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Grampos: Lava Jato vira uma esculhambação

Também ... com o zé na Justiça...
publicado 05/11/2015
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No iG:

Lava Jato: Grampos enfraquecem investigação sobre escuta na cela de Youssef

Escutas fragilizam hipótese de que aparelho usado para vigiar Fernandinho Beira-Mar seja o mesmo encontrado por doleiro

A investigação que apurou a existência de um grampo dentro da cela ocupada por Alberto Youssef (sindicância 04/14 presidida pelo delegado Maurício Moscardi Grillo), denunciado na Operação Lava Jato, deverá sofrer outro golpe: a instalação de duas escutas ambientais na carceragem da Superintendência da Polícia Federal do Paraná em 2012. Os grampos foram demandados pela Divisão de Contra Inteligência da Polícia Federal em Brasília.

Deflagrada na região de Guaíra, na fronteira do Estado do Paraná com o Paraguai em 6 de julho de 2012, a Operação Erupção buscou desarticular um grupo composto por policiais federais e empresários suspeitos de facilitar o contrabando e o descaminho de mercadorias em área de fronteira. Eles teriam recebido vantagens financeiras de criminosos para deixar de combater as ações ilícitas. Esses dois grampos teriam sido instalados na Superintendência da Polícia Federal do Paraná pelo mesmo agente que diz ter feito a instalação do grampo na cela de Beira-Mar, esse com autorização judicial, e posteriormente na cela de Alberto Youssef.

Dalmey Fernando Werlang teria sido auxiliado pela mesma equipe que o ajudaria posteriormente a fazer a instalação na cela do doleiro. Os dois grampos da Operação Erupção foram instalados para possíveis monitoramentos dos detidos na ocasião. Segundo o iG apurou, eles nem chegaram a ser ativados. A instalação os equipamentos de escuta obedeceu à demanda do delegado Rodrigo de Campos Costa, atual delegado de combate ao crime organizado em São Paulo, e que na época foi o responsável pela deflagração da Operação Erupção.

Após a demanda vir de Brasília, da Divisão de Contra Inteligência, os grampos foram providenciados justamente por não haver nenhum escuta instalada disponível, confirmando a informação de que o grampo usado para monitorar Beira-Mar já não estava disponível na carceragem da Superintendência da Polícia Federal do Paraná em 2014, quando Youssef ocupou a cela cinco daquela carceragem. Esse dado fragiliza ainda mais a sindicância presidida por Moscardi.

Conforme concluiu a sindicância 04/14, presidida por Moscardi, a escuta encontrada por Youssef na carceragem de Curitiva datava da passagem de Beira-Mar na custódia e estava desligada. Esse parecer consta no relatório final da CPI da Petrobras.

"A sindicância sobre a escuta na cela de Alberto Youssef foi presidida pelo delegado Mauricio Moscard Grilo. A conclusão é de que a escuta fora instalada em 2008 para monitorar Fernandinho Beira-Mar e estava desativada", informa o relatório final da CPI da Petrobras.

Não bastassem outros indícios apontando possíveis falhas nessa conclusão, como a que atesta que o aparelho encontrado no local era um AT 160, comprado pela Polícia Federal em data posterior à passagem de Beira-Mar pelo local, conforme o iG noticiou, surgem agora dois outros grampos. As novas investigações conduzidas pelo delegado Alfredo Junqueira, da Corregedoria-Geral da Polícia Federal, já concluíram que uma das escutas encontradas na Superintendência da Polícia Federal no Paraná em 2014, aquela colocada no fumódromo, era ilegal. Resta a conclusão sobre a escuta encontrada na cela de Youssef, cujo resultado poderia ter efeitos sobre a Operação Lava Jato como um todo.

Sobre o grampo instalado na cela de Youssef, Werlang disse à Justiça Federal o mesmo informado à CPI da Petrobras. Que o fez por demanda dos delegados Igor Romário de Paula, Marcio Adriano Anselmo e Rosalvo Ferreira Franco, superintendente regional da Polícia Federal do Paraná.

"Estiveram na minha sala no Núcleo de Inteligência o delegado Igor [Romário de Paula], o delegado Rosalvo [Ferreira Franco, superintendente da Polícia Federal no Paraná] e o delegado Márcio [Adriano Anselmo] solicitando uma instalação com urgência em uma das celas. Até então eu não sabia do que se tratava, apenas fui demandado para dar essas condições para que posteriormente talvez eles precisassem para executar alguma atividade que eles estavam investigando", disse Dalmey na presença do juiz Sergio Moro.

Tanto De Paula como Anselmo negaram tal versão em depoimento na Justiça Federal. "Essa ordem não existiu por nenhuma das autoridades envolvidas na investigação Lava Jato e nem da Superintendência da Polícia Federal. Até o momento em que ela foi encontrada nós desconhecíamos que esse tipo de aparelho estava instalado no forro da custódia", disse De Paula. "A testemunha que foi ouvida anteriormente [Werlang] era lotada em outro setor e eu não tinha qualquer relação hierárquica com ela. Eu não teria como ter dado qualquer ordem nesse sentido para ela sem um canal hierárquico", afirmou Anselmo em seu depoimento.


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