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Conselho da ONU: Brasil esperava até menos do Obama

No fundo, a declaração de Obama em favor da Índia não é muito diferente do que disse em relação ao Brasil.
publicado 22/03/2011
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O programa Entrevista Record que vai ao ar hoje às 21h15, na RecordNews, mostrará uma entrevista que este ansioso blogueiro fez com o professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos de política externa da presidenta Dilma Rousseff e do Nunca Dantes.

O Brasil esperava mais do que "a manifestação de apreço" do Obama ao pleito de ter um assento permanente no Conselho de Segurança ?

Esperava até menos, disse Garcia.

Mas, no fundo, a declaração dele em favor da candidatura da Índia não é muito diferente do que disse em relação ao Brasil.

É pouca coisa a mais.

Porém, é importante situar a resposta do Obama em dois campos, diz Garcia.

Primeiro, como enfatizou no Chile, Obama considera que a América do Sul é uma nova região estratégica na Economia e na busca da Paz.

É uma área sem bomba atômica.

(Embora este ansioso blogueiro seja a favor da bomba brasileira.)

A Índia, porém, está no centro de uma região nuclearizada - Paquistão, China, Rússia.

A leve ênfase a favor da Índia tem a ver com isso.

Além do mais, o Conselho de Segurança da ONU trata, especificamente, da "segurança coletiva".

E é por isso que o Brasil se considera qualificado para integrá-lo de forma permanente.

Este ansioso blogueiro perguntou se a viagem de Obama - além do aspecto simbólico, político - era sobre o pré-sal.

Garcia entende que é natural que os Estados Unidos se interessem por um fornecimento regular do Brasil - um país democrático, onde há segurança jurídica.

Este ansioso blogueiro perguntou se a decisão da presidenta Dilma de reclamar uma cessação imediata dos bombardeios à Líbia era uma crítica a Obama - já que a nota oficial saiu no dia seguinte à partida de Obama para o Chile.

Não, respondeu Garcia, a nota de ontem faz parte da politica que o Barsuil anunciou no Conselho de Segurança da ONU, ao lado da China, da Russia, da India e da Alemanha: abstenção, ou seja, não apoiou os bombardeios.

Garcia enfatiza que os bombardeios como substituto da negociação diplomática podem abrir um precedente gravíssimo.

Ele se pergunta: e aí, vão sair por aí a bombardear o Bahrein, o Iemen, onde há sublevação, também ?

Onde isso pode parar ? Em sucessivos massacres de populações civis ?

Por fim, perguntei por que o presidente Nunca Dantes não aceitou o convite para almoçar com o Obama.

Garcia, que trabalhou com o Nunca Dantes desde antes da eleição para Presidente, disse que não sabe e nem perguntou ontem, num telefonema entre os dois.

Perguntei se não era por que o Obama tirou o tapete do Brasil e da Turquia na negociação com o Irã - clique aqui para ler "Irã - o motivo por que o Nunca Dantes não foi ao almoço".

Garcia respondeu que, de fato, Obama tinha enviado uma carta com os termos de um acordo com Irã que estava disposto a aceitar; que o Brasil e a Turquia conseguiram que o Irã concordasse com aqueles termos; e, depois o Obama foi para a ONU exigir sanções.

Ignorou o acordo conseguido em Teerã.

O Brasil, sim, ficou decepcionado com os Estados Unidos, mas ficou também com a França e a Inglaterra.

Além da decepção com a Russia e a China - embora a Russia e a China tenham dito ao Brasil que as sanções não os impediriam de vender um mísero produto ao Irã.

E, como se vê, hoje, um ano depois, as sanções não adiantaram de nada.

E o acordo que o Obama rasgou poderia ter sido útil.

É da vida.

Este ansioso blogueiro se comprometeu a perguntar ao Nunca Dantes por que ele não foi almoço.

Quando souber, conta ao professor Garcia.


Paulo Henrique Amorim