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Moro conseguiu: quebrou a indústria naval

Brito, eles vão criar emprego em Cingapura!
publicado 27/07/2016
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Um dos últimos comícios da campanha do candidato Lula à Presidência, em 2001, foi num estaleiro em Angra dos Reis.

Viu o chão cheio de capim, máquinas enferrujadas, metalúrgicos desempregados e soube que o então presidente da Petrobrax, Francisco Gros - o mesmo que tentou transformar o BNDES num banco de investimentos, como aquele em que trabalhou, em Nova York, o Morgan Stanley -, o Gros tinha acabado de comprar uma plataforma em Cingapura, porque era 5% mais barata que a nacional.

Lula se comprometeu, ali, a cancelar a compra, assim que chegasse à Presidência.

Foi como renasceu a indústria naval brasileira, depois que o Príncipe da Privataria a arruinou.

Agora, quem a arruinou, como demonstra o Brito, foi o Moro, que já fechou a Odebrecht.

O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, no Tijolaço:

Os piratas da privataria afundam a indústria naval brasileira

Economia tem lá as suas complicações, é verdade.

Mas em boa parte do que se precisa entender, é como pensar em relação à sua própria casa, e não é à toa que a palavra economia é a soma das palavras gregas “oikos” (casa) e “nomos” (costume, lei) , as regras de administração da casa.

Se você precisa de um serviço que se oferta lá fora, mas tem um filho ou filha sem emprego, que pode realizá-lo – ainda que isso seja um pouco menos especializado e talvez ligeiramente mais caro – é obvio que você prefere contratá-lo para fazer. Mesmo um tantinho mais dispendioso, isso acaba economizando mais, porque você, ao dar-lhe trabalho, injeta – ou não deixa sair, totalmente – recursos na sua própria economia doméstica.

É o que acontecia com a indústria naval brasileira, com a política de conteúdo nacional e as encomendas de navios para a exploração do pré-sal.

Que, aliás, escapou, quase toda, dos escândalos da Lava Jato, pois as mutretas se davam era no afretamento de navios estrangeiros.

Hoje, em seu blog, o professor Roberto Moraes, desenha o quadro trágico da política recessiva, da paralisação da Petrobras e da ideia estapafúrdia de, na prática, revogar a política de exigir que, ao menos em parte, as embarcações e plataformas de petróleo fossem construídas no Brasil.

Antes da crise em 2013, o setor de indústria naval chegou a empregar 82 mil trabalhadores e agora eles são 48,5 mil empregos, de acordo com o Sinaval.
Além do ERJ, onde a indústria naval sempre foi forte com estaleiros no Rio, Niterói e Angra dos Reis, o avanço das encomendas, na fase de expansão da economia e do setor de petróleo – que mais demandava embarcações – avançou para outros estados.
Assim, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também montaram bases para a construção e montagem de embarcações. Outras bases nos estados do Espírito Santo, Bahia e Alagoas estavam sendo instaladas, quando foram atingidas pelo colapso do setor naval como desdobramento da crise no setor de petróleo e na Petrobras.
O município de Niterói talvez tenha sido um dos mais atingidos, por conta da quantidade de estaleiros ali instalados. Em 2014, os estaleiros do município empregavam cerca de 14,5 mil trabalhadores. Em 2015, 10 mil destes postos de trabalho já haviam sido perdidos. No início deste ano, cerca de mais 2 mil empregos foram suprimidos.
Hoje Niterói ainda possui 10 estaleiros com pouca gente e encomenda. O estaleiro norueguês Vard fechou junto com o semestre. A área arrendada voltada para a Baía de Guanabara já foi devolvida. Agora a empresa só mantém trabalho com a encomenda de outras embarcações, em sua unidade junto ao Porto de Suape, em Pernambuco.

Agora volta a pensar em sua casa, em seu prédio, em sua rua.

Como seria se metade das pessoas perdessem o emprego?

Em Niterói, e no Rio, onde vivo, mais de 80% dos trabalhadores da indústria naval estão nesta situação.

A última grande obra em andamento, a adaptação do navio plataforma Cidade de Saquarema zarpou para os campos do pré-sal, deixando apenas um terreno baldio no Estaleiro Brasa, onde foram montados seus módulos de convés. O velho estaleiro do Ishikawajima, que estava renascendo com seus navios gigantes – já foi o segundo maior estaleiro do mundo – está morrendo outra vez, com a carcaça gigante do P-74, que só precisa ser terminado para tirar 180 mil barris dos poços de Búzios, um campo quase tão grande como o de Libra.. Três navios de derivados leves balançam, desertos, embora quase prontos, diante do estaleiro Mauá.

Os ladrões da Petrobras gozam a vida em suas mansões, com passeios à Angra dos Reis, incomodados apenas levemente por suas tornozeleiras eletrônicas.

Mas os estaleiros e seus trabalhadores tem forca bem pior em seus pescoços. Estão sendo mortos, mortos pela segunda vez como foram nos anos 80 e início dos 90 e, teimosos, renasceram com Lula e o pré-sal.

Ou alguém acha que, entregue o pré-sal, a Chevron, a Shell, a BP, a Exxon e outras multinacionais vão fazer navios e plataformas aqui?

Os piratas da privataria vão é acabar de afundar os nossos navios: os em obras virarão carcaças e os planejados virarão tristeza, levando para o fundo milhares de brasileiros que os construíram e construiriam.