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Escravidão, tortura, Satiagraha, Castelo de Areia. O Brasil destrói provas

O Ministro da Defesa acaba de confessar: “sumiram” as provas contra os torturadores do regime militar.
publicado 28/06/2011
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O Ministro da Defesa (de quem ?) acaba de confessar que acoberta crime hediondo: “sumiram” as provas contra os torturadores do regime militar.

Diz isso assim, em passant, numa conversinha com jornalistas para se jactar do fato de que conseguiu fazer com que a Lei do Sigilo não alcance os militares.

Daqui a pouco ele pode dizer, assim, em passant, que a Eunice Paiva, viúva do sequestrado Rubens Paiva (*), é quem tem a temer pela Lei do Sigilo.

Nada mais brasileiro.

Protógenes Queiroz e Fausto de De Sanctis sofrem mais processos que o Maníaco do Parque.

O notável (para quem ?) Ruy Barbosa queimou os arquivos da Escravidão.

O Superior Tribunal de Justiça (sic) sepultou a Operação Castelo de Areia, que incriminava empresários da Camargo Corrêa e políticos como Aloysio 300 mil, porque, a certa altura, e de forma redundante, a Polícia – com autorização do Juiz Fausto De Sanctis – se valeu de uma denúncia anônima.

Denúncia anônima serve para prender pedófilo e marido que bate em mulher – mas, mas não serve para investigar rico – nem senador do PSDB de São Paulo.

O mesmo Superior Tribunal de Justiça, sob a batuta de um juiz que emprega o filho no escritório do passador de bola apanhado no ato de passar bola, o notável Dr Macabu, sepultou a Satiagraha do Daniel Dantas.

Usou um argumento fajuto: o ínclito delegado Protógenes Queiroz – à falta dos quadros funcionais que lhe retirou o Dr Corrêa, aquele que até hoje não achou o áudio do grampo -  usou funcionários da ABIN para checar endereço e colar selo em carta.

Quer dizer que, se um bombeiro estiver passando na rua na hora em que um alguém atentar contra a vida de outro, o bombeiro não poderá intervir.

Porque o acusado sempre dirá no STJ que função de bombeiro é apagar fogo e, não, salvar vidas.

O Tribunal Federal de São Paulo sepultou a Operação Chacal que flagrou Daniel Dantas e assemelhados na atividade de grampear até ministros de Estado para ganhar dinheiro.

(Além de jornalistas, como este ansioso blogueiro.)

Claro, Dantas é a Lei.

E, por coincidência, as decisões de uma desembargadora de São Paulo se casavam com uma luva com os argumentos dos advogados de Dantas.

Invariavelmente.

Uma coincidência notável.

Qual a surpresa, amigo navegante ?

Torturadores do regime militar.

Negreiros.

Executivos da Camargo Corrêa.

Daniel Dantas e assemelhados.

A destruição de provas é tão brasileira quanto goiabada com queijo.

Em tempo: como demonstrou a Cynara na Carta, esse pessoal não perde por esperar a Primavera Potiguar.

Em tempo 2: "O Brasil é o único país em que a tortura aumentou depois da ditadura", diz Vladimir Safatle, que também trata do papel dos ricos e dos pobres numa reforma tributária.



Paulo Henrique Amorim


(*) Recomenda-se a leitura de “Segredo de Estado – o desaparecimento de Rubens Paiva”, de Jason Tércio, editora Objetiva, Rio, 2011.