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Manaus: presos continuam sob ameaça de degola

"A gente fica com tanta sede que chega a tomar água do vaso sanitário", diz um deles.
publicado 11/01/2017
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Presos na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa pedem transferências por medo de vingança de inimigos a qualquer instante (Créditos: FELIPE SOUZA/BBC BRASIL)

Na BBC

Presídios palcos de chacinas têm internos bebendo água de privada, sinal de celular e ameaças de decapitação

É inevitável entrar no presídio onde 56 pessoas morreram no primeiro dia do ano e não lembrar os vídeos de extrema violência que foram compartilhados em redes sociais na última semana. Gritaria, explosões, tiros e corpos esquartejados e carbonizados amontoados.

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Ao lado de equipes de TV, eles estavam em busca de informações e faziam protestos para ter o direito de levar comida aos presos, que não recebem visitas desde a matança. Algumas famílias estavam havia horas com alimentos perecíveis sem refrigeração, como um frango inteiro e carnes, aguardando autorização para entregar. Depois de cruzar essa barreira, algumas portas e um longo corredor, chega-se à sala da direção do presídio.

Um furo na vidraça da janela chama a atenção. "Foi no dia da rebelião que fizeram isso. Um tiro disparado pelos presos atravessou o vidro e acertou um agente que estava aqui dentro para você ter uma ideia", relata o secretário de Administração Penitenciária do Estado, Pedro Florêncio, que também estava na comitiva.

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Dali, foi possível ver parte do cenário onde ocorreu a chacina que repercutiu internacionalmente. O secretário, porém, recomendou que ninguém entrasse no local que abriga 1057 presos. "Não tem a menor condição". A decisão foi respeitada.

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Eles passam a fazer suas reivindicações em voz alta. "Por favor, nos ajudem! A gente não tem nenhum item de limpeza pessoal e, para piorar, estão fechando nossa água. A gente fica com tanta sede que chega a tomar água do vaso sanitário", diz um deles.

Outro mostra sua perna machucada. Assim como ele, outros presos mostram marcas que herdaram da chacina no Compaj, e pedem para que sejam levados a um hospital. Também há reclamações de hipertensos e diabéticos sem remédios.

 Familiares de presos aguardavam em barreira com alimentos perecíveis sem refrigeração aguardando autorização para entregar (Créditos: FELIPE SOUZE/BBC BRASIL)

Visão por meio de buraco feito por tiro em sala da direção do Compaj  (Créditos: FELIPE SOUZA)

Cômodo usado por funcionários foi alagado e colchões estão sujos e velhos (Créditos: FELIPE SOUZA)