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Arrocho quer melhorar o Bolsa Família. É sério ?

Editorial tucano de 2004, intitulado “Bolsa Esmola”, criticou dura e diretamente o programa Bolsa Família.
publicado 29/05/2014
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De amigo navegante profundo conhecedor do Arrocho Neves e seu Espírito Santo de orelha:


Arrocho quer agora “melhorar” o Bolsa Família. Isso é sério?



Mas o passado mostra o que eles realmente pensam do programa, considerado pela ONU uma das mais bem sucedidas políticas públicas de transferência de renda do mundo

Em editorial publicado no site do PSDB, intitulado “Bolsa Esmola”, em setembro de 2004, os tucanos reproduzem uma crítica dura e direta ao programa Bolsa Família.

“Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador. (...) O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. (...) Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial”.

Na revista “Agenda 45”, editada pelo PSDB em novembro de 2005, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso critica o Bolsa Família, dizendo que o programa é insuficiente:

“Extirpar os bolsões de miséria, tanto nas grandes cidades como no interior do Brasil, exige outro tipo de medidas complementando as políticas universalizan-tes nos campos da educação e da saúde. As políticas de transferência de renda do tipo Bolsa Escola, agora rebatizada de Bolsa Família, dão um alívio imediato, mas também não são suficientes”.


Na mesma revista, a hoje senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) também atacou a “ausência” de foco do governo Lula nas políticas sociais.

“Quando falamos em política sociais nos referimos a uma saúde de qualidade e a uma educação que seja prioritária. Tratamento a ser dispensado, também, à assistência social. Constrange-nos saber que o governo Lula vai atingir a triste meta de 11 milhões de lares recebendo o Bolsa Família, quando o ideal seria criar 10 milhões de empregos, construindo, assim, uma sociedade autônoma e profissionalmente capaz”.

O então governador da Paraíba, hoje senador Cássio Cunha Lima (PSDB), também foi taxativo ao tratar da iniciativa petista.

“Os programas de bolsas não resolverão as dificuldades às quais os segmentos mais carentes estão submetidos. Esses problemas só deixarão de existir na medida em que for implantado, pelo governo federal, um projeto consistente, de longo prazo”.

A hoje senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), relatora do projeto de lei que altero o programa na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, apontou que o Bolsa Família é uma “iniciativa assistencialista de caráter meramente eleitoreiro”. Na revista Agenda 45, foi taxativa:

“Ao optar pela centralização dos programas, o governo cometeu um grave equívoco. Tão grande quanto apostar em projetos de natureza compensatória, uma estratégia destinada a tentar desconstruir a obra herdada do governo do PSDB para a área social. (...) o governo, com propósitos eleitorais, decidiu centralizar todos os 12 programas da Rede de Proteção Social no Bolsa Família, vendendo a ilusão de que dispunha de um programa original. (...) O que Lula ainda não compreendeu é que o governo Fernando Henrique criou um mecanismo complexo, que funcionava de maneira sincrônica. O objetivo não era distribuir dinheiro para as famílias absolutamente carentes. Dona Ruth Cardoso, com propriedade absoluta, estabeleceu que a preocupação da Rede de Proteção Social era assegurar os direitos individuais”.

O vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), em entrevista à revista IstoÉ, em dezembro de 2005, afirma que o programa é “eleitoreiro”.

“Eles [do PT] contam com a compra de votos via Bolsa Família, que se tornou apenas um programa assistencial. Dão o peixe, mas não ensinam a pescar. As famílias entram nesse sistema assistencialista sem perspectiva de sair. É quase condenar o cidadão a viver o resto da vida na dependência do Estado. Não há controle da criança na escola, como havia no programa Bolsa-Escola do governo FHC. O nosso governo dava condições para as pessoas aprenderem a pescar”.


Em dezembro de 2005, o deputado Bismarck Maia (PSDB-CE) sobe à tribuna da Câmara para acusar o governo Lula de utilizar o Bolsa Família para fazer “politicagem”.

