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FHC quer ir à periferia. A periferia deixa entrar ?

Saiu no Estadão
publicado 24/10/2011
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Saiu no Estadão:

FHC cobra aproximação do PSDB paulista com a periferia para 2012

Em encontro público dos pré-candidatos à Prefeitura de SP, ex-presidente sugeriu estratégia para evitar distanciamento do eleitor

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou de seu partido, o PSDB, mais proximidade com os paulistanos no período de definição do candidato da legenda que vai disputar a eleição municipal de 2012. Neste sábado, 22, após participar do primeiro encontro público dos quatro pré-candidatos tucanos em uma universidade localizada em área nobre da cidade, FHC pediu que o partido realize mais eventos "na periferia e em áreas mais longínquas" da cidade. "Ou chegamos mais perto ou o fosso entre o homem público e a sociedade vai aumentar", justificou o ex-presidente.

Fernando Henrique foi o convidado especial do lançamento do portal "Sua Metrópole", espaço virtual colaborativo que vai concentrar discussões e propostas a serem aproveitadas na plataforma de governo do partido em 2012. "Acho que tem que chegar cada vez mais próximo, não só da periferia, mas de toda a cidade. O partido tem de estar em toda a cidade. Eu gostei disso aqui, foi um bom ponto de partida", avaliou o ex-presidente, após ouvir a exposição dos pré-candidatos sobre suas visões de "metrópole sustentável".

Os 38 minutos de exposição de FHC foram acompanhados pelos secretários estaduais Bruno Covas (Meio Ambiente), Andrea Matarazzo (Cultura), José Aníbal (Energia) e o deputado federal Ricardo Trípoli, pré-candidatos da sigla. Em seu discurso, Fernando Henrique disse que nas grandes metrópoles a população não quer apenas quantidade e acesso aos serviços, quer qualidade e atenção. "As pessoas querem mais do que ter números, querem saber o que (os prefeitos) vão fazer para que sintam que estão vivendo decentemente, querem saber se a qualidade de vida melhorou. Isso será uma demanda crescente nas cidades que já têm um mínimo de integração. E as pessoas vão exigir muito mais das prefeituras", avaliou.

O ex-presidente sugeriu que o futuro candidato do PSDB olhe a cidade e seus problemas com "carinho". "O que falta é ter carinho, ter atenção. Vão ter de continuar investindo em infraestrutura, como o Rodoanel e o Metrô, mas têm de ir além porque as pessoas querem mais e mais", afirmou. "Não é só fazer, é fazer decentemente, não roubar, ter transparência em suas decisões, prestar atenção na injustiça e na desigualdade e, portanto, ter carinho para com as pessoas", completou.

O primeiro encontro dos pré-candidatos não teve a presença do ex-governador José Serra e do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Segundo a direção do partido, os ausentes serão convidados nos próximos eventos, que também devem acontecer em universidades de outras regiões da cidade, como recomendou FHC. "O PSDB não está longe da periferia, pelo contrário. A nossa ideia é fazer este debate com a periferia", garantiu o presidente do diretório municipal, Julio Semeghini. Hoje, a reunião foi no Teatro Faap, em Higienópolis, apenas para tucanos e convidados da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). O público geral acompanhou o encontro pela internet.

 

Navalha

O evento populista dos tucanos realizou-se na FAAP, uma instituição privada de ensino, daquelas encantam os tucanos.

A FAAP fica entre Higienópolis e o Pacaembu.

É como se fosse entre a Quinta Avenida e a Park Avenue.

Fernando Henrique Cardoso mora a poucos quarteirões dali, num modesto apartamento comprado com o suor do trabalho (em conferências).

Ele e pelo menos um dos candidatos do PSDB à prefeitura de São Paulo.

Ali ao lado, se instalará uma estação de metrô, que a elite branca queria transferir para o Quinto dos Infernos.

Neste bairro não reside um único cidadão de Classe C.

Pobre só vai ali para trabalhar e gasta quase três horas por dia no trânsito para fazer o trajeto Higienopolis - periferia.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: para entrar na periferia, o PSDB poderia começar com uma simples decisão: revogar o ato do Padim Pade Cerra que expulsou o ENEM das universidades estaduais paulistas. Terá sido isso uma tentativa de boicotar o ENEM ? Ou de impedir que a banda larga para o pobre entrar na faculdade nao se instale na elite paulista ?