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Carta: os rastros de Dantas nos mensalões (os 2)

“Essa via­gem à qual se dá uma importância muito gran­de está relacionada a outra questão, a outro es­quema que precede este que analisamos agora"
publicado 01/10/2012
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Saiu na Carta Capital:

REVISTA CARTA CAPITAL | A SEMANA

JUDICIÁRIO | SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 

Daniel Dantas vem à tona

“MENSALÃO" - Os rastros do banqueiro do Opportunity surgem no julgamento do STF

Eis que vem à baila o nome de Daniel Dantas a partir do voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento do pro­cesso do chamado “mensalão” Se­gundo a magistrada, Emerson Palmieri, então primeiro-secretário do PTB, via­jara a Portugal para garantir a realização do encontro de Marcos Valério, Rogério Tolentino e dele mesmo com representantes da Por­tugal Telecom. O ministro Ricardo Lewandowski pediu um aparte revelador. “Essa via­gem à qual se dá uma importância muito gran­de está relacionada a outra questão, a outro es­quema que precede este que analisamos agora. Envolve o Banco Opportunity e Daniel Dantas, e abasteceu outros mensalões anteriores em outras unidades da Federação”, disse o revisor.

Era uma referência aos mensalões tuca­nos, entre eles, o que abasteceu a campanha do PSDB para o governo de Minas Gerais em 1998. Anteriormente, o relator Joaquim Bar­bosa havia citado as acusações de Roberto Jefferson, segundo o qual representantes da Portugal Telecom estiveram no Brasil para um encontro com José Dirceu e Valério. O desencontro entre relator e revisor não é no­vidade. Novidade há, porém, no súbito surgimento em cena do banqueiro do Opportunity e de mensalões que precederam a denúncia de Jefferson em 2005.

Na quarta-feira 3, com o iní­cio da leitura dos votos relati­vos ao principal núcleo dos réus, parece claro que o relator conde­ne todos, como vem acontecendo até agora. Costumeiras as divergên­cias entre Barbosa e Lewandowski. Foi Mar­co Aurélio Mello quem saiu em defesa de Lewandowski e da instituição na terça 25. “O senhor tem de aguardar a manifestação de colegas”, disse Mello a Barbosa. E acrescen­tou: “Policie a sua linguagem”.

A afirmação do revisor quanto à falada via­gem a Lisboa coincide com a reportagem de capa de CartaCapitál na edição de 10 de agosto de 2005. Furo n’água, como de hábito, pois a mídia nativa fecha-se em copas quando Carta- Capital parte para a denúncia. À época, a re­portagem evidenciou os interesses do Grupo Opportunity no negócio. Uma das razões para que não tenha sido concluído é que Dantas pe­dira 300 milhões de dólares por fora, segundo executivos que participaram das conversas.

Valério viajou a Lisboa no momento em que outro interessado na venda, o Citibank, mos­trou divergências com o Opportunity em relação à participação dos fundos de pensão. A viagem de Valério está de fato envolta em mistério. É “esdrúxula”, como disse Barbosa e concordou Lewandowski. Mas a telefônica portuguesa confirmou, em nota, que os con­tatos com Valério aconteceram “no contexto da Portugal Telecom estar potencialmente interessada na aquisição da Telemig”.

Apesar do nervosismo de Barbosa, a di­vergência do revisor mais uma vez resultou em votos pró-absolvição de alguns réus. Ainda faltam ministros a votar, mas a maio­ria condenou Jefferson e outros oito acusa­dos por corrupção passiva. Houve, porém, divergências em relação às acusações de la­vagem de dinheiro e formação de quadrilha. Curiosamente, o ministro Gilmar Mendes absolveu seu conterrâneo de Mato Grosso, o deputado Pedro Henry (PP), de corrupção passiva. Foi o único a acompanhar o revisor.

Talvez tudo se oriente para penas come­didas, pela exclusão das acusações de lava­gem de dinheiro. •

Veja o Ministro Lewandowski no Supremo, ao tratar da imaculada figura.

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E Lewandowski leva Dantas ao Supremo. É assim que começa.