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“Ressurge a democracia” - o Globo, em 2 de abril de 1964. Depois, foi dedo duro

Transcrevemos aqui o editorial que o Globo escreveu logo após o Golpe
publicado 31/03/2011
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No dia de hoje, 31 de março de 1964, houve a intervenção militar, a maior desgraça que se abateu sobre o Brasil, depois de três séculos de Escravidão (ainda inacabada).

Clique aqui para ler a entrevista de Mino Carta ao Abujamra: “O PiG implorou pelo Golpe militar”.

O Conversa Afiada deseja aliar-se aos que, em surdina, celebram a intervenção.

Muitos historialistas se desculpam com pretenso Golpe que o Jango ia dar – a intervenção teria sido um ato de “guerra de prevenção”, como dizia o Bush, filho.

E convoca o jornal O Globo para, em seu nome, brindar o regime que o deputado Bolsonaro ainda defende.

Transcrevemos aqui o editorial que o Globo escreveu logo após o Golpe.

No dia 2 de abril.

Em seguida, o amigo navegante verá como o Globo logo cedo, rápido começou a prestar serviços ao regime militar ( aos torturadores hoje devidamente anistiados).

É o Globo, no dia 7 e abril, a desempenhar o papel de dedo-duro.

Contemple, amigo navegante, a história do PiG (*).


2 de abril de 1964

“Ressurge a Democracia”

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.


Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.


Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.


Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.


As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”


No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.


Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.


Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.


A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.


Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”


Aqui, a dedoduragem:

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/09/22/globo-foi-o-maior-dedo-duro-de-1964/

Publicado em 22/09/2010

Amigo navegante enviou ao Conversa Afiada essas duas páginas do Globo de 7 de abril de 1964.

É um documento histórico.

Atribuído a um grupo de democratas, o Globo publicou no dia 7 de abril de 1964, poucos dias depois da intervenção militar, a lista dos que tinham assinado um manifesto do Comando dos Trabalhadores Intelectuais.

Como hoje, o Globo do Dr Roberto colaborava com o Golpe: “chamamos a atenção de alto-comando militar para os nomes que o assinaram”.

É o dedo duro na sua manifestação mais cristalina.

Repare, amigo navegante, alguns dos nomes que o Globo queria mandar para a câmara de torturas:

Ferreira Gullar, Carlos Diegues, Arnaldo Jabour, Chico Anísio, Paulo Francis, Tereza Rachel, Jorge Zahar.

Que horror !

É a “Lista de Schindler” de sinal trocado: é a “Lista do Globo”, dos que deveriam ser cremados.

Viva o Brasil !

Em tempo: se o amigo navegante quiser ler a lista completa dos dedodurados pelo Globo clique no endereço do post.