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Saturnino, o anti-petismo e o Golpe

Eles querem desmontar o regime de partilha e rachar os BRICS
publicado 02/03/2015
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O Conversa Afiada reproduz irretocável artigo do senador Saturnino Braga, que, recentemente, aqui, no Conversa Afiada, também defendeu a Petrobras com a bravura de quem foi nacionalista, sempre, ao longo de uma carreira politica exemplar.




ANTI-PETISMO E  GOLPISMO



O antipetismo, mesmo raivoso, enquanto posição política organizada democraticamente para se opor com dureza ao governo é inteiramente válido e faz parte do jogo da democracia. Quando avança, porém, além de certos limites e elege um presidente para a Câmara cuja atuação não condiz com o conceito de “ficha limpa”, só por ser um esperto antipestista; assim como, quando usa as redes sociais para convocar manifestações destinadas a forjar um impeachment da Presidenta recentemente reeleita, o antipetismo passa a atentar contra as instituições democráticas.

Quando usa a tática do combate à corrupção com o fim de atacar o governo e ganhar mais adesão política, o antipetismo está bem dentro dos limites do jogo e está mesmo servindo à Nação. Quando, em nome do combate à corrupção, agride ferozmente a Petrobras, com intenção claramente demolidora, está servindo a interesses não brasileiros que visam ao empoderamento do petróleo do pré-sal.

E o fato é que vai ficando cada vez mais claro que a sanha antipetista está de fato ultrapassando os limites democráticos e resvalando rapidamente para a fogueira do golpe. É claro que no atiçamento deste golpismo há uma articulação vinda de fora com o objetivo de derrubar a Presidenta que tomou decisões ousadas de autonomia brasileira: a da Lei do pré-sal, a da aliança efetiva com os BRICS e a de investir em sistemas nacionais de comunicação, autônomos em relação à espionagem de Washington. Ousadas e frontalmente contrárias aos interesses do grande capital.

A Petrobras já foi gravemente ferida. Mas não basta; é preciso derrubar o governo para mudar a Lei; e derrubar o governo para acabar com os BRICS. A Índia já foi conversada, Obama esteve lá no mês passado; a Rússia se desgasta pela guerra na Ucrânia; a África do Sul não conta muito; é preciso, sim, tirar o Brasil, que é um país estratégico, é um país sulamericano. E o Brasil tradicionalmente se tira com o golpe, militar ou judiciário. Já se comenta que foi instalada a “República de Curitiba”, autônoma em relação às leis brasileiras, parodiando a República do Galeão que derrubou Getúlio Vargas.

É este o quadro grave que temos pela frente. Ao qual se soma, Infelizmente, uma situação econômica frágil, que facilita a sabotagem, coisa que a CIA sabe fazer muito bem. O rebaixamento da Petrobras que corta o seu financiamento, a subida da inflação com Joaquim Levy e tudo.  E a greve dos caminhoneiros (que derrubou Allende) podem ser os primeiros atos desta sabotagem. Na Venezuela, que ousou mais, há mais tempo, o processo está bem mais avançado e é muito difícil para o governo resistir ao desfecho golpista.

Aqui ainda há forças confiáveis e robustas para a resistência: a Carta Maior, a Carta Capital, o Conversa Afiada, a liderança de Lula, a honradez de Dilma, a OAB, a ABI, o Clube de Engenharia, a CNBB, e a consciência política ainda viva na maioria do povo (já tão desgastada na Venezuela e na Argentina).

Não, no Brasil o golpe ainda não cresceu e não crescerá o bastante para vencer. Mas é decisivo o trabalho político de unir e articular todas as forças democráticas para desmoralizar o golpismo já atuante. A partir no próprio PT, que deve, sim, discutir o esforço fiscal mas não criar embaraços ao governo além dos já complicados que ele enfrenta.

Política é difícil, eu bem sei, requer maturidade, grandeza, coragem e discernimento. É o que se espera do PT neste grave momento.