Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / 2010 / 08 / 03 / Juiz que prendeu Dantas duas vezes não crê na Justiça

Juiz que prendeu Dantas duas vezes não crê na Justiça

O corajoso Juiz Fausto De Sanctis correu um sério risco: submeter-se ao “Roda-Morta”, programa da TV Cultura de SP.
publicado 03/08/2010
Comments



O corajoso Juiz Fausto De Sanctis correu um sério risco: submeter-se ao “Roda-Morta”, programa da TV Cultura de São Paulo, que se tornou um pelotão de fuzilamento a serviço dos tucanos de São Paulo.

Além de ser infinitamente chato !

Nesta segunda feira, o risco era maior, porque uma das estrelas do pelotão era o “jornalista” Marcio Chaer – clique aqui para ler “Chaer faz papel de imparcial e dá notícia contra Dantas”.

O outro risco era Fausto Macedo, jornalista do Estadão, que, por notável coincidência, deu inúmeros e imperdíveis furos nas 785 entrevistas semanais que o Supremo Presidente do Supremo deu ao Estadão, transformado em house-organ do Presidente Supremo do Supremo.

Chaer e Macedo fizeram perguntas que Gilmar Dantas (*) e Dantas talvez gostassem de fazer, se ali pudessem estar (de corpo presente).

A pérola foi o Chaer perguntar se De Sanctis votaria em Protógenes Queiroz para deputado federal.

Como se o De Sanctis fosse um tolo – opinião de que Dantas, certamente, não compartilha.

O fato é que os dois, Macedo e Chaer não foram sequer provocadores – foram ineptos.

Fizeram perguntas mal formuladas – Chaer é um mestre nisso - e irrelevantes – é a especialidade do Macedo.

O trágico foi constatar que o juiz que prendeu o passador de bola apanhado no ato de passar bola não acredita na Justiça brasileira.

Trata-se de um homem decepcionado com a possibilidade de se cumprir a Lei.

Cético, porque um criminoso como Dantas não vai para a cadeia.

De Sanctis descreveu os inúmeros instrumentos de que os advogados de clientes ricos – como Dantas, que De Sanctis, apesar de provocado, não mencionou -  dispõem para impedir que a Justiça se exerça.

O HC, as liminares, os pedidos de certidão todo dia – expediente comum de advogados chicaneiros do Dantas – e as ameaças ao Juiz.

E esse é um ponto central do depoimento melancólico do brilhante e corajoso De Sanctis.

Advogado de rico ameaça juiz de primeira instância e fica por isso mesmo.

De Sanctis já foi ameaçado: se o senhor não fizer o que eu quero, vou ao Conselho Nacional de Justiça !

Os juízes de primeira instância são desmoralizados, inclusive nas instâncias superiores, que não lêem o que o juiz de primeira instancia escreve !

Quanto mais se sobe nas instâncias da Justiça brasileira, menor a credibilidade !, disse De Sanctis.

Os ricos querem pular a primeira instância – ele disse (quem será, amigo navegante ?).

O sistema judicial brasileiro não funciona !, falou o juiz mais famoso do Brasil.

É preciso reinventar o Judiciário brasileiro.

É insuportável ser juiz criminal de Primeira Instância no Brasil.

Rico não vai para a cadeia, é o resumo da entrevista - embora ele não tenha dito isso, dessa forma.

Mas é a essência do testemunho de De Sanctis, ao passar o trator sobre o Chaer e o Macedo: o Dantas não está na cadeia porque o Gilmar não quis !

Se o Chaer e o Macedo foram lá para massacrar o De Sanctis, assistiram à amarga acusação de um Juiz probo: acusação ao sistema que engendra, tolera e garante a liberdade de Dantas.

Dantas foi o sujeito oculto do “Roda Morta”.

E saiu de lá enxovalhado.

Em tempo: o Conversa Afiada gostaria que De Sanctis ocupasse a cadeira de Eros Grau, que, hoje, em boa hora, deixou o Supremo. Jamais o esqueceremos.


Paulo Henrique Amorim


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista (**) do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista (**) da GloboNews e da CBN se refere a Ele.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (***) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.