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A arapuca do debate da Globo. O problema é a edição

Os debates na televisão brasileira são irrelevantes - para dizer pouco.
publicado 29/10/2010
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Os debates na televisão brasileira são irrelevantes - para dizer pouco.

E por que ?

Porque os partidos e os candidatos nao confiam na imprensa brasileira e não deixaram jornalistas fazer peguntas, com direito a follow-up.

Candidato não sabe fazer pergunta.

Candidato faz pergunta para responder ele mesmo, na volta.

Quem sabe fazer pergunta é jornalista isento, sério.

Desde que ele tenha o direito a fazer a pergunta seguinte à resposta.

Não adianta um jornalista perguntar sobre a maracutaia da concorrência do metrô de São Paulo e o Serra responder sobre Nossa Senhora da Aparecida.

O jornalista tem que ter o direito de ir para a réplica, o follow up: mas, pera ai, santinho do pau oco ... a pergunta era sobre a carta marcada da concorrência do metrô que o senhor administrou.

Hoje, no Brasil, realizou-se a proeza de tirar o jornalista do jornalismo.

Porque os jornalistas do PiG (*) não prestam.

Para evitar desgaste, os partidos e candidatos desidrataram o debate.

Sobra a edição do debate.

E aí a Globo é imbativel.

Numa boa mesa de edição, a Globo já mudou o rumo de duas eleições, a partir de debates.

O mais recente foi em 2006, quando o Ali kamel produziu sua "finest hour": levou a eleição para o segundo turno do Lula contra o Alckmin, ao mostrar o dinheiro dos aloprados e a cadeira do Lula vazia no debate da Globo.

Ele conseguiu passar a ideia de que o Lula tinha fugido do dinheiro dos aloprados.

Clique aqui para ler "O primeiro golpe já houve. Falta o segundo".

É bom não esquecer que o dinheiro dos aloprados nasce das ambulâncias superfaturadas no Ministério da Saúde do Serra, que tinha o Marcelo Lunus Itagiba e o Barjas Negri - gente finíssima.

E que, no segundo turno, o Alckmin teve menos votos do que no primeiro - uma das proezas do marqueteiro do Serra.

O outro debate que a Globo manipulou foi em 1989, quando Lula e Collor se enfrentaram na véspera da eleição do segundo turno.

Sem direito, como agora, a uma réplica no horário eleitoral gratuito.

(Como é que a Dilma foi cair nessa ?)

O Dr Roberto mandou editar o debate de forma muito precisa: tudo de bom do Collor e tudo de ruim do Lula.

E assim fez a Globo.

Logo em seguida ao resumo do debate - o ruim do Lula e o bom do Collor - , na histórica edição do jornal nacional, Alexandre Maluf Garcia leu um editorial em que dava a entender que votar no Collo significava preservar a jovem democracia de um sapo barbudo furioso.

Está na hora de se livrar do monopólio das pesquisas.

E da Globo.

No enterro do Néstor Kirchner, o presidente Lula podia trazer de volta no avião, para dar uma lida, uma cópia da Ley de Medios.

E ver o que Néstor e Cristina fizeram com o Clarín, que mandava na Argenina muitas vezes menos do que a Globo manda no Brasil.

Quando for melancolicamente para casa no dia 1º de novembro, Serra não descansará.

Montado na UDN de São Paulo e na garupa do PiG (*), Serra vai liderar a campanha do impeachment do Dilma.

A partir do dia 1º.

Seu grande aliado nessa eleição, um quadro que honra a campanha udenista, Roberto Jefferson, já avisou: vai jorrar sangue.

Se depender do Serra, a partir de 1º de novembro, jorrará muito sangue.

Ele será capaz de ir a Nápoles e ver como jorra sangue de San Genaro.

Serra travará uma Guerra "Santa" movida pelo ódio.

Ele não descansará.

Ate mandar a mulher para um convento em Lourdes.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.