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PEC 37: Globo e Gurgel ganham mas não levam

Se o monopólio da Polícia é um monstro, o que dizer das investigações secretas, opacas do MP ?
publicado 26/06/2013
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Faltam 26 dias para Gurgel descer à planície e encontrar o senador Collor.

A Globo lhe ofereceu um “golden parachute” – aquelas despedidas douradas que as empresas americanas dão aos leais servidores na hora de partir para o anonimato eterno.

O paraquedas de ouro foi a derrota retumbante da PEC-37 no Congresso.

A vitória só foi possível porque a Globo empurrou a questão na cobertura das passeatas e, inexplicavelmente, passaram a aparecer no meio dos telejornais (?) da Globo comerciais de 30'' que custam, por inserção, R$ 400 mil, R$ 500 mil.

Quem pagou essa ninharia ?

O Demóstenes ?

(Quando o Demóstenes vai revelar o conteúdo das gravações que tem ?)

O Cachoeira ?

A vitória da Globo na campanha publicitária da PEC-37 foi provisória.

Agora, vem a regulamentação.

E se muitos congressistas não queriam ficar nas mão de um monstro – o monopólio de investigação da Polícia, muitos não querem ficar na mão de outro monstro – o Ministério Público descontrolado, de poderes ilimitados.

Clique aqui para ler “MP é o DOI-CODI da democracia”.

Assim é que na hora de a onça beber água e quando for feita a regulamentação, o Ministério Público será obrigado a investigar sob o regime do mesmo estatuto da Polícia.

Sob o controle da Magistratura, portanto.

Não pode sair por aí a investigar em silêncio, grampear quem bem entender, com a ajuda de um inexplicável Guardião, um verdadeiro gramping center.

Sob o controle a Magistratura, a investigação terá que estar aberta ao contraditório, sem agendas ocultas, pessoais.

O que interessa à sociedade é a produção das provas.

E o respeito às regras da Democracia no trabalho de produzir provas.

Se as provas vierem do MP ou da Polícia, é indiferente.

Desde que policiais e promotores se submetam às mesmas leis.

Tenham que prestar contas de seus métodos.

Vamos supor que essas regras estivessem para ser aprovadas ontem.

Mas, em respeito à “voz das ruas” (com a legenda da Globo) muitos parlamentares preferiram se fingir de mortos.

Vamos supor, amigo navegante, que um tresloucado Procurador de nome João Francisco de Oliveira e Souza resolva investigar um dos filhos de um filho do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio.

Por uma vendeta pessoal, inconfessável.

O Procurador Souza não avisa a ninguém, grampeia o indigitado jovem, investiga sua vida pessoal e empresarial, compõe um dossiê completo sobre ele – no plano da pessoa e da vida dos negócios.

E resolva extrair dele um beneficio – em dinheiro, em prestígio, em poder.

Um comercialzinho de 30'' no jn.

Ou apenas vingar-se.

Mostra o dossiê.

E o que faz o filho do filho do Roberto Marinho ?

Vai reclamar ao Gurgel ?

Quantos brasileiros já foram vítimas de investigações de promotores inescrupulosos absolutamente impunes ?

Na região de Campinas, por exemplo.

Terá sido possível ?

É uma hipótese remota, mas sempre uma hipótese.

E você, amigo navegante ?

Tem algum desafeto ?

E se o desafeto for amigo de um promotor ?

É isso o que a Globo quer para ela ?

Ela sabe melhor do que ninguém: o mundo gira e a Lusitana roda.

O mundo gira e o Procurador roda.


Paulo Henrique Amorim