“Infelizmente o Bolsa Família – que é a unificação de programas iniciados no governo Fernando Henrique – virou moeda de troca em períodos eleitorais. Não há nesta gestão o compromisso de manter a criança na escola. Hoje o programa se restringe a uma transferência de renda. (...) Ao contrário do que Lula diz, o programa se concentra em um assistencialismo simplista que não apresenta benefícios concretos. Em vez de aumentar o alcance do programa, como pretende o governo, o Executivo deveria melhorar sua eficácia. Do jeito que está, não passa de esmola”.

Em discurso no plenário do Senado, em junho de 2006, o então senador Arthur Virgílio Neto (AM), líder do PSDB no Senado, lista 14 “mentiras de Lula”. Sobre o Bolsa Família, tratar o programa como “esmola”.

“(O governo) limitou-se a distribuir dinheiro a fundo perdido, sem nenhuma exigência de contrapartida educacional, sem nada, quase que uma esmola eleitoreira.”

O senador Agripino Maia, então líder do PFL (atual Democratas) do Rio Grande do Norte, diz que o presidente Lula usa o programa Bolsa Família como maneira de obter apoio e voto dos cidadãos pobres, mas sem propiciar chance de independência, apontando a estratégia governamental de mantê-la como “eleitorado cativo”.

“Lula diz que governar para pobre não dá trabalho. Não dá quando se é populista. Quando os programas são sérios, dá trabalho, mas o resultado é recompensador. (...) O Executivo criou regras apenas para as famílias aderirem ao Bolsa Família, como a matrícula das crianças em instituições de ensino. No entanto, o programa não estabelece critérios para que as pessoas deixem de receber o benefício. (...) A porta de saída do Bolsa Família ainda é uma desafio que precisa ser encarado”.

Em 5 de março de 2008, o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, critica o que seriam distorções no Bolsa Família, tratando como denúncia o fato de beneficiários do Bolsa Família terem utilizado os recursos repassados pelo governo para comprar eletrodomésticos em vez de alimentos, como apontou o artigo de Ali Kamel, “Bolsa Família agora compra eletrodoméstico”, publicado em 4 de março, no Globo:

“Ninguém é contra isso (três refeições por dia). Mas programas assim devem ser transitórios, porque não garantem o futuro dos beneficiários. (...) Em vez de feijão, arroz e carne, o que tem sido comprado são geladeiras, microondas, lavadoras, liquidificadores, fornos elétricos, televisores e DVDs. (...) O governo Lula é absolutamente inepto e não cria portas de saída desses programas, tornando as pessoas dependentes a vida inteira. Esses programas sociais tiveram origem no governo Fernando Henrique Cardoso, mas todos os benefícios eram vinculados a certas condições. Hoje não ocorre isso”.


Em 2010, o então senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) critica a forma como o governo Lula vinha conduzindo o Bolsa Família e chama o programa de “grande enganação”.

“Vai acabar todo mundo no Bolsa Família e ninguém produz mais nada. Isso é uma grande enganação que está se plantando para o povo brasileiro e para o povo cearense. Nós temos que ter Bolsa Família sim, mas junto com educação de qualidade”.

Para o senador Agripino Maia (DEM-RN), a promessa de aumento do Bolsa Família pelo governo era “uma perversidade”. Segundo ele, fazer demagogia com isso é errado:

“Em tempo de eleição prometer aumento de bolsa família e não cumprir, só para tentar iludir o eleitor é uma perversidade. Mas o eleitor não vai cair nessa. Pode ate ter caído da primeira vez, mas da segunda não cai mais”.


Durante a campanha eleitoral de 2010, a mulher de Serra, a psicóloga Monica Serra, em visita à cidade de Curitiba, diz o que pensa sobre o Bolsa Família:

“As pessoas não querem mais trabalhar, não querem assinar carteira e estão ensinando isso para os filhos”.

É isso leitor. Eles querem que esqueçamos o que disseram? Eles realmente querem melhorar o Bolsa Família?



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