TV Afiada

Você está aqui: Página Inicial / TV Afiada / 2015 / 06 / 23 / Franklin: quem inventou o Brasil? Foi o povo!

Franklin: quem inventou o Brasil? Foi o povo!

Um sucesso: "bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar !" - sobre ... Vargas
publicado 23/06/2015
Comments

 

 

O jornalista Franklin Martins lançou nesta segunda-feira (22), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, às 19h, os volumes I e II da obra "Quem foi que inventou o Brasil ? - A música popular conta a história da República".

Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada, Franklin Martins explicou como nasceu a ideia e como foi feita o trabalho - que ele chama de reportagem -  para produzir a trilogia. A começar pela escolha do título, inspirado na marcha "História Do Brasil", de Lamartine Babo, na voz de Almirante.

"Eu acho essa música emblemática porque passa a ideia de que quem inventou o Brasil foi o povo brasileiro. Ou seja, foi seu Cabral. Foi Peri e Ceci, se referindo aos indígenas, e Ioiô e Iaiá, se referindo aos africanos. É a mistura disso tudo que inventou o Brasil", revelou Franklin. "Essa marcha tem um caráter de crônica política e musical".

O primeiro livro abrange o período entre 1902 e 1964. O segundo cobre a época da Ditadura, de 1964 a 1985. Ambos os períodos - e toda a República - são retratados por canções. "A música popular no Brasil tem a tradição de lidar com temas políticos e da atualidade. Não tem fato relevante na República, depois de 1910, que não tenha sido objeto de músicas no Brasil", descreveu o jornalista.

Franklin Martins, que foi Ministro da Secretaria de Comunicação Social do Governo Lula, considera que o Brasil soube cantar e criticar, com a marcha política, uma República que levou ao progresso e à inclusão social.

Na entrevista, Franklin justificou a escolha de algumas músicas e a ausência de outras, como "Mestre Sala dos Mares", de Aldir Blanc, na voz de Ellis Regina. "Eu adotei como critério colocar no livro só as músicas compostas no calor dos acontecimentos. Não é a visão do que vem mais tarde", disse o autor, para lembrar da canção "Os reclamantes", que descreve tem o pânico no Rio de Janeiro diante da ameaça dos marinheiros de João Cândido e dos bombardeios dos navios: no calor dos acontecimentos.

O jornalista ponderou a diferença cultural entre o Brasil e os outros países. "Em todos os países existem músicas sobre política. Mas, na maioria deles, as músicas são compostas em momentos especiais, como confrontações sociais, guerras civis e grandes greve. No Brasil, a tradição é diferente. Nossa música faz crônica musical sobre os fatos políticos. Isso é permanente", explicou.

Franklin ainda comentou a importância da música na mudança social que o Brasil passou no século passado. "A grande conquista desse período foi a construção da Democracia de massas, onde o povo passou a participar. Como dizia Darcy Ribeiro, nós temos um povo muito melhor que a nossa elite. E isso mostra: quem faz essas músicas não era elite, era o povo", pontuou.

PHA e ele conversaram sobre qual o melhor jingle político de todos os tempos - se "Eu vou Jangar" ou "Lula-lá".

Franklin elogiou também o "bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar", em cima da volta de Vargas ao poder, em 1950.

Franklin tratou do papel difusor do Centro Popular de Cultura da UNE, o CPC, que, em pouco mais de dois anos, teve uma produção cultural significativa e lançou as bases dos movimentos artísticos contra o regime militar que foram dar, por exemplo, no Teatro de Arena.

Os dois concordaram em que um dos pontos altos dessa produção do fim do Governo Jango foi a canção "Subdesenvolvido", de Carlinhos Lyra e Francisco de Assis.

Lyra e Vinicius de Moraes compuseram o "Hino da UNE", cujo refrão, mais tarde, renasceu nos movimentos de protesto contra os militares.

O amigo navegante pode acessar as mais de 1.100 músicas no site da obra: http://quemfoiqueinventouobrasil.com/

É um livro para ler e escutar.

E, aqui, no vídeo, para reencontrar o autor, que foi analista político na TV Globo e na Bandeirantes.

João de Andrade, editor do Conversa Afiada


Leia também:

Por que Franklin “não serve” para a comunicação oficial? Porque ouve o que o povo canta…