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CPI vai desmanchar o “espetáculo” da Globo

O ansioso blogueiro moderou debate entre Vladimir Safatle, Emir Sader e John Gray na Bienal do Livro de Brasília.
publicado 22/04/2012
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O ansioso blogueiro teve o grande prazer de moderar um debate entre Vladimir Safatle, Emir Sader e John Gray na Bienal do Livro de Brasília, na semana que passou.

Diante de uma plateia de 400 jovens, o ansioso blogueiro não perdeu a oportunidade de relembrar que a CPI da Veja e do Globo vai mostrar uma face até então oculta do PiG (*) brasileiro: a comunhão com o crime organizado.

Ou seja, a conexão Demóstenes, Cachoeira, Veja e Globo.

O ansioso blogueiro foi muito aplaudido – sem falsa modéstia – quando assegurou que a Globo transforma em Chanel # 5 o detrito sólido de maré baixa que a Veja expele.

John Gray, autor do clássico “O Falso Despertar”, que, em 1998, previu a falência do neolibelismo (**), lembrou, então, em Brasília, que, um dia, se encontrou com o principal executivo da empresa de televisão do Berlusconi na Itália.

Berlusconi estava no auge do poder.

E se sustentava no global alcance do controle da mídia italiana.

(Tinha tanto poder que botou a TV Montecarlo da Globo para correr da Itália.)

Gray perguntou ao executivo berlusconiano: o que que ele queria fazer com tanto poder ?

A resposta foi imediata: realizar a “sociedade do espetáculo” do Guy Debord.

“The Society of the Spectacle”, de 1967, do francês Debord, é a condenação mais impiedosa “de toda a vida nas sociedades em que prevalecem as modernas condições (neolibelês (**)) de produção e que se apresenta como a acumulação de 'espetáculos'.

“Espetáculos” que apresentam uma visão parcial da sociedade como se fosse um pseudo-mundo-à-parte em que o engano engana a si mesmo.

O “espetáculo” oferece uma concreta inversão da vida, como um movimento autônomo de não-vida.

En todas as suas manifestações específicas – no noticiário, na propaganda ou no próprio consumo do entretenimento – o “espetáculo” contém, reúne a vigente estrutura social.

O “espetáculo” cria um mundo em que a REALIDADE (ênfase do autor) vira de cabeça para baixo, em que a realidade é apenas um momento da mentira.

(O ansioso blogueiro fez uma tradução livre de trechos do primeiro capítulo de Debord, numa edição da Zone Books, de Nova York, do Capítulo I - “A Separação Perfeita”.)

Para voltar a Gray.

Gray pondera que o executivo berlusconiano vivia numa utopia.

A utopia de que seria possível transformar o “espetáculo“ em realidade, para sempre.

Em que a mentira do “espetáculo” eliminasse a realidade.

Berlusconi caiu de forma es-pe-ta-cu-lar !

Porque não é possível suprimir a realidade em que a indústria do “espetáculo” se sustenta e que pretende sustentar – foi a tese de Gray.

Para voltar ao ansioso blogueiro.

O “espetáculo“ da Globo berlusconiana também tem prazo de vencimento.

A mentira não pode suprimir a verdade por muito tempo.

A CPIdaG não pode mascarar a realidade dos governos tucanos atoladas até o pescoço no crime organizado.

A CPIdaG não pode salvar o pescoço do Robert(o) Civita.

Porque salvar o Robert(o) é o mesmo que salvar a própria Globo, já que ela transforma em Chanel # 5 o que o Robert(o) Civita expele.

A CPI da Veja e da Globo terá maioria do Governo e o relator será do PT.

Provavelmente aquele que o Lula recomendar.

Porque o Lula sabe que foi essa turma – Demóstenes, Cachoeira, Robert(o) e os filhos do Roberto Marinho (que não tem nome próprio) – que tentou derrubá-lo com o mensalão (que ainda está por provar-se, como diz o Mino).

O “espetáculo” na Itália se desmontou com um velho babão a correr atrás de prostitutas marroquinas.

Aqui, será mais grotesco.

O cheiro será pior.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.