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Eduardo Cunha e a MP dos Porcos

A saída é o financiamento público
publicado 09/05/2013
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Com a bilionária batalha que se trava em torno da modernização dos portos - clique aqui para assistir ao contundente pronunciamento de Anthony Garotinho da tribuna da Câmara e leia o post "Portos, Dilma vai se sobrepor aos interesses de Daniel Dantas" -, o Brasil se aproxima perigosamente da "Democracia" americana.

Lá, mais do que em qualquer outra "Democracia", sai mais barato comprar o Congresso a modernizar uma indústria.

Os portos brasileiros se tornaram um centro de ineficiência, corrupção, Caixa Dois de campanha eleitoral e precarização do trabalho.

O que pode haver de pior como sub-produto da Privataria Tucana.

(O amigo navegante está satisfeito com a operadora de telefone ?)

(Quando o presidente Barbosa vai legitimar a Satiagraha ?)

Como nos Estados Unidos, o setor empresarial atrasado, cartelizado cercou o Congresso em lugar de aprimorar seus negócios.

A relacao custo-benefício é melhor.

Em dúvida, leia "The Predator Nation", de Charles Ferguson, o empresario-cineasta que desmascarou o banditismo da desregulamentação do sistema financeiro americano, com o premiado documentario "Inside Job".

Está tudo lá.

Como na MP dos Porcos.

A chamada "emenda aglutinativa" de Eduardo Cunha, um Varão de
Plutarco, continha os mais despudorados interesses empresariais.

Todos ele, na "vanguarda do atraso".

Como se sabe, uma das estratégias da indústria financeira americana  foi levar para o board dos bancos representantes dos partidos Democrata e Republicano, em fatias iguais.

Quanto maior o interesse da indústria, maior sua contribuição a campanhas eleitorais.

Os bancos são imbatíveis.

As empreiteiras nem tanto, porque os Estados Unidos não constroem uma estrada desde Eisenhower.

Os dirigentes de agências reguladoras ou comissões do Congresso sabem que, em pouco tempo, podem ir trabalhar em bancos, com bonus cem vezes maiores do que a retirada de funcionário público ou parlamentar.

Os bancos contratam legiões de think tanks e cérebros disponíveis - na Academia e na Imprensa (?) - para prestar assessoria.

Ou dar palestras para pregar o que a plateia está careca de saber, em troca de cachês de corar a Madre Superiora.

Assim fizeram os bancos americanos, fabricantes dos derivativos tóxicos e a indústria automobilística, que se recusava a enfrentar os japoneses e coreanos.

Um senador americano ou a mulher do senador que presidia a Comissão dos Bancos sai mais em conta do que lutar, no campo plano e democrático das ideias e do voto, contra uma legislação reguladora.

Meia dúzia de deputados era capaz de fechar os portos aos carros japoneses, o que saía mais barato do que aprender a fazer carro e obrigar os executivos americanos a ter salários iguais ao de um japones do mesmo nivel.

A "Democracia" americana foi congelada dentro de um Congresso sitiado por grana.

Como a ineficiência e a cartelização aprofundam a desigualdade da renda, essa "Democracia" acentua o problema que Dani Rodrik denunciou nos "Dialogos Capitais": a desigualdade de renda nos Estados Unidos, hoje, é a mesma dos anos 20 do seculo passado, antes do New Deal de Roosevelt e da construção da rede de proteção social.

A democracia braasileira, na MP dos Porcos, imitou o que os Estados Unidos tem de pior: a nação dos predadores de Fergusson.

Só tem uma saída.

Romper o cerco ao Congresso.

Com o financiamento público das campanhas.

É o que o presidente Lula anuncia no programa do PT desta quinta-feira - clique aqui para ler no Blog do Dirceu.

Financiamento público e voto em lista.

Senão, os predadores ganham a guerra.

Paulo Henrique Amorim