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Weintraub tenta censurar a Wikipedia

Ministro (sic) quer esconder episódios no mínimo polêmicos
publicado 08/09/2019
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(Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil)

O ministro (sic) da Educação, Abraham Weintraub, tentou censurar a Wikipedia, enciclopédia online colaborativa que já acumula mais de 1 milhão de verbetes.

O verbete sobre Weintraub foi criado em 8 de abril deste ano, logo após a sua nomeação para o MEC.

Como é de praxe na Wikipedia, aos poucos o conteúdo sobre Weintraub passou a ser editado por usuários, conforme notícias sobre o ministro eram divulgadas pela imprensa.

As regras da enciclopédia virtual preveem que todas as informações acrescidas ao verbete devem vir acompanhadas de referências a fontes externas.

É natural que, aos poucos, episódios no mínimo polêmicos na vida de Weintraub passassem a fazer parte de sua página na Wikipedia - como o fato de que ele e o irmão abriram, em 2011, um processo judicial para tentar interditar o pai, ou ainda o anúncio dos cortes brutais em verbas para a educação, de acordo com a Deutsche Welle.

Eis que o MEC decidiu solicitar a retirada do verbete do ar e ainda ameaçou tomar medidas judiciais.

O caso chegou à Câmara dos Deputados na quarta-feira 4.

Marcelo Freixo (PSOL) protocolou solicitação formal para que o ministro preste esclarecimentos.

Rodrigo Padula, gerente de projetos da Wikipedia Lusófona, concedeu entrevista à DW e classificou a atitude de Weintraub como "tentativa de censura". Vale destacar alguns trechos:

DW Brasil: Como está a situação hoje, neste caso com o MEC?

Rodrigo Padula: Respondi aos e-mails do ministério [o primeiro foi enviado em 27 de junho; o último, em 13 de agosto], oferecendo auxílio, capacitação e orientações sobre as dinâmicas da Wikipédia, mas eles nunca nos responderam. A equipe de comunicação do MEC solicitou que excluíssemos o verbete porque eles não estava conseguindo editar e, segundo eles, não estavam tendo "direito ao contraditório". Fato é que o conteúdo foi bloqueado para proteger as informações. Todas as tentativas de edições mal feitas a um artigo são tratadas como vandalismo, independentemente do interesse – até aquele momento, nem sabíamos que havia gente do próprio ministério tentando editar o verbete. Entendemos que temos o direito de publicar informações biográficas corretas de uma pessoa pública. E se o MEC não está de acordo com tal entendimento, vemos isso como tentativa de censura.

Houve ameaça judicial?

Em 13 de agosto, mesmo sem responder a meus e-mails, eles enviaram nova mensagem dizendo que se não agíssemos conforme eles queriam em cinco dias, tomariam medidas judiciais. Nossa estranheza é pelo fato de que se tratava de uma questão puramente pessoal: a biografia do ministro. E ele estava usando o poder do Estado e funcionários públicos para tentar pressionar os editores da Wikipédia. Senti-me coagido. Foi tentativa do Ministério da Educação de censurar a Wikipédia. Se a moda pega, o projeto corre risco.

(...) Qual o status atual do verbete dele na plataforma?

O artigo foi protegido para edição por usuários anônimos e novatos por um período, depois esse período acabou expandido. Após o e-mail do MEC, eu removi a proteção, permitindo que qualquer pessoa editasse, inclusive a equipe do ministro, desde que respeitasse as regras da Wikipédia. Houve muito vandalismo, principalmente contra a posição do ministro de censurar a Wikipédia. Corrigimos o verbete e novamente o protegemos, sempre agindo com boa-fé. Esse bloqueio protege o próprio ministro, já que a maior parte das edições, dos vandalismos, era contra ele.

A luta dele contra a Wikipédia foi incluída em seu verbete, sempre com base em referências, ou seja, informações fiáveis de terceiros. Na Wikipédia não trabalhamos nem para um viés ideológico, nem para outro – o conteúdo deve se reger pela imparcialidade, pela pluralidade de fontes, pelas referências. E, como o caso envolve o Ministério da Educação, é importante dizer que a plataforma é importante para a Educação por promover o conhecimento aberto. Conhecimento aberto não é de direita nem de esquerda.

(...)

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