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Financiamento público de campanha. PSDB e PMDB preferem Caixa Dois

Você é favor do que está aí, amigo navegante ?
publicado 01/11/2011
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No próximo dia 9, a Comissão Especial de Reforma Política da Câmara deve votar o relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) que recomenda o financiamento público da campanha política.

Se for derrotada, a proposta será arquivada.

E a eleição de 2014 será como é hoje: o império do Caixa Dois.

Em 2002, as eleições para Presidente, Governador, Senador e deputados Federal e Estadual custaram R$ 827 milhões.

Isso é o que foi DECLARADO.

Fora o Caixa Dois.

Como se sabe, uma boa parte do financiamento das campanhas, hoje, é em dinheiro vivo, não contabilizado.

Como diz este ansioso blog, o Caixa Dois na política é tão brasileiro quanto a goiabada com queijo.

Em 2010, o custo dessas campanhas foi de R$ 4,9 bilhões.

Portanto, houve um aumento DECLARADO de 591%.

Assim, se não houver o financiamento público, só vai ser político quem for muito rico, ou se submeter aos interesses dos financiadores.

Ou seja, o Congresso brasileiro será o espelho dos interesses das empreiteiras, dos bancos, da indústria farmacêutica – mais do que hoje.

Das 513 campanhas mais caras para deputado federal, em 2010, 369 foram eleitos.

Ou seja, com grana o candidato tem 72% de chances de ser eleito.

É por isso que a Maria da Conceição Tavares, o Florestan Fernandes, o Milton Temer (o primeiro a pedir informações ao Banco Central sobre as operações do banco Opportunity, ainda no Governo FHC) e o Delfim Netto não conseguem mais se eleger.

Quanto será distribuído sob a forma de financiamento público ?

Segundo o relatório de Fontana, o limite de gastos será fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Quanto irá para cada partido ?

25% do dinheiro serão distribuídos igualmente entre TODOS os partidos.

O resto será proporcional ao número de votos – porque, numa democracia, quem tem mais votos vale mais, não é isso Padim Pade Cerra ?

O financiamento público é a única forma de partidos como o DEMO e o PP sobreviverem.

Porque não têm candidato próprio à Presidência da República, o DEMO e o PP morrem na praia, na primeira pesquisa do Globope ou do Datafalha.

Na primeira pesquisa do Globope e do Datafalha, o Cerra sai sempre na frente.

(Notável coincidência.)

Aí, a grana vai para o PSDB ...

Quem são os maiores adversários do financiamento público ?

O PMDB e o PSDB.

Dentro do PMDB, quem são os mais ferrenhos adversários do financiamento público ?

O (vice) Presidente Michel Temer, que defende um estapafúrdio “plebiscito”.

E Eduardo Cunha, por uma questão de princípios filosóficos.

Ele é a favor da livre iniciativa.

Especialmente em Furnas.

No PSDB, o baluarte da campanha contra o financiamento público é o Padim Pade Cerra.

Ele tenta fulminar o relatório Fontana pelo lado errado.

Cerra defende o voto distrital, para atacar o voto fechado em lista, que não faz parte do projeto Fontana.

O Cerra e seus arautos no PiG (*) são contra esse moinho de vento: o voto fechado em lista.

Na verdade, o objetivo de Cerra e seus arautos é derrotar o financiamento público.

Um desses arautos é quem Leandro Fortes, na Carta Capital, chamou de Brucutu: um senhor Graeff, que, na derrota de 2010, operou as redes sociais para o Cerra.

É essa turma, amigo navegante: Michel Temer, Eduardo Cunha, um Brucutu e o Padim Pade Cerra.

Você é favor do que está aí, amigo navegante ?

O que está aí é o Caixa Dois no centro da política brasileira.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.