadih Damous e Paulo Teixeira (PT-SP) cobraram da Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue as acusações de Tacla Duran. A PGR decidiu arquivar a representação dos parlamentares, alegando que os documentos que o advogado aponta como falsos são "verídicos". Os deputados prometem recorrer da decisão, e insistem que Tacla Duran deve ser ouvido.

Questionado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) se as adulterações nos sistemas da Odebrecht serviriam também para encobrir práticas ilícitas dos próprios executivos, Tacla Duran foi categórico. "Sem dúvida. Por isso que estou sendo acusado, no lugar deles."