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Ciro mira no sistema financeiro

Lupi: o PT terá candidato e a Direita também está dividida...
publicado 09/04/2018
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Lupi entre Ciro e Brizola. No fundo à Direita, o olhar traiçoeiro de Judas Iscariotes (Créditos: Givaldo Barbosa/Ag. O Globo)

O Conversa Afiada reproduz a entrevista do ansioso blogueiro, por telefone, na manhã de 9/IV, com Carlos Lupi, presidente do PDT, que lançou Ciro Gomes candidato a Presidente (aqui para ouvir a entrevista na íntegra):

PHA: Eu converso com Carlos Lupi, presidente do PDT, que tem um candidato a presidente da República, Ciro Gоmes. Presidente Carlos Lupi, qual é a posição do PDT agora, nesse momento, em que o presidente Lula foi preso?

Lupi: Olha, a nossa posição já está explicitada, publicada, há algum tempo. Nós achamos que essa ação do Judiciário é uma ação inconstitucional, que fere os princípios básicos da Constituição brasileira. Achamos que não existe prova nenhuma nesse primeiro processo, o do famoso triplex. Achamos, inclusive, que esse processo gerou uma perseguição ao presidente Lula. Ao ex-presidente Lula. E nós somos completamente solidários com o que vem passando o ex-presidente.

PHA: Por que o candidato Ciro Gоmes não estava no palanque de São Bernardo quando o presidente Lula anunciou que ia se entregar?

Lupi: Tanto o nosso candidato Ciro Gоmes quanto o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad estavam em Harvard fazendo uma palestra para brasileiros de lá. 

(Trata-se de Alexandre Padilha. Era para ser Fernando Haddad, mas ele ficou em São Bernardo. - PHA)

(...) Então não houve possibilidade de tempo útil para que ele chegasse a tempo. Então, nós vamos fazer, sem nenhuma conotação eleitoral. O Ciro é uma candidatura irreversível, já falei isso algumas vezes. Mas vamos prestar solidariedade ao presidente porque julgamos que ele está sendo injustiçado nesse processo.

PHA: Qual a posição que o senhor acha que o PT deve adotar em relação à candidatura de Ciro Gоmes, agora que o presidente Lula, provavelmente não será mais candidato?

Lupi: A natureza do PT é a natureza de sempre lançar candidato. Tem uma visão hegemônica do processo. Então acho bem provável, quase certo, que eles lancem a candidatura do próprio ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o que é legítimo, o que é natural. E nós vamos continuar na nossa pregação, na nossa campanha, no nosso projeto nacional, de desenvolvimento nacional. Vamos continuar nos diferenciando, principalmente, nessa área de experiência. O Ciro é um homem que tem muita experiência, foi duas vezes ministro de Estado, governador do estado do Ceará, prefeito de Fortaleza... É um homem que tem muito preparo nessa área econômica, vamos continuar fazendo um grande debate contra o capital especulativo, o sistema financeiro - que, na nossa opinião, é o que sangra a economia brasileira.

E colocando o nosso currículo. Eu digo sempre o seguinte: quando a população está num momento como vive hoje o Brasil, atordoada, com dificuldade, radicalizada, a melhor maneira de você escolher um candidato é tendo um exemplo. E o Ciro tem um exemplo de vida. Quem não conhece o Ciro, vá ao Ceará, veja como estão as finanças do estado do Ceará, veja como está a educação no estado do Ceará - questão fundamental nesse momento de crise é saber como estão as finanças e como está a educação. Finança cuida do presente, educação cuida do futuro.

E vamos continuar com nossa candidatura, afirmando nossos princípios e fazendo um grande debate nacional.

PHA: O fato de haver uma fragmentação de candidatos do lado esquerdo do espectro político não cria o risco de a esquerda não ir para o segundo turno?

Lupi: Olha, da mesma maneira, também está fragmentada a direita. Você tem uma eleição muito parecida com a de 1989, onde você tinha cerca de 14, 15 candidatos. No meu modo de ver, isso vai se repetir, vai ser uma eleição muito pulverizada. E todo mundo se julgando com chance. Quem tiver 14, 15% dos votos tem chance de ir pro segundo turno. Foi o que aconteceu, inclusive, com o Lula em 89, quando ele acabou tirando o Brizola do segundo turno por duzentos mil votos. Ele teve cerca de 15% dos votos e o Brizola 14,5%.

Então, acho que vai ser uma eleição parecida. Penso que a nossa grande contribuição para a sociedade é fazer um grande debate sobre o sistema financeiro, colocando claro para a sociedade que ele é o câncer da sociedade moderna, o lucro pelo lucro que não gera emprego, que é só especulação, que vive da especulação e que explora o trabalhador.

Então esse debate nós vamos fazer, como disse, com o Ciro sendo o exemplo e a honradez como marca, né. É um homem que nunca teve um processo contra ele sobre a questão da honradez, eu acho que isso também vai contar na hora da opinião pública decidir.

PHA: E a Globo, presidente?

Lupi: A Globo é um braço do sistema financeiro. O sistema financeiro internacional é que nem um polvo: tem vários tentáculos. A Globo é um dos tentáculos do sistema financeiro. E nós vamos continuar como fez o Brizola - e pagou um preço muito caro por isso - questionando esse monopólio.

E achando, "nisso aí eu gostaria de copiar os americanos": nos EUA não existe rede de televisão, nem rede de rádio nacional. Cada estado tem a sua. Nós somos a favor desse princípio: democracia e que cada estado tenha autonomia de criar seus costumes, sua cultura, através das redes de televisão locais.

PHA: Me permita, presidente Lupi, mas... O senhor está formulando, então, uma política de comunicação para um governo Ciro?

Lupi: Não, eu estou debatendo com o amigo o que eu penso, né. Isso aí, para ser formulado como política de governo vai ter que ter um aprofundamento com ele e com os demais companheiros que vão fazer parte dessa mesa.