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Geografia do Planalto - II. Tony Palocci quer ser Golbery

Como se sabe, Tony Palocci trabalha dia e noite para derrubar o Mantega, mostrou a Carta Capital.
publicado 01/04/2011
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Como se sabe, Tony Palocci se ofereceu ao embaixador americano para defender a ALCA, aquela proposta do Bush que significava, segundo o Nunca Dantes no memorável discurso em Montevidéu, a submissão do Brasil aos Estados Unidos.

Como se sabe, Tony Palocci trabalha dia e noite para derrubar o Mantega, mostrou o Sergio Lírio, na Carta Capital.

Hoje, o Estadão, na pág. B3, em artigo assinado por quatro repórteres e nenhuma fonte citada – logo, amigo navegante, não leve muito a sério – diz que a “política monetária já opõe Palocci a Mantega”.

Num ponto, porém, o artigo – porque se trata de um artigo opinativo, uma espécie de post de internet – parece estar certo: “Politicamente, Palocci transita melhor do que Mantega em vários setores”.

É aí que reside o perigo, amigo navegante.

O Tony transita bem.

Com os banqueiros, então, ele não transita, ele desliza – foi o que demonstrou a reportagem da Carta.

Este ansioso blogueiro supôs que Tony não passasse de “chefe de gabinete” da Presidenta.

Ledo engano.

Aquele passarinho que pousou na janela do hotel em Brasília, e contou que o Nelson Johnbim quer ser o Armando Falcão, já que “transita” muito bem no Judiciário e na Globo, desenhou a Geografia do Planalto com a latitude e a longitude do Tony.

Tony, amigo navegante, é muito poderoso.

Muito mais do que um simples chefe de gabinete.

Ele se considera e se faz passar pelo Golbery (*) da Presidenta.

Ele assiste a 80% das reuniões da Presidenta com visitantes.

Eles se falam por telefone, por dia, umas três, quatro vezes.

Ele fica no andar de cima do gabinete presidencial, mas desce por um elevador ou uma escada privativa.

Ninguém sabe quando ele entra ou sai do gabinete.

E ele não fala.

Na frente dos outros.

No gabinete dele há uma romaria de empresários – especialmente do setor financeiro.

Lembra muito a que se formava na porta do Jorginho Murad, no Governo Sarney.

Tem mais banqueiro ali do que na FEBRABAN.

No Congresso, um senador da República disse a este ansioso blogueiro que já se percebe com facilidade: o Tony desliza no Congresso.

Com aquelas pantufas que o Bessinha cedeu a ele.

Desliza e ninguém se dá conta de quando chega e quando sai.

Este senador, porém, já percebeu um deslizamento que mete medo.

O amigo navegante se lembra daquela ideia sinistra do deputado José Mentor e do Senador Dulcídio Amaral, que pretendem fazer uma lavanderia ao contrário.

Pegar o dinheiro que os brasileiros lavaram no exterior e ajudá-los a deslavar na volta ao Brasil.

Será o perdão da lavagem.

E a alegria dos que investiram – ilegalmente – em fundos como os do passador de bola apanhado no ato de passar bola, o Daniel Dantas.

Uma farra !

Pois é, o Senador da conversa com este ansioso blogueiro já sentiu as pantufas do Tony a deslizar com o projeto da “deslavagem” debaixo do braço.

Precisa que o dólar se fortaleça um pouco.

Mas, a ideia está lá, conduzida pelo Golbery.

Perguntará o amigo navegante: mas, o que a Presidenta tem na cabeça para levar um Tony para posição tão destacada ?

Bem, a presidenta não se engana com o Tony.

Ela sabe, por exemplo, que o Tony é o Paul Krugman do Globo, e salvou a Globo da concordata.

O Tony pode ser a tartaruga que subiu na árvore.

Mas, pode ser também a tartaruga que caiu da árvore.

Com essa mania de ser o Super-Ministro da Fazenda.


Paulo Henrique Amorim


(*) Segundo historialistas brasileiros, Geisel é o “sacerdote” e Golbery, o “feiticeiro”. Um prolífico autor, Elio Gaspari, que usa muitos chapéus, é um desses historialistas. Dá impressão de que o “feiticeiro” é quem sabia das coisas, quem mandava na surdina, do andar de cima do gabinete presidencial. Porém, aos poucos se percebeu que o “feiticeiro” não mandava nada. Quem mandava era o alemão medíocre, autoritário, complacente com a tortura. Porque ele tinha a caneta na mão. Este Conversa Afiada interpreta essa fábula edificante do “sacerdote” e do “feiticeiro” como a tentativa de transformá-los em George Washington e Thomas Jefferson, no ato de fundar a Democracia brasileira.