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Golpe de direita fracassou: S rebaixa nota dos EUA

Agência de avaliação de riscorebaixou a nota da divida dos EUA de triplo “A” para duplo “A”.
publicado 06/08/2011
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A agência de avaliação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota da divida dos Estados Unidos de triplo “A” para duplo “A”.

Isso nunca tinha acontecido antes.

Os economicistas de sempre dirão que se trata de uma questão fiscal.

Há muito tempo se sabe que “a maior potência do mundo não pode ser a maior devedora do mundo”, na opinião de um dos responsáveis pelo desastre, Larry Summers, que foi ministro de Clinton e conselheiro de Obama.

Também se sabe há algum tempo que o dólar, progressivamente, deixará de ser a única moeda de reserva do mundo.

Quanto ao Império americano, já se percebe a aproximação inelutável de Odoacro, vindo do Leste.  

É bom também colocar um pouco de sal na “nota” da Standard & Poor’s.

O Tesouro americano diz que houve um pequeno erro de um trilhão de dólares.

E o filme “Inside Job” mostrou que essas agências de risco constróem  seus modelos em cima de uma Ciência que prospera no PiG (*) brasileiro: o “Achômetro”.

Porém, há uma novidade importante na “nota” da S&P.

É a avaliação política.

O problema americano, mais do que fiscal, é a disfuncionalidade do sistema político.

Recentemente, no Valor, Delfim Netto mostrou que os Estados Unidos têm sido capazes de rolar a divida pela mesma taxa de juros, com crise ou sem crise de teto da divida.

Os Estados Unidos não têm um problema de solvência e, portanto, não têm um problema da liquidez.

Nem os chineses, por ora, com o seu U$ 1,5 trilhão em títulos do Tesouro americano, pretenderiam parar de comprar títulos do Tesouro.

O problema, agora, é outro.

O sistema político americano não funciona:

"More broadly, the downgrade reflects our view that the effectiveness, stability, and predictability of American policymaking and political institutions have weakened at a time of ongoing fiscal and economic challenges to a degree more than we envisioned when we assigned a negative outlook to the rating on April 18, 2011,"

Diz a S&P:

O rebaixamento reflete a visão de que as instituições políticas americanas perderam a eficácia, a estabilidade e previsibilidade exatamente agora que se aprofundou o problema fiscal e econômico.

Os extremistas de direita do movimento Tea Party – aqui representados, na campanha presidencial de 2010, pelo Padim Pade Cerra – dominaram o Partido Republicano.

O Partido Republicano dominou a agenda política com o controle do PiG (*), especialmente das empresas do Murdoch – aqui representadas pela Globo e Ricardo Teixeira.

O Partido Republicano dominou o Congresso.

E dominou o Governo Obama.

O Tea Party deu um Golpe de Estado parlamentar, como o aqui tentado pelo ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (**), que quase emplacou um Golpe de Estado da Direita, via Judiciário.

Com o Golpe, o Tea Party aprovou um corte no Orçamento que, breve, poderá significar um arrocho insuportável nos pobres.

Só que desmoralizou o país.

Ou melhor, desmoralizou um dos ativos do Império, a credibilidade de sua moeda, de sua divida.

O Golpe de Estado não funcionou.

Só demonstrou que o Estado não funciona mais.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.