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Ciro: Eduardo, pra quê e por quê?

Marina é um risco para institucionalidade.
publicado 03/09/2013
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O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, foi o entrevistado dessa semana do “É Notícia”, programa de entrevistas de Kennedy Alencar, que vai ao ar aos domingo, na Rede TV.

Ao melhor estilo verborrágico, pelo qual ficou conhecido, Ciro fez uma análise franca e direta do quadro político de 2014.

Veterano na vida nacional, Ciro não poupou críticas aos planos eleitorais ao seu próprio partido, o PSB, que estuda lançar Eduardo Campos, governador de Pernambuco, como candidato da legenda em 2014.

Para Ciro Gomes, a candidatura de Campos ainda não parece algo “seguro”.

“É preciso responder à duas perguntas: para quê e por quê lançar candidatura?”, diz Ciro.

O ex-ministro lembra que, em 2010, o PSB tinha candidato, no caso ele: “eu aparecia em primeiro ou em segundo lugar nas pesquisas, inacreditavelmente, o partido abriu mão […] Agora, que o partido está no governo, vamos ter candidato? Por quê?”.

“A segunda é: pra que ser candidato? A população está de saco cheio com o que está acontecendo, mas ela não quer retroceder […] Qual é a proposta?”, completa.

Ciro lembra que Eduardo Campos é qualificado, mas que ''o Brasil não quer cevar um projeto pessoal de poder”.

Ele critica duramente a estratégia do PSB em se manter na base aliada enquanto gesta uma candidatura própria, “na hora em que ele [Campos] disser que a política econômica está errada, vão perguntar: e agora que você vem dizer isso? Na véspera da eleição?”

“O Eduardo tinha tudo para ser diferente, e fica com essa coisa pseudo-inteligente de: '14 eu trato em 14' […] Pra ganhar tempo? Ganhar tempo pra quê? Pra ficar roendo o osso do governo? Isso não é digno; isso não é alto; não parece ser simbólico de uma coisa grande (sic)”.

Sobre Marina Silva, Ciro aponta um “grave risco para o futuro do Brasil”, um risco que mora num certo “moralismo difuso”, desperto pelas manifestações de junho, e que Marina sintetiza mais do que os outros.

“... Ela [Marina] é quem aparece no simbólico, no superficial, como aquilo que é diferente de tudo o que está aí.”

“A Marina, em si, tem todas as virtudes: é decente; é brasileira; ama o povo. Mas daí pra frente existe um oco, um vazio doído”.

Para Ciro, esse ''moralismo difuso'', que vai de encontro com o anseio manifestado pela sociedade, é uma base frágil para manter um governo.

“Vamos falar sério aqui, por mais radical que se seja, de direita ou de esquerda, quem é que duvida da honestidade da presidente Dilma? Mas, e daí? Se a Marina deixar o povo votar nela achando que, ela chegando lá acaba a corrupção, ela cai, cai! Isso quase derrubou o Lula no escândalo do Mensalão.”

Ciro estende a ausência de proposta que caracteriza as agendas de Campos e Marina Silva aos demais candidatos de oposição, mas no caso do PSDB ele vê um risco eminente de retrocesso.

“O Brasil não quer ficar como está, mas não quer retroceder. Por quê entrar para coalizão PSDB? É com o mesmo valor do PSDB do Fernando Henrique, que substituiu um socialismo difuso, e maravilhoso, por um neoliberalismo tosco que arrebentou o País?”

Para Ciro, Aécio sofre ainda com o ''fogo amigo'', dentro do seu próprio partido, ''o Serra vai desgastá-lo, vai enfraquecê-lo, porque o Serra só pensa em si. Ele não tem o menor apreço pelo Brasil, e nem por ninguém.''

Ciro diz acreditar no ''volta Lula'', mas destaque que isso não é bom, ''nem para o Brasil, e muito menos para Lula”.

O ex-ministro aposta na reeleição de Dilma, mas ressalta que ela minimizaria os riscos de uma eventual derrota se fizesse o óbvio: uma reforma ministerial.

Para ele, Dilma tem que trocar “anteontem”, e tem de trocar o ''centro do governo''.

É com uma larga dose de ceticismo, e até com um pouco de amargura, que Ciro Gomes, com mais de 30 anos de vida pública, expõe seu diagnóstico político.

Sobre ele próprio, garante que não é candidato a nada em 2014 e que, embora isolado no partido, não pretende mudar de legenda.

Perguntado no fim da entrevista se tinha alguma frustração na vida, Ciro respondeu: “não ter sido presidente do Brasil.”

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Murilo Silva, editor do Conversa Afiada