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Bolsonaro se isolou de forma patética

Presidente só atrapalha
publicado 18/03/2020
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Lembra o tempo em que era deputado: falava sozinho e ninguém ouvia (Crédito: Veja)

O editorial do jornal O Globo, nesta quarta-feira (18/III), cobra que o presidente Jair Bolsonaro cumpra o seu papel de chefe de estado diante a crise provocada pelo coronavírus.

Para a publicação, "com o avanço do coronavírus no Brasil, já previsto pelo seu próprio governo, Bolsonaro conseguiu ficar isolado no mundo de forma patética".

Abaixo, outros trechos:

"O presidente brasileiro entrou em modo persecutório — sem surpresa — e interpretou como 'golpe' a oportuna iniciativa de lideranças do Congresso — presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre — e dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, presidente e vice do Supremo, de se reunirem na segunda-feira. Também participou do encontro, entre outros, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dando uma pista do tema óbvio da reunião.

Já circulavam rumores de que o competente Mandetta caíra em desgraça perante o ex-capitão, porque, cumprindo a sua função, o ministro tem conversado com o governador de São Paulo, João Doria, adversário político do presidente. Ora, isso não pode ser motivo para o ministro da Saúde não se articular com o governador do maior estado brasileiro, com 44 milhões de habitantes, onde haverá o maior número de infectados do país em valores absolutos.

Os poderes da República precisam mesmo se articular no enfrentamento do coronavírus, sem contar com o presidente da República, se ele continuar em surto. Rodrigo Maia, Alcolumbre, Toffoli, Fux e outros agiram como se espera de autoridades com responsabilidade pública. Enviaram uma mensagem positiva ao país, ao se reunirem depois da demonstração de alheamento de Bolsonaro no domingo. Se há inépcia no Executivo, o Estado tem como defender a sociedade em momentos críticos."

Pacote econômico insuficiente

 Os principais jornais de São Paulo destacam o aspecto econômico da crise.

Para o Estadão, o conjunto de ações anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, "é tímido e revela um governo ainda hesitante."

"As medidas foram concluídas às pressas. No meio da tarde de segunda-feira continuava indefinido o horário de apresentação. O anúncio, afinal, quase coincidiu com uma entrevista de enorme repercussão do presidente americano, Donald Trump. Nessa entrevista ele admitiu o risco de uma recessão na maior economia do mundo. Seu obediente discípulo Jair Bolsonaro estaria disposto a classificá-lo também como histérico?

Quanto ao pacote, convém, para começar, fazer algumas qualificações. Em primeiro lugar, é um tanto exagerado falar de injeção de R$ 147,3 bilhões. Parte desse valor será apenas adiantada. É o caso da antecipação, para abril e maio, de parcelas do 13.º pagamento a aposentados e pensionistas. Isso corresponde a R$ 46 bilhões. Outros R$ 12,8 bilhões serão liberados com o pagamento, em junho, do abono salarial antes previsto para ser liquidado entre junho e dezembro", diz o Estadão.

Por fim, a Folha classifica como "insuficiente" o pacote de medidas.

"As medidas, como se vê, concentram-se no apoio momentâneo a idosos, os mais vulneráveis ao novo vírus, e à tentativa de preservação de empregos formais. O desafio maior, porém, é como amparar o enorme contingente de trabalhadores na informalidade e os estratos miseráveis da população.

São eles, afinal, os que correrão riscos mais graves durante os dias, semanas ou meses de paralisia de atividades. Há, pois, uma tragédia social a ser evitada —e, nesse caso, a política pública é imprescindível."