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Palocci não foi ilegal. Foi imoral

O problema do Palocci não é a Lei (brasileira). O problema é a Moral
publicado 25/05/2011
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O Nunca Dantes foi a Brasília blindar o Palocci.

Com a devida licença, Presidente, o problema do Palocci não é a ilegalidade, mas a imoralidade.

Vamos supor que a biografia do Tony fosse imaculada.

Que ele não tivesse entregue o Francenildo, na bandeja, ao filho do  Roberto Marinho.

Vamos esquecer das ervilhas e dos tomates de Ribeirão.

E do advogado de Daniel Dantas que ele manteve na CVM e, expirado o mandato, o substituiu pelo advogado do advogado de Dantas.

Vamos fazer de conta que a pedra do Palocci está limpa.

É possível que ele se tenha pautado dentro da "legalidade".

O Supremo o absolveu, não foi ?

O Supremo deu fuga ao Dr. Abdelmassih.

Deu dois HCs Canguru em 48 horas ao passador de bola apanhado no ato de passar bola.

Quantos políticos poderosos o Supremo já condenou ?

Três, quatro ?

A Satiagraha respira por um balão de oxigênio instalado no Superior Trubunal de Justica e, se depender do relator, o Dr. Macabu - clique aqui para ler " Petição pelo impeachment de Gilmar parece um BO" - desaparecerá na mesma lata de lixo em que se depositou a Castelo de Areia.

Presidente Lula, no Brasil rico não vai preso.

A recente jurisprudência do STJ indica que rico, como o empresário do ramo imobiliário Tony Palocci, não será sequer investigado.

Tudo o que o Tony Paloci fizer ou tenha feito, será com certeza legal.

Quem, de bom senso, pode discordar do notável jurisconsulto Sepúlveda Pertence, que, numa Comissão dita de Ética, na prática, absolveu o Palocci !

O Pertence, presidente  Lula, o Pertence !

O Palocci, ao comprar um único apartamento de R$ 6 milhões, se tornou inimputável, como a minha neta de um mês.

Ele "chegou lá".

Ele chegou à Classe AAA, na pirâmide do IBOPE.

O problema do Palocci não é a Lei (brasileira).

Insistir no julgamento da Lei é uma estratégia correta: Palocci é por definição inocente (no Brasil).

O problema é a Moral.

Presidente Lula, experimente ir ao jogo do Corinthians.

Sente com a galera e pergunte ao companheiro ao seu lado "e o Palocci, hein, companheiro ?"

Ele vai cair na gargalhada, como caiu o Rui, meu companheiro e peão no estúdio da Record.

Sabe o que ele disse, Presidente ?

"É, meu, quem não tem os amigos do Palocci tem mesmo é que ir para o Feirão da Caixa".

Ninguém mais leva o Palocci a sério, Presidente.

Ele é tratado com aquele sorriso maroto, condescendente, tão brasileiro: é, esse se deu bem !

Não adianta o PiG (*) blindar o Palocci.

Mais do que ninguém, o senhor sabe que o PiG não engana mais ninguém - e não ganha eleição.

O problema do Palocci está acima da Lei.

Ele rasgou a Moral.

A Moral que se rege por um imperativo que está dentro de nós.

Todo brasileiro sabe o que prescreve a Moral da vida pública.

Não precisa o Supremo ou o Superior tribunal dizerem qual é.

Presidente, não jogue o seu capital moral no patrimônio do Palocci.

O senhor ouviu falar no "Boca de Ouro" ?, aquele personagem do Nelson Rodrigues ?

O Boca era um bicheiro que mandou trocar todos os dentes por ouro.

Pense no Jece Valadão no papel do Boca.

O Boca/Jece abatia todas as mulheres de Madureira.

E se gabava de jamais, jamais, ter sido apanhado num flagrante de adultério.

Ele dizia assim:

A mulher pode ta nuinha na minha cama , ao meu lado, que eu nego. Tem que negar !

Presidente Lula, tudo o que o Boca poderia querer na vida era a sua credibilidade.

E jamais conseguiria.

Ele jamais foi apanhado num flagrante.

Mas a boca era de ouro.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.