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O Jardim Romano ou o Minhocão? O que a elite de São Paulo fez de melhor?

publicado 15/05/2010
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Qual o portão de Brandemburgo de São Paulo ?

A Brooklyn Bridge ?

O Corcovado ?

O Panteon de Adriano ?

Qual o conjunto arquitetônico que inscreverá São Paulo na História da Arquitetura Ocidental ?

Como diz o meu cunhado, a elite branca de São Paulo foi incapaz de construir uma igreja, uma Sé.

Os apressados dirão que a obra-síntese da voracidade selvática dos paulistanos é o Minhocão.

O Minhocão do Maluf, o Adriano de São Paulo.

O Conversa Afiada já propôs o tombamento do Paço dos Reis, um monstrengo que fica entre uma favela e o Palácio do Governo de São Paulo.

Seria uma homenagem a Gilberto Freyre – um símbolo da iniquidade a que os pobres da cidade são submetidos.

O Conversa Afiada, porém, de uns tempos a essa parte, convenceu-se de que o Jardim Romano é o que a elite de São Paulo e os tucanos deixarão como legado arquitetônico.

Sabe-se, por exemplo, que o José Serra, na melhor fase de sua carreira – quando se chamava de Zé Alagão – esteve lá (de helicóptero).

Quando uma líder do Jardim Romano - eu a conheci – o interpelou, ele foi embora (de helicóptero).

(Ele tem um problema com mulheres que fazem perguntas. Deve preferir as que se calam.)

O Jardim Romano ficou 40 dias alagado.

Um prefeito – quem será ? O Serra, o Kassab ? – autorizou a construção de um conjunto habitacional em cima d’água.

Agora, segundo o testemunho insuspeito do Estadão - outro legado de São Paulo à Kultur Ocidental – página C3, os expulsos do Jardim Romano tentam criar um bairro para morar (e não conseguem).

Eles recebem do Serra uma bolsa aluguel de R$ 300 e, com isso, não tem o que alugar.

Leve-se em conta que a maioria dos favelados de São Paulo é composta de nordestinos.

E que a maioria deles não vota em São Paulo.

É uma das obras-primas da arquitetura social dos tucanos – o desaparecimento das minorias.

A propósito, recomendo enfaticamente o artigo de Maria Rita Khel, na página D18 do Estadão, em que ela diz, com propriedade, que, de cima, São Paulo parece uma cidade bombardeada.

Ou um lager nazista, segundo o pintor alemão Anselm Keiffer.

 

Paulo Henrique Amorim